Faltam doadores de órgãos no Pará

Central de captação luta para convencer doadores e famílias que perdem parentes, mas ainda enfrenta resistência e falta de doadores
Central de captação luta para convencer doadores e famílias que perdem parentes, mas ainda enfrenta resistência e falta de doadores

Aproximadamente 1.600 pessoas estão à espera de um transplante de órgão no Pará. Mais da metade deste número – exatos 50,72% – são de pacientes que aguardam uma nova córnea.
Um dado que revela que o Estado ainda está longe de eliminar a fila de transplantes deste tipo de órgão, ao contrário do Rio Grande Norte e Santa Catarina, que zeraram a fila para o transplante de córnea. De acordo com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Estado do Pará (CNCDO/PA), o maior desafio para mudar este cenário é conseguir doadores, principalmente de rim. O Pará realiza, até então, apenas os transplantes de rim e córnea, mas até o final deste ano deve começar a fazer também de fígado e coração.
Atualmente, existem nove equipes de transplantes de córnea em todo o território paraense e apenas uma para o transplante de rim, este feito somente no Hospital Ophir Loyola. O transplante de rim é o que mais preocupa a coordenadora do CNCDO, Ana Beltrão, pois atualmente possui 167 pacientes ativos para receber o órgão, contra 619 pacientes em situação inativa, ou seja, que ainda não concluíram os exames pré-operatórios ou que precisam atualizá-los. “Até o início do mês passado foram feitos 51 transplantes de rim. Em 2011, foram 54 procedimentos”, enumera a coordenadora. Uma das justificativas para essa diferença é a dificuldade de conseguir doadores compatíveis.
Das 809 pessoas que esperam pelo transplante de córnea, 278 estão em situação inativa. Ana Beltrão ressalta que o cenário deverá mudar, pois no último mês foram realizados diversos procedimentos, que ainda não entraram para as estatísticas de transplantes. “Em dezembro, tivemos muitas doações e acredito que em breve teremos um panorama bem melhor”, ressaltou.
Em 2011, foram realizados 253 transplantes de córnea e até novembro de 2012 o número era de 263 procedimentos realizados. “Vários Estados brasileiros já eliminaram a fila de espera para transplante de córnea e a gente também luta para zerar a nossa”, frisou a coordenadora.
Ela aponta que a resistência por parte da família é a maior dificuldade para conseguir novos doadores. Eles hesitam em concordar com a doação quando são informados de que o processo de captação do órgão ou tecido doado pode durar até 24 horas – quando se trata de doador morto. No transplante intervivo (doador vivo), o medo ainda é com a parte estética do corpo.
Um transplante de rim, por exemplo, paga à equipe médica que faz o procedimento um total de R$ 21,2 mil se o doador for uma pessoa viva e R$ 27,6 mil se o doador for morto. Beltrão acrescentou ainda que o Pará já está credenciado para realizar transplantes de fígado e coração, porém estes ainda estão em fase de planejamento e regulação.
“Existe todo um processo para que o procedimento possa ser realizado. Estamos comprando os equipamentos, instrumentos cirúrgicos, medicamentos que o paciente irá tomar após a cirurgia e outros materiais”, disse a coordenadora.

EM NÚMEROS
1.600 pacientes aguardam na fila da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Pará. 50,72% esperam por uma córnea.

Fonte:Diário do Pará

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *