Parasita transforma o medo de ratos por gatos em atração sexual
Quando ele parasita ratos, ele torna os roedores ainda mais destemidos, reduzindo o medo que eles sentem por gatos. Quando os animais infectados estão próximos da urina de gato, eles não se afastam, e até se sentem atraídos.
Uma nova pesquisa pretendeu descobrir se os ratos infectados não sentiam repulsa a urina dos felinos pela simples falta de medo ou se eram atraídos por ela por algum motivo. A curiosa resposta é que os roedores são atraídos sexualmente pelo odor da urina felina. Quando eles sentem o cheiro da urina, vias de atração sexual são ativadas no cérebro, estimulando os animais a permanecerem no local próximo a seus predadores.
Ponto para o Toxoplasma gondii, que só consegue se reproduzir sexualmente no interior do intestino dos gatos – apesar de poder infectar muitos outros mamíferos, incluindo os humanos. Como os ratos infectados se tornam iscas mais fáceis para os gatos, eles são devorados e o parasita pode voltar a se reproduzir.
Pesquisadores analisaram cérebros de ratos infectados pelo Toxoplasma e observaram uma atividade incomum. Em ratos expostos a urina do gato, as vias cerebrais responsáveis pelo medo ainda mostraram sinais de atividade. Mas, mesmo com temor, áreas de atração sexual também foram ativadas.
Isso porque, curiosamente, o parasita se instala preferencialmente nas áreas límbicas do cérebro, perto das regiões que controlam o medo e o desejo sexual.
Cerca de 30% das pessoas no mundo estão infectadas com o T. gondii, principalmente através da ingestão de carne mal cozida ou pelo contato com fezes de gato. Em humanos saudáveis, o parasita costuma não causar problemas. As mulheres grávidas, entretanto, são aconselhadas a ficar longe das caixas de gato, porque o T. gondii pode atravessar a placenta e matar um feto em desenvolvimento.
A infecção do Toxoplasma também aumenta os níveis cerebrais do neurotransmissor dopamina. Pesquisadores descobriram que o parasita tem um gene que codifica uma enzima crucial para a produção de dopamina, sugerindo que os níveis desses neurotransmissores alterados são a forma que o T. gondii usa para controlar o cérebro.
A dopamina elevada é um dos fatores da esquizofrenia, o que levanta a hipótese de que o T. gondii desempenha um papel na gênese dessa doença mental. Estudos demonstram que pessoas com esquizofrenia também são mais suscetíveis a serem infectadas pelos parasitas – apesar de ainda não existirem provas de que ele é o causador da doença.
O próximo passo é entender mais profundamente o modo como o T. gondii se comporta no cérebro.
Fonte: hypescience.com