Milton Corrêa

É possível frear a violência?

A violência pode ser contida não necessariamente pela força policial. Mas pela boa formação dos cidadãos a partir da família, que sendo bem estruturada, pode e deve formar filhos com personalidades inabaláveis, capazes de viver resistindo à prática da violência.

Outra instituição que pode contribuir para a formação de cidadãos de bem, é a escola, se a família é capaz de formar e educar, a escola muito mais, pois a esta está atribuída à missão de ensinar não só as disciplinas curriculares, mas como o ser humano deve ser constituído, como pessoa digna de respeitar e de merecer o respeito de seus semelhantes.

A igreja, não importa o segmento religioso, também tem a missão de evangelizar e de formar cristãos de verdade, sendo solidários e generosos, com o outro.

Se esses três contextos, família, escola e igreja, forem de fato instrumentos de formação na vida do cidadão e o governo assumir seu papel de provedor dos direitos sociais, é possível que exista uma possibilidade de frear a violência.

O que não é possível, é se conter a violência pela força policial, seria a prática do dito popular: “Violência gera violência”.

Salário mínimo deveria ser quatro vezes maior para manter uma família brasileira

Fonte: El País

Houve um aumento expressivo de alimentos considerados básicos. Para as pessoas de baixa renda, os alimentos são o item que mais pesa no orçamento, em torno de 40%

 O valor da cesta básica aumentou em 2013 em 18 capitais brasileiras avaliadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sendo que em nove delas houve avanço superior a 10%. Tendo como referência os preços de dezembro, o Dieese calculou que o salário mínimo no país deveria ser quatro vezes maior que o então em vigor. Os dados são anunciados um dia antes do medidor oficial de inflação do governo nesta sexta-feira, e se unem a uma série de indicadores recentes pouco animadores, como o fluxo cambial negativo, o aumento do endividamento das famílias e a queda na venda de veículos.

A cesta básica medida pelo Dieese é a única exclusivamente composta por alimentos a contar com uma abrangência considerada nacional, em um país com 27 unidades federativas. Para determinar o valor considerado ideal do salário mínimo, o instituto leva em consideração os gastos essenciais de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

“Houve um aumento expressivo de alimentos considerados básicos. Para as pessoas de baixa renda, os alimentos são o item que mais pesa no orçamento, em torno de 40%. Quanto mais baixa a renda, mais se gasta com alimentos”, avalia a economista e supervisora da área de preços do Dieese nacional Patrícia Lino Costa. O salário mínimo em dezembro era de 678 reais, e foi reajustado em 1o de janeiro para 724 reais.

As maiores altas na cesta corresponderam a Salvador (16,74%), Natal (14,07%) e Campo Grande (12,38%). As menores, em Goiânia (4,37%) e Brasília (4,99%). Dos 13 alimentos básicos avaliados, os que mais subiram ao longo de 2013 foram leite, farinha de trigo, banana, pão francês e batata. O óleo de soja foi o único produto da cesta a apresentar queda de preço em todas as cidades.

Nesta quinta-feira, dados oficiais confirmaram ainda que a safra de 2013 de cereais, leguminosas e oleaginosas foi recorde no Brasil. Foram registrados 188,2 milhões de toneladas, 16% a mais que em 2012. Como costuma acontecer, arroz, milho e soja representaram a enorme maioria da produção nacional de grãos. A área colhida no ano passado foi de 52,8 milhões de hectares, com alta de 8% ante 2012.

“A gente tem uma safra recorde, mas algumas questões precisam ser avaliadas, porque o que a gente observa é um resultado diferente nas cestas”, acrescentou Costa.

 IPCA e conjuntura

 Os valores colhidos pelo Dieese preocupam também ao mostrar que alimentos básicos cresceram em 2013 em média acima da inflação geral, em meio à grande expectativa de divulgação do medidor oficial anual do governo nesta sexta-feira. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem no item alimentação e bebidas um de seus componentes principais.

Economistas prevêem um resultado entre 5,5% e 6%. O governo trabalha com 4,5% como o centro de sua meta, com tolerância até 6,5%. O maior temor envolve o setor de serviços, que pode frear o consumo ao longo de 2014.

“Os serviços vão ficando tão caros, que as pessoas freiam o consumo. Nesse setor, ocorre um mecanismo de inflação que se autocontrola. Quando a inflação é alta, a economia desacelera por dois motivos: ou porque o Governo aumenta os juros ou as coisas ficam tão caras, que o poder aquisitivo é corroído e o consumo diminui”, avalia o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou, por sua vez, um crescimento de 7,5% do número médio de famílias endividadas em 2013. O percentual de endividados alcança a média anual de 62,5% do total das famílias brasileiras, segundo a entidade, o que pode dificultar ainda mais o consumo ao longo deste ano.

 Um sinal de queda no consumo vem também das vendas de veículos de passeio e comerciais leve em 2013. A Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave) registrou 3,57 milhões de unidades comercializadas no ano passado, ante 3,63 registrados no ano anterior. Foi a primeira queda desde 2003. Os últimos dados de produção industrial também apontaram queda, embora leve, de 0,2%.

O economista Ayrton Fontes credita parte da diminuição na venda de automóveis a uma consequência do excesso de consumo que houve nos anos 2010, 2011 e 2012. “Essa queda nas vendas vai ser perpetuada agora neste ano”, afirma, em referência sobretudo ao fim da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor automotivo, o que encarece os veículos.

Outro ponto de atenção é o impacto de alta que o câmbio pode ter na cesta de produtos avaliados para o cálculo da inflação. Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou em sua maior cotação desde meados do ano passado, no patamar de 2,39 reais. No dia anterior, o Banco Central já havia informado que a entrada e saída de moeda estrangeira do país teve déficit em 2013, o pior resultado desde 2002.

“A aceleração do câmbio no último trimestre tornou o risco inflacionário uma preocupação de novo para o BC, que deve continuar subindo os juros”, acrescenta Padovani. O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma, por sua vez, que o mercado ainda está muito cético quanto a uma queda da inflação.

“Se de um lado gera desconforto por conta das interações existentes entre o câmbio e o nível de preços num país que vive a surrealista situação de 11 diferentes índices de inflação todo o mês (…), por outro não vemos como negativo este movimento. Afinal um câmbio mais fraco pode ajudar, entre outras coisas, a evitar a sangria nas contas externas”, avalia.

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