Obama anuncia cortes nos EUA e visita ao Brasil

Obama discursa nesta terça-feira (25) no Congresso americano. (Foto: Molly Riley / Reuters)

O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu cortes e uma “reorganização” do governo federal, em seu discurso anual ao Congresso americano na noite desta terça-feira (25).

Mas ele pediu a aliados e opositores cautela, com temor de que os cortes possam prejudicar a retomada econômica do país em crise. Segundo ele, os legisladores devem, na hora de decidir sobre os cortes, usar um bisturi, e não um machado.

No início do pronunciamento, Obama fez referência à necessidade de união entre os dois partidos políticos predominantes no país, o Democrata e o Republicano. “Sabemos das diferenças que tivemos nos últimos anos. Nós temos que trabalhar juntos amanhã, no futuro”, disse o conciliador Obama.

O discurso ocorre em um novo cenário parlamentar, depois da derrota democrata nas eleições do ano passado, em que a oposição republicana retomou controle da Câmara de Representantes, mudando o jogo de forças do governo do democrata.

Brasil em março
Obama aproveitou a fala para anunciar a primeira visita dele ao Brasil, que ocorrerá em março deste ano. A viagem, segundo Obama, servirá para criar novas alianças para o progresso nas Américas.

Reorganização do estado
“Nos próximos meses, meu governo vai elaborar uma proposta para fundir, consolidar e reorganizar o governo federal”, disse Obama.

A redução do déficit público é uma das metas mais delicadas para os próximos anos de governo, disse Obama.

Para isso, segundo o presidente, será preciso cortar salários de empregados federais, e até mesmo corte em gastos domésticos por cinco anos. “Precisamos diminuir o gasto excessivo onde quer que seja”, pontuou, acrescentando que a medida reduziria o déficit em mais de US$ 400 bilhões na próxima década.

“Nos próximos meses, meu governo vai elaborar uma proposta para fundir, consolidar e reorganizar o governo federal”, afirmou Obama.

Ele também prometeu “lançar luz sobre algumas reentrâncias internas”dos corredores do poder de Washington.

Obama também prometeu reduzir os impostos sobre as empresas americanas, que ele qualificou como “uma das maiores taxas do mundo”.

Hoje, peço a democratas e republicanos para simplificar o sistema. Livrar-se das brechas. Padronizar as regras. E usar as economias para diminuir a taxa de imposto corporativo pela primeira vez em 25 anos – sem aumentar o nosso déficit”, disse.

“Este é o momento Sputnik da nossa geração”, disse o mandatário, estabelecendo uma analogia com o lançamento do satélite soviético, que apressou o desenvolvimento do programa espacial americano.

“Depois de termos investido mais e melhor em pesquisa e em educação, não só ultrapassamos os soviéticos como deslanchamos uma onda de inovação responsável pela criação de novas indústrias e milhões de novos empregos.”

Coreia do Norte e Irã
Obama também pediu à Coreia do Norte que desista de ter um arsenal nuclear e elogiou a pressão das potências mundiais sobre o Irã por conta de seu programa atômico.

O presidente abordou sem detalhes as tensões com os dois países.

“Na península coreana, estamos com o nosso aliado Coreia do Sul, e insistimos que a Coreia do Norte mantenha o seu compromisso de abandonar as armas nucleares”, disse.

Em relação ao Irã, ele disse que o regime enfrenta “sanções mais duras e mais apertadas do que nunca”.

A Coreia do Norte, que já testou duas bombas nucleares, no ano passado bombardeou uma área civil da Coreia do Sul e foi acusada de torpedear uma corveta, em ações que demonstraram as crescentes tensões na península dividida.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus têm liderado os esforços para aumentar as sanções contra o Irã sobre seu programa nuclear, que Teerã argumenta ser para fins pacíficos, mas que o Ocidente suspeita que seja destinado à produção de armas nucleares.

Afeganistão
Obama renovou a promessa de iniciar a retirada das tropas americanas do Afeganistão em julho, embora tenha alertado sobre a “dura luta pela frente” na guerra de nove anos.

Em seu discurso sobre o Estado da União, Obama disse que as forças americanas estavam deixando o Iraque, como o planejado, enquanto as tropas lideradas pelos EUA no Afeganistão pressionam os insurgentes talibãs.

Parentes choram vítimas de ataque suicida próximo a Spin Boldak, no Afeganistão, em 7 de janeiro (Foto: AP)

Reforma migratória
Obama também disse que os EUA devem resolver “de uma vez por todas” o problema da imigração ilegal e pediu um esforço bipartidário em direção a uma reforma migratória.

“Estou preparado para trabalhar com republicanos e democratas para proteger nossas fronteiras, fazer com que as leis sejam cumpridas e nos ocuparmos dos milhões de trabalhadores ilegais que atualmente vivem nas sombras”, disse Obama.

O presidente se comprometeu a fazer uma reforma migratória integral, que abra caminho para formalizar a situação dos onze milhões de imigrantes ilegais que vivem no país, a maior parte deles hispânicos, mas seus esforços não tiveram sucesso no Congresso.

Obama defendeu a necessidade de garantir que milhares de estudantes excedentes que não são cidadãos americanos possam ficar no país, em referência a um projeto de lei de reforma migratória parcial, chamado de Dream Act.

O projeto, que abria caminho para legalizar centenas de milhares de jovens ilegais nos Estados Unidos se entrassem na universidade ou no Exército, não conseguiu ser aprovado em dezembro no Congresso americano. Parlamentares afirmaram que voltarão a tentar sua aprovação.

“Alguns são filhos de trabalhadores ilegais, que não tiveram nada a ver com os atos de seus pais. Cresceram como americanos, juram fidelidade à nossa bandeira e, no entanto, vivem todos os dias sob a ameaça de deportação”, disse Obama. “Outros vêm do exterior para estudar em nossas instituições superiores e universidades. Mas assim que obtêm seu título, os enviamos de volta ao seu país para competirem contra nós. Não tem nenhum sentido.”

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