APRUSAN quer ampliação e modernização do Complexo Mercadão 2000
Quem vê as feiras de Santarém abastecidas, não sabe nem de longe as dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais do Município. A conta que não fecha, é conciliar o aumento da produção com comercialização dos produtos, com preços compatíveis.
A falta de conservação das vicinais, a falta de incentivos e assistência técnica, escoamento da produção, perda dos produtos durante o transporte e regularização fundiária, são apenas alguns aspectos dos gargalos enfrentados pelos 1.500 associados da Associação dos Produtores Rurais de Santarém (APRUSAN).
A metralhadora giratória faz duras críticas ao Estado e Município, pela falta de assistência. As dificuldades começam desde a preparação do solo, com a falta de uma patrulha mecanizada. A liberação de documentos se reflete na morosidade no processo de reforma agrária.
Falta de modernização dos espaços físicos que incluem expositores (bancas e estrados), curso de manipulação de alimentos, desratização.
O Complexo do Mercadão 2000, pela sua magnitude e importância como principal ponto de comercialização, aguarda há anos.
Um relatório encaminhado pela APRUSAN, ao Ministério Público Estadual, relata o drama vivido pelos produtores. No relatório a entidade estranha que “os mutirões de higienização coordenados pela APRUSAN, conjuntamente com o grupo de trabalho, não contam com a colaboração da SEMAB e do Administrador do Complexo”. A denúncia relata que a limpeza não é eficaz porque “a infestação de roedores volta, pois os vizinhos da área não fazem nenhuma ação no mesmo sentido”.
Uma das denúncias mais graves do relatório, aponta para uma perda de “mais de duas mil toneladas de alimentos in natura nas feiras livres”. Os dados foram levantados pela EMATER local, cujos desperdícios são atribuídos à “falta de estrutura adequada de transporte, acondicionamento, armazenamento e exposição inadequada dos produtos”.
A agricultura familiar responde por 80% de tudo o que se consome no Brasil. Os prejuízos amargados com essa perda comprometem em média 30% dos produtos. O agravante dos números dos desperdícios, segundo o relatório, ficam por conta “da cultura local de serem tocados, apalpados e até amassados pelos consumidores para teste de amadurecimento”
O maior índice de contaminação fica por conta da farinha de mandioca.
Ao final do relatório, a entidade propõe a ampliação e modernização do Complexo Mercadão 2000, e demais feiras e mercados da cidade. Outra sugestão como solução para os maiores problemas apontados, é a criação de um entreposto, nos moldes da CEASA.
A central de abastecimento, segundo apontam, evitaria o desperdício, aumentariam os níveis de qualidade e quantidade dos produtos ofertados, e refletiriam no custo final ao consumidor.
O relatório é assinado pelo presidente da APRUSAN, João Dalmácio Rodrigues Neto, e referendado por toda a diretoria e associados.
O documento é resultado de reunião com a maioria dos produtores, inclusive com a presença da promotora de justiça Maria Raimunda da Silva Tavares.
O presidente da entidade entende que a Promotora tem elementos suficientes para cobrar tanto da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento como da Secretaria de Produção Familiar, para que juntas possam dar solução para as demandas apresentadas.
Por: Carlos Cruz