Odemar Pinto: “Rosinaldo do Vale deve renunciar ao cargo‏”

Odemar Pinto

Diante das informações divulgadas, no começo da semana, sobre as ações na justiça contra o São Raimundo, O IMPACTO procurou o Assessor Jurídico do clube, Dr. Odemar Pinto, para saber a profundidade dos fatos. Ele reconheceu que o clube está mergulhado em débitos e que somente com a destituição do presidente licenciado será possível entrar com as ações para que Rosivaldo “pague ao clube, os danos que causou”. Pediu, também, que o presidente renuncie. Odemar confirmou alguns débitos, mas disse que contestou a maioria, por considerar cobranças improcedentes. Acusou Sandicley Montes de ter sacado, indevidamente, a quantia de R$ 15.000,00, no dia 03 de novembro passado, data esta em que não teria mais autonomia para fazer saques. Odemar confirmou, também, que foi dada como garantia de uma ação uma das torres de iluminação do Panterão para que o clube pudesse contestar o débito. Acompanhe a entrevista:

JORNAL O IMPACTO: Que riscos reais o São Raimundo corre neste momento de perder seu patrimônio?

Dr. Odemar Pinto: No São Raimundo existem pendências judiciais de ações trabalhistas. Nós fizemos acordos pra pagar parcelados de R$ 2.500 por mês aos 3 jogadores que recorreram à Justiça. Foram 28 parcelas para o Renato Medeiros, 22 para o Leandro Guerreiro e 20 para o Fernandinho. O resultado total do acordo foi de R$ 170.000,00 e nós estamos cumprindo. No mês de outubro, houve um “atrapalho” em razão de cheques emitidos pela então gestão licenciada, que pegou a gente de surpresa. Nós contávamos com o patrocínio do Banco do Estado para fazer o pagamento dessas parcelas de outubro. Pra nossa surpresa, foi compensado um cheque de R$ 10.000,00, que estava sem provisão de fundos. E como foram apresentados esses cheques, para que o clube não fosse penalizado de alguma forma, tivemos que fazer esse pagamento que nos deixou, aqui em Santarém, em uma situação difícil.

JORNAL O IMPACTO: Uma das torres de iluminação teria sido colocada como garantia para uma ação protocolada pelo cartola Sérgio Morales?

Dr. Odemar Pinto: Ele está cobrando do São Raimundo a importância de R$ 43.000,00 e mais uma fração que eu não me recordo agora. O São Raimundo mostrou, através de documentação, que foi feito o pagamento, principalmente de um cheque no valor de R$ 32.500,00 em nome de Morales Soccer Representações Ltda, relativo ao acordo firmado na pré-temporada do clube no Rio de Janeiro. Nós depositamos mais R$ 10.000,00, na conta da esposa do Sérgio, que seria necessário pra pagar um cheque no valor de R$ 4.000,00, e o restante foi pra pagar algumas despesas extras que totalizavam o valor do segundo depósito. Como para entrar com o embargo nós tínhamos que entrar com um bem em garantia, e diante de uma avaliação com que os demais membros do clube fizeram, decidimos dar como garantia uma das torres que está avaliada em R$ 120.000,00, para poder fazer a defesa do clube. Nós avaliamos, na época, que seria uma parceria ótima. Infelizmente a situação só piorou depois que nós começamos a dispensar os jogadores desse escritório. Ele (Morales) começou a se aborrecer e como nós não tínhamos solicitado o cheque, ele apresentou esse cheque.

JORNAL O IMPACTO: O São Raimundo reconhece a postulação de credores sobre valores relativos a débitos do clube que chegam à cifra de R$ 1.784.000,00?

Dr. Odemar Pinto: O São Raimundo tem algumas ações dos senhores Dinevaldo Lira Rego e Sebastião Acelino, que tramitam na Justiça Cível, por quebra de contrato, segundo o entendimento deles, pela construção do palco do Panterão. Nessa petição, eles cobram do São Raimundo R$ 746.791,00. No nosso entendimento, como advogado do clube, nós não vemos a possibilidade desse valor. Até a olho nu, mesmo quem não entende de construção sabe que um palco como aquele não leva essa importância em dinheiro. O São Raimundo apresentou defesa e está aguardando manifestação da parte contrária.

JORNAL O IMPACTO: Quais as outras ações que teriam contribuído para uma soma tão elevada de débitos?

Dr. Odemar Pinto: Tem mais uma ação na 5ª Vara, que foi movida pela CERPA, também por quebra de contrato. O São Raimundo realizava festas e um dia eu fui lá e vi o conjunto tocando, os garçons escorados, e de público não tinha nada. Diante disso, nós vimos que não era mais negócio fazer as promoções e paramos. A CERPA entendeu isso como quebra de contrato no valor de R$ 119.160,00. Tem mais uma ação que eu acabei descobrindo no site do Tribunal de Justiça do Estado, da senhora Amanda Gisele Matos, que cobra indenização de R$ 109.000,00 por danos morais. Como o clube ainda não foi notificado, eu só sei por informações, que ela teria se ferido na mão, e por isso está cobrando esse valor. Nesse evento, o São Raimundo havia alugado o clube para uma promoção de terceiros e nós estamos tranquilos, pois havia contrato. Nesse caso, a responsabilidade, nós entendemos, que é da empresa e não do clube. São postulações  como essas, que são apresentadas, mas isso não significa dizer que o São Raimundo está obrigado a pagar esses valores. Tudo foi contestado, dentro daquilo que o direito determina.

