Carmona Cabrera tem ligações com político influente do Pará
Quatro meses depois da empresa Carmona Cabrera decretar falência, atrasar salários, demitir dezenas de funcionários e paralisar as obras do conjunto residencial Moaçara, pertencente ao programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida”, a Associação de Moradores do Bairro do Aeroporto Velho (Ambav) revela que existe um político ‘aprontando’ para a população de Santarém e, que também é o possível proprietário da empresa. De acordo com o presidente da Ambav, Francisco Barbosa, o “Chiquinho”, já está em andamento um processo de investigação para descobrir e revelar a identidade do político que é proprietário da empresa Carmona Cabrera e, que está sendo acusado de pegar o dinheiro que seria investido no residencial, sem ter finalizado a obra. Desde dezembro do ano passado, três grandes empreendimentos que estão sendo executados em Santarém encontram-se paralisados. São eles: dois módulos do Residencial Moaçara, que prevê a construção de 1.408 moradias, a do Conjunto Habitacional Santo André, para construir 321 casas e a execução de um Sistema de Esgotamento Sanitário, na área Urbana de Santarém, que atenderá as demandas de dez bairros da cidade. O atraso e a paralisação das obras devem-se ao fato de que a empresa responsável, Carmona Cabrera, está em processo de falência e impetrou na justiça estadual pedido de recuperação judicial. Dos três projetos executados pela Carmona Cabrera, os Residenciais Moaçara e Santo André, pertencem ao programa “Minha Casa, Minha Vida” e o referente ao Sistema de Esgotamento Sanitário, faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Acompanhe os principais detalhes da entrevista com o líder comunitário “Chiquinho”.
Jornal O Impacto: Já se passaram quatro meses da paralisação das obras do Residencial Moaçara. Como o senhor observa todo esse descaso do Governo do Pará?
Chiquinho: Para a gente que travou uma luta constante pela moradia, a paralisação dos trabalhos no residencial Moaçara virou uma situação desesperadora. Houve muita gente que se empenhou na luta, acreditando que o problema da moradia iria ser resolvido. Já se passam 10 anos que a gente luta pela área e a construção do conjunto habitacional, agora, a situação se encontra da maneira em que toda a Santarém conhece. A obra está abandonada e a empresa não comunica nada sobre o retorno dos serviços. Nós não sabemos a quem recorrer! Vamos fazer o seguinte: Temos uma reunião no próximo dia 08 de abril com o prefeito de Santarém, no bairro do Aeroporto Velho, para que a gente possa resolver essa situação.
Jornal O Impacto: Após todos esses meses parados, a Comunidade do Aeroporto Velho já sabe quem é o responsável pela empresa Carmona Cabrera?
Chiquinho: Queremos saber de quem é a responsabilidade de resolver essa situação? Porque a Caixa Econômica Federal é quem foi responsável por adquirir a terra e entrar com o investimento, mas alguém que está por trás da empresa que abandonou essa obra tem que ser responsabilizado. Esse senhor é, inclusive, o dono da empresa, porque existem rumores que um político famoso está por trás disso. Então, estamos investigando, e a partir da hora em que a gente tiver em mãos todas as evidências, poderemos saber se essa empresa é formada por políticos. Suspeitamos que eles fizeram isso para pegar o dinheiro dessas obras. Eles também fizeram uma sacanagem dessas com o povo de Santarém abandonando a obra da pior maneira possível. Hoje, o conjunto habitacional está servindo para uma série de coisas ruins no bairro, inclusive, algumas pessoas fazem uso de material entorpecente, outros utilizam os apartamentos como motel. Queremos saber o por quê que ninguém toma nenhum posicionamento? O Governo do Estado ou sei lá quem quer que seja, deve tomar providências em relação a essa situação. A comunidade a partir da reunião que vai ter com o Prefeito no dia 08 de abril, tomará uma decisão definitiva. Nós vamos ter que tomar nos posicionarmos em relação aquilo ali, porque brigamos há anos pelo residencial e não queremos ver a obra nessa situação.
Jornal O Impacto: Em relação à empresa Carmona Cabrera. O político que influencia diretamente nas obras do Residencial Moaçara pode ser ligado ao governo do Estado?
Chiquinho: Nós estamos investigando através de fontes e ainda não temos a confirmação. Algumas pessoas falam que é um político muito influente e nós queremos saber quem é o dono dessa empresa? O que sabemos é que se trata de uma empresa que foi formada há menos de 4 anos. Portanto, essa empresa é de fachada e foi montada, então, precisamos saber quem é o dono dela. Existem rumores de que tem um político muito famoso por trás disso tudo. Vamos descobrir e na hora que a gente souber, vamos revelar se realmente se trata dessa pessoa.
Jornal O Impacto: Quem é esse político?
Chiquinho: Até então, a fonte que nos comunicou ainda não deu uma certeza sobre a identidade do político, mas disse que tem um testa de ferro envolvido no esquema. Estamos investigando para descobrir todos os fatos. Na hora que soubermos, vamos revelar o nome, podem ter certeza!
Jornal O Impacto: Essa pessoa que está passando as informações tem ligação com o governador Simão Jatene?
Chiquinho: A fonte que nos informou conhece uma pessoa muito ligada a isso. Ele disse que está verificando tudo isso especialmente para nos trazer a resposta.
Jornal O Impacto: A Carmona Cabrera tem sede em Ananindeua. Isso aumenta ainda mais a suspeita?
Chiquinho: Exatamente. E tem um político por trás disso aí que fez essa sacanagem com o povo de Santarém. Nós vamos cobrar isso na Justiça!
Jornal O Impacto: A pessoa informou a que partido pertence esse político?
Chiquinho: Não sabemos ainda. A pessoa que deu as informações disse que conhece muito bem o político, que inclusive é o dono dessa empresa. Essa empresa funciona com um testa de ferro e através dele vamos descobrir quem de fato é o dono da Carmona Cabrera. Já vão fazer cinco meses que a obra foi paralisada e ninguém toma nenhuma providência em relação à conclusão do residencial do Minha Casa, Minha Vida, no bairro do Aeroporto Velho.
Jornal O Impacto: A ocupação que a Comunidade do Aeroporto Velho iria fazer por conta própria ainda pode acontecer?
Chiquinho: O problema disso é que a Comunidade está com receio relacionado à infraestrutura, bem como com a falta de água e energia elétrica. Iríamos fazer uma ocupação, mas devido essas dificuldades, nós recuamos, até porque as casas são muito altas para as pessoas fincarem subindo com água na cabeça e também sem energia elétrica fica difícil. Mesmo assim, se em um curto espaço de tempo não for resolvido o problema, nós vamos ocupar as casas de qualquer maneira.
Por: Manoel Cardoso