Narciso Sena: “Diretores da Cosanpa em Santarém são pára-quedistas”

Narciso Sena
Narciso Sena

Uma semana depois de iniciar a greve dos servidores da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), o presidente do Sindicato dos Urbanitários de Santarém, Narciso Sena, fez duras críticas a direção da estatal. O sindicalista declarou que atualmente todos os cargos na diretoria da Cosanpa, em Santarém, foram ocupados por meio de nomeações do governador Simão Jatene (PSDB) e não através dos profissionais que passaram no concurso público. Narciso revelou que os diretores ganham salários em torno de R$ 7 mil, para não fazer absolutamente nada pela região Oeste paraense e, que eles vêm à Santarém somente fazer turismo. Ele denunciou que devido ao abando, existem muitos “elefantes brancos” espalhados pela cidade, que convive diariamente com problemas da falta de água nas torneiras das residências. Veja a entrevista na íntegra:

Jornal o Impacto: Como está sendo conduzida a greve dos servidores da Cosanpa em Santarém?

Narciso Sena: Faz uma semana que a categoria entrou com a paralisação por tempo indeterminado. Enquanto a direção da Cosanpa não se manifestar em relação as nossas pautas de reivindicação, a categoria vai manter o movimento.

Jornal O Impacto: Tem previsão de quando vai encerrar a greve?

Narciso Sena: Não! A greve só vai parar a partir do momento que a Cosanpa apresentar uma proposta real para os servidores. Fora isso a greve continua!

Jornal O Impacto: Quais são as principais reivindicações da categoria?

Narciso Sena: A nossa pauta de reivindicação é muito simples. Desde o mês de março deste ano que enviamos para a diretoria geral da Cosanpa as nossas pautas de reivindicações, como melhores condições de trabalho; reajuste salarial e o repasse das perdas salariais em cerca de 12%. A Cosanpa até o presente momento não sinalizou. Fora isso, temos outras reivindicações que já colocamos, como a situação de trabalho dos servidores, as condições de abastecimento não só aqui de Santarém, mas de outras cidades como Monte Alegre, Oriximiná e Óbidos, onde são precários os sistemas de abastecimentos de água. Existe também em Marabá, onde os serviços são ruins. A gente está cobrando diretamente da Cosanpa essas reivindicações e a empresa não se posiciona e não dá uma resposta pra gente.

Jornal O impacto: O Presidente da Cosanpa já veio à Santarém procurar solucionar os problemas?

Narciso Sena: Temos o caso da regional de Santarém, onde foi feita uma solicitação, inclusive através do poder público municipal, solicitando a presença do presidente da Cosanpa, o senhor Antônio Braga, que ficou de vir dar uma explicação para a população com relação às obras do PAC, porque atualmente temos um monte de elefantes brancos espalhados pela cidade, que não entram em funcionamento e estão parados há cerca de dois anos. A Cosanpa não dá explicação de nada e ninguém sabe o que está ocorrendo. Ele ficou de vir, mas simplesmente ignorou e deu pra ver a falta de respeito que a atual direção da Cosanpa tem com a população de Santarém, dando esse tipo de atendimento.

Jornal O Impacto: Em relação a concursos. Existe a expectativa de que alguns concursados possam assumir seus respectivos cargos na Consapa em Santarém?

Narciso Sena: A Cosanpa realizou há pouco tempo um concurso público, até porque o Tribunal de Justiça do Pará (TJ/PA) e o Ministério Público do Trabalho determinaram que a empresa tinha que realizar de imediato o certame para poder demitir os comissionados e deu um prazo até o mês de agosto deste ano para isso. O concurso seria para preencher 54 vagas. Aqui em Santarém temos vaga para engenheiro sanitarista, administrador, agente de operação, encanador e técnico em manutenção. Porém, em Santarém e em toda a região Oeste do Pará, das 54 vagas, somente 16 foram preenchidas. Daqui da região passaram apenas dois trabalhadores, sendo que um já é nosso trabalhador, que é o operador de estação de tratamento de água e bombeamento, que passou no concurso para encanador e está para Belém fazendo exames físicos. O outro é um eletricista de manutenção, o qual é um funcionário da Celpa. Ele fez o concurso, passou e está em Belém fazendo exame físico. O restante, até mesmo as pessoas que ocupam cargos na administração da Cosanpa em Santarém não passaram no concurso. Já foi definido pelo Ministério Público do Trabalho que a Consapa vai ter que demitir os funcionários não concursados. Se for cumprido o que manda a Lei muitos profissionais serão demitidos.

Jornal O Impacto: Hoje, os diretores da Cosanpa em Santarém ocupam cargos nomeados?

Narciso Sena: Os diretores da Cosanpa em Santarém foram todos nomeados e não existe um que seja de cargos e carreira. Eles não têm relação com o concurso público e todos eles são conhecidos como “Pára-quedistas”, porque caíram na Cosanpa de pára-quedas. Enquanto que os servidores que trabalham há mais de 20 anos na Cosanpa são menosprezados. Inclusive, é um paradoxo e uma contradição muito grande para a empresa, porque estamos precisando de profissionais e há cerca de dois meses foi demitido o engenheiro Wsnand Ribeiro com mais de 30 anos de serviço. Foi também demitido um auxiliar administrativo que já ocupou um cargo de gerência dentro da empresa, sem justa causa e sem justificativa.

Jornal O impacto: Sobre os cargos de diretoria que estão sendo ocupados através de nomeações. Isso é contra a lei ou o Governo do Pará pode fazer essa manobra?

Narciso Sena: Na realidade, a gente tem uma crítica muito grande em relação a isso. Fica difícil uma empresa de saneamento, sendo gerida por pessoas que não tem conhecimento da nossa real situação. O ideal seria alguém que já trabalha há vários anos aqui. O Governo mandou pessoas que não conhecem a nossa realidade. Eles estão vindos de Belém sem saber como funciona a nossa realidade aqui e chegam tomando conta de tudo. Isso é absurdo! Fui fazer uma visita em Monte Alegre e encontrei um senhor chamado Robson Quirino, que é um comissionado da Cosanpa, em companheiro do seu Rodrigo, que tinha ido implementar corte de água em Monte Alegre. Isso com a anuência da direção da Cosanpa de Santarém e Belém. O mais incrível não é isso, é que em Monte Alegre funciona um sistema interessante, onde quando há água em um bairro falta no outro. O que foi beneficiado só terá água de novo, sete dias depois. Ou seja, só tem água uma vez por semana em cada bairro de Monte Alegre. Eles querem cortar água como? Por que não oferecem o serviço pra população? Agora, o cara que vem lá de Belém vem recebendo diária de hotel, ajuda de custo e um salário de R$ 7 mil, simplesmente pra vir fazer turismo aqui na região, passando cinco dias em Santarém, porque trabalhar que é bom, nada! Em Óbidos e Oriximiná a situação é parecida.

Fonte: RG 15/O Impacto

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