SERMUS VULGARES

Foi daí que surgiram as línguas neolatinas como: o galeto, o italiano, o romeno, o francês, o espanhol, e o nosso português que era a língua falada na região do Lácio, onde hoje é Portugal. “o sermus urbanus” era falado pelas pessoas, sem quase nenhuma formação, sem quase nenhum estudo, como: colonos, piratas, marinheiros, o que a esses se poderia chamar de a plebe rude e ignária.

Trazida pelos navegadores e colonos, principalmente, recebemos “a última flor do Lácio”, também falada pelos nobres, e os filhos das primeiras famílias que já haviam progredido economicamente, e foram mandados estudar nas universidades européias, as preferidas  pelos brasileiros eram as de Coimbra, a de Paris e a de Londres.

Aqui, na colônia, depois Vice Reino, depois Império, República, até os dias atuais a língua portuguesa se expandiu, pela extensão territorial do nosso País, surgindo, assim, várias variantes linguísticas, como, também, os diversos regionalismos e idioletos. Todos respeitados como fala natural do povo. Não como gramática, no caso específico da estudada, no hoje chamado ensino regular e médio.

A gramática normativa, onde se “ensina as normas da boa fala e da boa escrita da Língua Portuguesa”. É Esta gramática que é a exigida da pessoa que pelo menos tenham concluído o segundo grau. E é esta gramática a que é pedida em concursos diversos, como o vestibular, por exemplo.

Por muitas gerações, a preocupação dos autores dos livros didáticos, usados nas aulas de língua portuguesa, assim como, a de professores comprometidos com a melhor formação dos alunos indicavam-lhes as variantes como exemplo das diversas falas, mostrando as suas existências. Portanto, suas existências estavam condicionadas, somente num contexto lingüístico, mas não dizendo, afirmando que era o correto. 

É o que está acontecendo com o livro “Para Viver melhor”, da coleção “Viver, aprender”, da editora Global, cuja autora Professora Heloísa Ramos diz que: “a concordância é uma questão de escolha. Dizer “nós pega o peixe” ou “nós pegamos o peixe” dá no mesmo. E na avaliação do MEC “os meninos” ou “o menino” são duas formas “adequadas” de expressão.

Dizer que é correto, que está correto é querer formar cidadãos conhecedores de um novo estrato lingüístico, que não é a norma culta e padrão da língua portuguesa. É dar origem a uma nova língua, dentro da língua mãe, sendo que esta nova seria uma derivada do “sermus urbanus”, logo, um retrocesso lingüístico. Se o tal livro fosse uma obra lingüística, tudo bem. Mas não o é.  E não se pode aceitar que a linguagem oral se sobreponha a linguagem escrita, e que não tenha mais “certo” ou “errado”, mas sim o “adequado”.

E o pior que o ministro “trapalhão” da desiducação Fernandon Haddad, este mesmo que ainda não conseguiu realizar nenhum ENEN sem as suas “baboseiras” técnicas e de vazamentos, com as despesas para o contribuinte pagar e não “pegar nada”, não se manifesta. Mas isso já é sabido que no MEC pretendem dar legalidade ao “Lulês”, o falar do ex-Presidente com erros grosseiros de português. Assim usava a língua, sem mérito, porque a utilizava para fazer política e seus assessores e “puxa sacos”, riam, achando engraçado e de ele estava abafando, desdenhando a norma culta do português.

O que estarão pensando os meus ex-professores de língua portuguesa, com os quais muito aprendi e que pelo que muito lhes agradeço, desde Raquel e Judith Davina Santos, Maria do Céu Cunha, Gersonita Imbiriba Carneiro, Olindo Neves, irmã Angélica, América Mota, Luís Euclides de Araújo, dessa atitude do Ministro em insistir na distribuição do Material para as escolas Públicas?

Quanto a mim, a persistir essa atitude medíocre do MEC, após trinta anos de magistério de Língua Portuguesa, tenho que pedir perdão aos meus ex-alunos, que tive desde alfabetização de adultos, supletivo, primeiro e segundo graus, cursinho pré-vestibular, curso superior, em especial, no Curso de Letras, pela exigência em se conhecer a língua padrão, a norma culta, para que o domínio da língua escrita fosse se consolidando na maneira de como se escreve (boas redações) e fosse mudando a estrutura da fala.

Espero que a Presidenta desta República tome a mesma atitude que tomou com relação ao Kit contra a homofobia, disfarçado como se fosse para educação sexual, que ensina até quantos centímetros de língua deveria se expor por ocasião de um beijo na boca. Retirou das escolas por estarem inadequados. Retirem-se os livros, também, por serem inadequados.

Encerro com a manifestação da Procuradora Federal Janice Asscari, em sua peça jurídica contra a distribuição dos livros, nas escolas, diz: “estão desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir”. E completo: para lembrar o maior poeta do Parnasianismo brasileiro Olavo Bilac numa tentativa de Salvar a “última Flor do Lácio, inculta e bela/ És a um tempo, esplendor e sepultura;/ ouro nativo que na ganga impura/ a bruta mina entre os cascalhos vela… Amo-te assim desconhecida e obscura/ Tuba de alto clangor, lira singela, //Que tens o tom e o silvo da procela/ E arrola da saudade e da ternura!//Amo-te o teu viço agreste e o teu aroma,/De virgens e de oceano largo! /Amo-te, ó rude e doloroso idioma, / em que voz materna ouvi : “meu filho”,/E em Camões chorou, no exílio amargo, / o gênio sem ventura e o amor sem brilho”.. 

Por: Eduardo Fonseca

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