Homem é amarrado, amordaçado e carbonizado
Ninguém admitiu ter visto ou ouvido, mas na madrugada de ontem Raimundo Nonato da Silva Ferreira, de 38 anos, mais conhecido como “Tchaca”, teria brigado com alguém e, em seguida, foi amarrado com um arame e por último teve o corpo queimado, na rua 24 de Agosto, na ocupação Antônio Conselheiro, no bairro do Icuí, em Ananindeua.
A informação preliminar de que havia indícios de homicídio no local do crime foi dada pelo tenente Rodrigo Martins, do Corpo de Bombeiros, pois o corpo da vítima estava com arames enrolados ao corpo, com algo que parecia um pano na cabeça, que poderia ser mordaça, além de sinais de que houve luta corporal no banheiro.
O irmão Silas, como é conhecido pela comunidade, mas que se identificou ao DIÁRIO como Silos Carmelino R. Santos, de 25 anos, é o proprietário da casa onde Tchaca foi encontrado. Ele teria cedido a casa para ele dormir, e ontem, conforme relatou, foi até a casa dele pegar algumas perna-mancas para fazer um andaime, por volta das 10h30, quando percebeu o cheiro de queimado e a porta aberta.
“Assim que abri a porta eu vi o colchão queimado, e até cheguei a ficar com raiva porque pensei que ele tivesse queimado o colchão e fugido, mas depois vi melhor e percebi o corpo dele queimado”, relatou o “Irmão”, que em seguida avisou os irmãos da vítima sobre o que viu.
SUSPEITAS
Tchaca era uma pessoa com deficiência intelectual (atraso mental), cuja característica mais descrita por familiares foi a certa ingenuidade com a qual se comunicava com as pessoas. Até mesmo por essa razão eles não acreditam que a pessoa que supostamente o matou de forma tão cruel tenha sido motivado por vingança.
Outro fator curioso do crime foi o fato de que, mesmo após o colchão ter sido queimado, nem a cama de madeira foi queimada completamente. Por isso uma das hipóteses levantadas é a de que o fogo tenha sido apagado de alguma forma depois que a vítima já estava morta.
“Assim que cheguei ao local eu chamei os bombeiros para que eles fizessem logo uma avaliação. E o que os bombeiros analisaram é que o corpo foi amarrado por arame re-cozido e que ele teria tentado resistir antes de morrer”, comentou o chefe de operações Moreira, da Seccional Urbana da Cidade Nova.
Apesar de toda fumaça gerada, de todo barulho que uma briga pudesse causar, nenhum vizinho admitiu ter visto alguma coisa. “Eu não posso falar é nada, porque aqui funciona a lei do silêncio”, revelou um parente de Tchaca, que preferiu não se identificar. Esse comentário, somado a outro ouvido por nossa reportagem, dito por um dos irmãos do homem morto, que afirmou: “Agora eles estão até rindo”; levam a crer que a família provavelmente desconfia de alguém próximo dali.
Fonte: (Diário do Pará)
(Foto: Elcimar Neves)