Resistência do povo do Tapajós fez Governo Federal ficar nervoso

A confirmação da data de uma Audiência Pública na Cidade de Itaituba, no dia 29 deste mês, sobre a construção de sete hidrelétricas na bacia do rio Tapajós, virou motivo de preocupação de membros do Movimento Tapajós Vivo de Santarém. Com a audiência pública marcada, o Governo Federal inicia oficialmente a corrida para licitar, ainda este ano, as primeiras hidrelétricas da Bacia do Rio Tapajós, no Pará, considerada a nova fronteira hidrelétrica brasileira.

A audiência discutirá a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da bacia, que aponta impactos cumulativos dos sete aproveitamentos hidrelétricos identificados na região, que somam uma potência de 14,2 mil megawatts (MW). O objetivo é tentar evitar a repetição dos conflitos que retardaram as obras de Belo Monte, no Rio Xingu, maior usina em construção no país.

A primeira licitação da Bacia do Rio Tapajós está prevista para ocorrer ainda este ano. Será a usina de São Luiz do Tapajós, com potência instalada de 6.133 mil MW. O planejamento do setor elétrico prevê ainda outra usina na região com início de operações até 2020, Jatobá, com potência instalada de 2.338 MW. Juntas, as duas têm capacidade para gerar o mesmo volume de Belo Monte — que, embora tenha potência de 11.233 MW, garante a entrega de 4.571 MW médios durante o ano, 80 MW médios a menos do que a energia firme das primeiras hidrelétricas da bacia hidrográfica do Tapajós.

“Esse processo das hidrelétricas do Tapajós é um fato novo pra sociedade que está desinformada, mas nos planos do Governo Federal está tudo estabelecido. Eles não querem saber se a população concorda ou não. Eles querem é se justificar perante a Constituição que diz que para se fazer uma obra do tamanho de uma hidrelétrica deve ser feito o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto de Meio Ambiente (EIA-RIMA), Licença Prévia e Consulta Prévia aos povos das áreas atingidas e depois fazer o leilão e, então fazer a desgraça total do rio”, diz o coordenador do Movimento Tapajós Vivo, padre Edilberto Sena.

Para o padre Edilberto Sena, o fato do Governo Federal marcar a Audiência está queimando etapas. Ele afirma que devido a resistência dos povos indígenas Munduruku, dos moradores de comunidades tradicionais e de movimentos sociais, o Governo Federal está ficando nervoso em relação à construção das hidrelétricas do Tapajós.

“O Governo está nervoso porque no Rio Tapajós está encontrando resistência mais firme do povo Munduruku e de alguns movimentos sociais da região, inclusive do Tapajós Vivo”, afirma o religioso. Assista o vídeo da entrevista com Padre Edilberto Sena:

Por: Jornal O Impacto

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