Defensoria nega proteção a líder quilombola ameaçado

José Humberto mostra marcas da violência que sofreu e quer proteção

Um atentado contra a vida de um líder quilombola poderia ter graves conseqüências, não fosse o fato dele ter contado com sua sorte para poder sobreviver, pois se fosse depender da Polícia ou da Justiça, com certeza estaria neste momento comendo grama pela raiz. Foi o que aconteceu com o líder quilombola José Humberto da Cruz, morador na Rua São Tomé, 130, no bairro Pérola do Maicá, que no sábado, às 16:30 horas, foi atacado quando descia do ônibus que faz linha para o bairro Área Verde.

Contou José Humberto que, ao descer em uma rua localizada entre os bairros Área Verde e Pérola do Maicá, encontrou dois motociclistas que estavam à sua espera, em frente a Mercearia Paraíso.  Convidado para seguir com eles e sem desconfiar que fazia parte de uma trama que poderia lhe custar a vida, o líder quilombola pegou carona em uma das motos, supostamente para resolver assuntos referentes a invasão de um terreno. Para sua surpresa, foi levado para uma casa abandonada, onde segundo conta, os dois elementos queriam que José Humberto assinasse um documento, com quatro folhas, relacionado a negócios com terras da região.

O terreno em questão, uma área de invasão, fica localizado em frente ao Colégio César Ramalheiro, no bairro Área Verde. Fato é que o líder quilombola, segundo afirmou, foi obrigado a cheirar um pano ensopado com uma substância com odor muito forte. “Devido ao cheiro forte, eu desmaiei. Pode ser que eu tenha assinado o documento, porque não me lembro de nada”, disse José Humberto.

A volta dos bandidos – José Humberto disse, em depoimento na Seccional de Polícia Civil, que acordou por volta das 22:30 horas do mesmo dia, sábado, na casa abandonada. “Não me lembro o que aconteceu comigo, se as marcas na minha costa foram agressão ou então feitas quando eu caí desmaiado”, tentou explicar o líder quilombola. Humberto disse que Levantou e foi para sua casa. Para sua surpresa, altas horas da noite foi surpreendido com homens que tentavam invadir sua casa. “Foi uma noite terrível, até a Polícia Militar foi chamada. Já na madrugada de domingo aconteceu o maior quebra-quebra”, disse Humberto. “Quebraram fios de energia elétrica, lâmpadas, nós ficamos na maior escuridão”, falou.

O líder descendente dos quilombolas ressaltou que soube através de seu filho José de Jesus, 17 anos, que os mesmos elementos que o atacaram, um alto com tatuagem no braço e outro moreno claro, que trabalham como mototaxistas clandestinos, dias antes estiveram em sua casa, à sua procura. “Um deles é invasor da área que fica localizada em frente ao Colégio César Ramalheiro, na Área Verde”, reconheceu José Humberto.

O líder quilombola acredita que a razão de todo esse problema é o Incra, “que deveria estar fazendo um trabalho na área, mas ainda não começou a fazer”. Muita gente está preocupada com o documento da terra, que alguns querem que seja individual, enquanto José Humberto e outros descendentes preferem que o documento seja da Associação que congrega remanescentes quilombolas. “A maior culpa é do Incra”, denunciou José Humberto.

Providências que não chegam – Na redação do jornal O Impacto, José Humberto criticou a atitude do Incra e de outras entidades ligadas à segurança pública: “Avisei o Incra, Polícia Militar, Polícia Federal, pedi escolta ao Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual, mas o pedido foi recusado”. José Humberto mostrou o documento em que pede ao Ministério Público Federal que inclua seu nome e de seus familiares no Programa Estadual de Proteção a Defensores de Direitos Humanos. Nem escolta, muito menos o pedido de proteção ao líder comunitário ameaçado de morte, foi levado a sério.

O pedido do Procurador da República, Dr. Marcel Brugnera Mesquita, parece que não foi levado a sério pelo Defensor Público, Dr. Márcio da Silva Cruz, que simplesmente indeferiu o pedido, em 09 de maio de 2011. “Eu estou sendo seguido há vários dias. Todo dia chega carro desconhecido na porta da minha casa e da sede da Associação. Estou com medo”, falou. Conclusão: enquanto o Defensor Público Márcio da Silva Cruz engaveta o pedido, finge desconhecer o risco de morte que passa José Humberto. Resta rezar para que não aconteça o pior com o líder quilombola e seus familiares.

Por: Carlos Cruz

Um comentário em “Defensoria nega proteção a líder quilombola ameaçado

  • 31 de janeiro de 2013 em 00:30
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    Este e um Pilantra que esta vendedo terreno dos outros e o maior 171 do Maica

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