JORNAL O IMPACTO: Quem é responsável pela situação em que o São Raimundo se encontra, mergulhado em dívidas?

Dr. Odemar Pinto: Eu tenho o cuidado de não apontar o dedo pra ninguém, porque nesse momento têm 4 dedos apontados pra mim, mas eu posso dizer que houve falta de zelo pelo patrimônio alheio. O São Raimundo não pertence a “A” ou “B”, mas a uma torcida, ao município de Santarém, e também ao Brasil. Um clube que é conhecido como campeão da série D.

JORNAL O IMPACTO: Acontece nesta sexta-feira uma reunião com o Conselho Deliberativo. O que será tratado de tão importante para o São Raimundo?

Dr. Odemar Pinto: É bom que se diga que essa reunião foi convocada pelo segundo secretário do Conselho Deliberativo. O presidente do Conselho, Silvio Tadeu, se recusou a fazer a convocação para a prestação de contas do presidente licenciado Rosinaldo do Vale, de 2007 a 02 de agosto de 2011. Como o vice-presidente Antônio Pereira e o primeiro secretário Davi Natanael estão com problemas de saúde, o segundo secretário Antônio Marcelino de Sousa foi quem fez a convocação, tudo baseado no artigo 516 do estatuto do clube. A solicitação foi feita pelo conselho fiscal.

JORNAL O IMPACTO: Houve omissão ou conivência de algum membro do Conselho Deliberativo e Fiscal, diante da situação que se desenhou há alguns meses?

Dr. Odemar Pinto: Os problemas vieram à tona com esse pedido de licença do Rosinaldo. Isso coincidiu com o início do campeonato brasileiro e, na ocasião, nós tivemos que controlar situações, pedindo calma dos jogadores diante do clima de instabilidade. Daí pra frente nós entendemos que se não tomássemos providências a situação ficaria pior. Foi quando veio à tona toda essa avalanche de débitos. Vem surgindo, inclusive, situações como cheques sem provisão de fundos por conta do saque feito pelo senhor Sandicley Monte, no dia 03 de novembro, no valor de R$ 15.000,00, depositados pelo Banco do Estado. Mas, respondendo a sua pergunta, diria que 95% dos membros dos conselhos, não sabiam o que estava acontecendo de fato.

JORNAL O IMPACTO: O senhor Sandicley tem autonomia pra sacar cheques?

Dr. Odemar Pinto: Segundo as informações que temos da Federação, ele ainda é o representante do São Raimundo. Diante dessa situação, na reunião da segunda-feira passada, nós decidimos que mandaremos um ofício, confirmando aquilo que já fizemos anteriormente, identificando expressamente a lista dos representantes do São Raimundo perante a Federação Paraense de Futebol. Mas eu estou confiante no resultado da reunião desta sexta-feira. Se nós não conseguirmos o resultado, eu como sócio, como torcedor, como abnegado e como advogado do clube, volto pro meu escritório e deixo o São Raimundo seguir sua vida.

JORNAL O IMPACTO: Diante da situação que se apresenta, o que o senhor diria para o presidente licenciado Rosinaldo do Vale?

Dr. Odemar Pinto: Que renuncie cargo e deixe o São Raimundo seguir sua vida.

JORNAL O IMPACTO: Que respaldo o Conselho tem para destituir um presidente?

Dr. Odemar Pinto: O artigo 20 do estatuto do clube dá autonomia ao Conselho Deliberativo para eleger e destituir qualquer membro da sua diretoria, caso haja comportamento que não se coadune com o previsto na norma estatutária. Nós precisamos, primeiramente, definir a situação da diretoria. Nós não podemos interpelar judicialmente contra quem está no comando. Só depois, ele (Rosinaldo) será acionado para que pague ao clube os danos que causou.

JORNAL O IMPACTO: O que o senhor diria ao torcedor do Pantera que assiste a tudo sem nada poder fazer?

Dr. Odemar Pinto: É preciso traçar um plano para decidir o que fazer com cada situação. As questões trabalhistas já estão definidas. Na Justiça Comum, ainda não está definido, mas se a Justiça confirmar que o clube não deve, nós podemos entrar com uma ação por litigância de má fé contra cada um que colocou o São Raimundo na Justiça. Eu gostaria, nesta oportunidade, de agradecer à imprensa pelo apoio que tem dado e que divulgue, também, as coisas boas do São Raimundo. Nós acreditamos que é possível resgatar a imagem do clube diante da torcida, que merece todo o nosso respeito.

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Odemar Pinto: “Rosinaldo do Vale deve renunciar ao cargo‏”

  • 9 de novembro de 2011 em 14:31
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    Onde vai parar o meu querido São Raimundo esse time não pode parar.

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