Pará ganha seu primeiro banco de dentes humanos
As instituições que ofertam cursos na área odontológica precisam de dentes humanos para a realização de atividades de ensino e de pesquisa. Com o objetivo de suprir essas necessidades acadêmicas, são criados os bancos de dentes humanos, que não têm fins lucrativos e ajudam a impedir o comércio ilegal desses órgãos.
O Cesupa, por meio do trabalho de conclusão de curso de graduação em Odontologia intitulado “Criação e implementação do banco de dentes humanos”, das alunas Camila de Oliveira Pinto e Sophie Santos Barroso, orientadas pela professora Patrícia Silva e Souza e apresentado em 2008, criou o primeiro banco de dentes humanos do Estado do Pará. Com recursos da Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (Funadesp), as alunas adquiriram freezer e geladeiras para acondicionar os dentes, implantando o banco no início deste ano.
A coleta dos dentes começou a ser feita na própria instituição e hoje expandiu para doações da rede pública de saúde. Os dentes doados são aproveitados em atividades acadêmicas e de pesquisa. Na graduação, por exemplo, são utilizados para estudo da anatomia dental, assim como na simulação de diversos procedimentos, durante o treinamento pré-clínico do aluno. O dente também é fundamental para a realização de ensaios laboratoriais, nas pesquisas odontológicas. Os dentes, depois da coleta, passam por processos de limpeza, esterilização, conservação e estocagem, para depois serem disponibilizados aos alunos para estudo.
Com a criação do Banco de Dentes, os obstáculos serão eliminados, uma vez que ainda existe o comércio ilegal de dentes. Pelo fato de ser um órgão do corpo humano, o dente está submetido à Lei de Transplantes Brasileira (Lei 9.434 de 04/02/1997), a qual prevê pena de três a oito anos de reclusão e multa para quem remover, post-mortem, órgãos, tecidos e partes do corpo humano de pessoas não identificadas. O Código Penal também prevê pena de um a três anos de reclusão para aqueles que violarem sepultura (Artigo 210) e o Conselho Nacional de Saúde exige os termos de consentimento livre e esclarecido dos sujeitos como forma de respeito à dignidade humana (Resolução 196 de 10/10/1996).
No banco é realizado um cadastro do doador, através da assinatura de um termo de doação, que deve estar assinado pelo próprio. Depois, os dentes são limpos, selecionados e separados por grupos (incisivos, caninos, molares, pré-molares). O banco armazena dentes-de-leite para pesquisa e dentes permanentes para ensaios pré-clínicos dos alunos.
Crianças são doadoras em potencial
“O dente, como qualquer outro órgão do corpo humano, somente poderá ser doado com o consentimento do paciente ou responsável, o que é expresso, para o banco de dentes humanos, através de um termo de consentimento livre e esclarecido”, enfatiza o professor Sílvio Menezes, coordenador do Banco de Dentes e da Clínica Odontológica do Cesupa. Vale informar que todos os tipos de dentes interessam ao Banco: provisórios e permanentes, cariados, restaurados e outros, de adultos e de crianças. Os pequenos, aliás, são doadores em potencial dos 20 dentes de leite que caem na troca da dentição provisória para a permanente. Nesse caso, o termo de consentimento é assinado pelos pais ou responsáveis.
Os dentes a serem doados poderão ser levados secos ou imersos em água de torneira ou água destilada. Não use álcool, água oxigenada, soluções fluoretadas, soluções para enxaguamento bucal, etc.
O banco será importante por poder, no futuro, ceder dentes doados para uso clínico, como colagens de fragmentos e outros fins já demonstrados por pesquisas científicas; proporcionar a professores e alunos a possibilidade de desenvolvimento de trabalhos científicos e evitar que docentes e estudantes de odontologia contribuam, mesmo que involuntariamente, para o comércio dos órgãos dentários.
Fonte:Diário do Pará e Ascom/Cesupa