Vendedor se protege atrás de grades
O papel se inverte na sociedade. O cidadão de bem atrás das grades tenta fugir da violência que, na opinião dele, cresceu nos últimos quatro meses em Santarém (PA). “Fui assaltado três vezes no meu comércio, no mês passado. Na primeira semana duas vezes e na semana seguinte a terceira vez. Os assaltantes sempre chegavam em uma moto e entravam de capacete ou de boné. Pediam o produto ou anunciavam logo o assalto. Dois assaltos foram no início da noite e o terceiro pela manhã. Santarém ficou muito violenta. No início do ano podíamos ficar até tarde da noite sentados aqui na frente do meu comércio conversando e atendendo os clientes. Agora, nem pensar. Não vejo segurança. Agora, para tentar sobreviver só atendo os clientes através da grade”, lamentou o comerciante Vicente de Franca.
Através de informações pelos diferentes meios de comunicação, o comerciante diz ficar temeroso a cada dia com as constantes abordagens dos assaltantes. Nem quer imaginar a sensação de passar horas como refém na mira de bandidos. “Fico muito nervoso só de pensar a pressão que aquela empregada doméstica sofreu ficando como refém, na casa do professor Aldo Queiroz. Graças a Deus que os assaltantes não fizeram nada com ela e a Polícia chegou logo. Nesse finalzinho de ano o medo só cresce”, denuncia o comerciante. Vicente de Franca menciona o assalto ocorrido na última sexta-feira, dia 23. Quando a empregada doméstica foi mantida como refém de homens que pretendiam assaltar a residência. O fato ocorreu, na Rua Rosa Vermelha, no bairro Aeroporto Velho. Um dos assaltantes era fugitivo do Centro de Recuperação Silvio Hall de Moura e foi liberado no dias dos Pais e não retornou.
Procura por segurança é muito grande: Devido a crescente ação dos assaltos, principalmente em residências e empresas, a procura por segurança eletrônica ganha mais adeptos. O empresário Richard Pereira, disse que a procura é proporcional tanto por proprietários de empresas como de residências. Há 13 anos no mercado local, nesse ano a procura desses mecanismos teve um aumento considerado. “As pessoas que procuram a proteção eletrônica estão vindo porque foram assaltadas ou porque tiveram alguém na família que passaram por esse tipo de violência. Entre uma casa com proteção com cerca elétrica, câmera, alarme e monitoramento 24 horas, as escolhidas para o assalto são as residências que não têm proteção alguma. Geralmente os indivíduos de má índole procuram as residências isoladas”, informou Richard Pereira.
Polícia Civil diz que denúncias são investigadas: Para o diretor interino da 16ª Seccional de Polícia Civil, Luís Guilherme Feio, as ocorrências de assaltos são preocupantes devido ao número de pessoas detidas pela atuação ilícita nas ruas. “As ocorrências relevantes nesse final de semana, quatro foram de crime de roubos. E todas estão sendo investigadas ao cargo dos delegados que estavam de plantão nesta data. É claro que existe uma preocupação da Polícia Civil em acompanhar esses registros e determinar a imediata investigação. Mas, nossa preocupação maior é pelo número de indivíduos egressos da Penitenciária que receberam permissão para passar o Natal com a família. Na minha opinião, representam um perigo potencial para a sociedade. Algumas autoridades informam que não há problema em liberar alguns detentos considerados perigosos. E ocorrem assaltos com envolvimento de egressos da Penitenciária. A exemplo do caso ocorrido na sexta-feira (23) na tentativa de assalto, onde a empregada doméstica foi mantida como refém. No entanto, a Polícia de imediato foi acionada e agiu, impedindo a ação dos dois indivíduos. Foram presos em flagrante delito. Um deles recebeu a permissão no dias dos pais e não retornou. Na semana passada 86 indivíduos receberam a permissão de saída para festejar o Natal com suas famílias.
Em relação ao efetivo da Polícia Civil, fala da dificuldade em manter o quadro funcional de plantonista e nesse período festivo “é feita uma escala padrão para que possa viabilizar um atendimento razoável à população, tendo em vista que nós temos um déficit de pessoal muito grande e apenas um escrivão de plantão no final de semana. E quando recebemos um reforço é de um assistente administrativo para auxiliar as atividades.
3º BPM reforçou efetivo para combater crimes: O comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar, Tenente/Coronel Anthenor Nascimento, confirma o empenho de toda Corporação para manter a ordem nas ruas. Mas alguns casos são inevitáveis. “Os assaltos sempre vão ocorrer. Infelizmente quem dera se pudéssemos estar em vários lugares ao mesmo tempo. Mesmo que pese a boa vontade de distribuirmos e aumentarmos o nosso contingente nas ruas. Eu procurei ao máximo tirar as pessoas das seções administrativas e aumentei em 15% o nosso efetivo. Uma faixa de 30 militares dessas seções somaram aos 350 policiais militares nas ruas. Sacrifica um pouco a nossa escala, mas é recompensável. Admiro muito a minha tropa porque não apresenta resistência ou faz reclamação da escala. E estamos conseguindo prender muitos desses elementos que estão causando esse constrangimento à população que precisa muito da segurança, principalmente nas áreas periféricas. Nós aumentamos os números de viaturas nas ruas, algumas estavam com problemas. Aumentamos o efetivo nas viaturas. As ações conjuntas com a Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal e outras instituições de segurança estão possibilitando maiores apreensões. A população está ajudando muito denunciando essas ações”, declarou o Comandante do 3º BPM.
Por: Alciane Ayres
Concordo o comerciante, perdemos a liberdade. Agora para sobrevivermos a essa avalanche de violência. Temso que ficar que nem passarinho, na gaiola.