O Crime compensa?

O STF tem uma batata quente nas mãos. Terá que julgar a necessidade de reparação por dano moral que teria sido submetido a tratamento desumano e degradante, por conta da superlotação carcerária. Para o relator da matéria, ministro Aires de Brito, “essa é uma questão constitucional e ultrapassa os interesses das partes e é relevante sob os pontos de vista econômico, político, social e jurídico”.

Se a onda pega e pelo jeito vai pegar, o governo, ou discute a superlotação carcerária, ou terá que se deparar com uma avalanche de demandas por dados morais, aos encarcerados.

Como via de regra, os presídios estão sempre lotados, haja grana pra indenização. Quanto vale uma ação por danos morais a um seqüestrador, estuprador, traficante, que tanto mau fizeram à sociedade. Os presidiários já têm prerrogativas de custeio para os seus filhos. Se o apenado for agricultor, o caminho é benefício do INSS, até o fim da pena.

Pelo visto, quem se dispõe a se submeter à pena, por já possuir má índole, acaba concluindo que o crime compensa. É a inversão de valores, a reboque do crime. O cidadão honesto e pagador de impostos assiste a tudo, sem nada poder fazer.

Há duas décadas, um homem que cumpriu sua pena no hoje desativado presídio São José, no centro de Belém, ao ver a porta aberta para a liberdade, preferiu pedir ao diretor do presídio, para ser mantido “preso”, com algumas regalias é claro.

Quando foi perguntado a ele sobre a sua atitude no mínimo estranha, ele respondeu sem titubear, que no presídio ele tinha casa comida, e não se sentia capaz de enfrentar a competição como quem estava fora, batalhando para de forma justa sustentar a sua família. Nada contra tratamento humanizado aos presos O olhar crítico, é ver que um trabalhador honesto, acaba financiando tudo, sem ter pra quem reclamar.

Da Redação