Prejuízos com enchente ultrapassam R$ 300 milhões

Alberto Oliveira, presidente da ACES
Alberto Oliveira, presidente da ACES

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), empresário Alberto Batista de Oliveira, revelou em entrevista exclusiva ao Jornal “O Impacto”, os problemas ocasionados pela cheia dos rios Tapajós e Amazonas aos comerciantes da área central da cidade. Ele afirma que a enchente já ocasionou prejuízos aos comerciantes no valor de R$ 308 milhões. Um estudo feito pelo economista José de Lima Pereira, a pedido da ACES, desvendou os problemas gerados pela cheia aos empresários de Santarém. Esses danos incluem: perdas de postos de trabalho, perdas de estoques de mercadorias das empresas, redução drásticas no nível de vendas, elevação do índice de inadimplência, interrupção das atividades econômicas nas áreas inundadas, contaminação por doenças de veiculação hídrica (leptospirose, cólera, diarréias e outras) e a contaminação da água pela inundação de depósitos de material tóxico na agricultura, estações de tratamentos de água, entre outros. Por conta dos prejuízos, o presidente da ACES, Alberto Oliveira, reivindica ao poder público municipal que seja prorrogado o recolhimento das taxas do Alvará e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Veja a entrevista na integra:

Jornal O Impacto: Um estudo realizado por um economista de Santarém revelou que os prejuízos causados aos comerciantes em decorrência da cheia deste ano já ultrapassaram os R$ 300 milhões. De que forma a ACES está acompanhando toda essa questão?

Alberto Oliveira: Esse estudo foi solicitado pela Associação Comercial de Santarém junto com o Sindilojas. A idéia era justamente mensurar qual o prejuízo que a cheia poderia causar no comércio de Santarém. Para nossa surpresa, o estudo apontou o prejuízo de R$ 308 milhões, somente referente a essa cheia. A enchente de 2014 já está muito próxima da que ocorreu em 2009. Nossa preocupação é justamente passar essas informações para o poder público, para que possa tomar medidas preventivas para que em 2015 e nos anos seguintes, nós não tenhamos que arcar com um imenso prejuízo. O objetivo desse estudo foi justamente mostrar para os Governos Municipal e Estadual, que eles precisam ter ações proativas em minimizar ou resolver esse problema da cheia, que desde o ano de 2009 causa prejuízos e a cada ano tende a aumentar.

Jornal O Impacto: Muitos comerciantes reclamam da cobrança de impostos feita de forma abusiva pela Prefeitura de Santarém. De que forma a ACES está acompanhando esse problema?

Alberto Oliveira: Tivemos um encontro há poucos dias com o Prefeito de Santarém, onde pedimos que fosse prorrogado o recolhimento das taxas do alvará, principalmente em decorrência da cheia. Nesse momento, a classe empresarial está preocupada em construir marombas na área central da cidade e de proteger suas mercadorias e seus estoques, bem como esperar que os clientes venham fazer suas compras. Então, este não é o momento de entrar em processo de fiscalização do poder público municipal com relação a IPTU e alvará. Entendemos que o governo precisa desse recolhimento e é importante para o Município, mas a ocasião é inoportuna. Daí a nossa solicitação para que essas ações do Governo Municipal só aconteçam no segundo semestre, quando as águas baixarem.

Jornal O Impacto: A cobrança de impostos preocupa os comerciantes, principalmente por causa da queda nas vendas e também de existirem funcionários a serem pagos. Existem linhas de crédito para esse segmento da economia de Santarém?

Alberto Oliveira: Estivemos, também, junto ao Banco do Brasil e Banco da Amazônia, solicitando que haja um financiamento especial para as áreas onde houve o impacto da cheia, nesse caso, o centro comercial de Santarém. O Banco do Brasil parcelou as dívidas já existentes e prorrogou os vencimentos. Com relação ao Banco da Amazônia, fomos informados de que está aguardando uma posição de Brasília para que haja um financiamento especial da mesma forma como ocorreu em 2009.

Jornal O Impacto: Se as águas dos rios Tapajós e Amazonas não começarem a baixar em curto prazo, os prejuízos no comércio de Santarém poderão ser maiores?

Alberto Oliveira: Já tivemos um grande impacto negativo agora no Dia das Mães, que é a segunda melhor data para as vendas no comércio de Santarém, perdendo apenas para o Natal. Neste ano tivemos um impacto negativo considerável. Aguardamos que a partir de junho as águas comecem a baixar e, que haja uma ação do governo, no sentido de evitar que esse problema se agrave e se repita. O que nós estamos procurando são ações definitivas, porque o comércio, hoje, ainda representa 70% da economia local. Somos responsáveis por 53.8% dos empregos gerados no Município. Portanto, o comércio deve ser olhado em Santarém, como uma economia de impacto na cidade e aí precisa ser protegido.

Jornal O Impacto: Por causa dos prejuízos causados pela cheia, hoje, o comércio de Santarém está em crise?

Alberto Oliveira: O comércio de Santarém está passando por este momento, onde as águas estão invadindo alguns estabelecimentos e, isso gera um efeito negativo na economia. No mês passado fechamos no Município, com 562 vagas a menos do que no mesmo período de 2013. Isso é ruim pra toda a economia. É preciso que haja essa ação para que os governos possam trabalhar no fortalecimento do comércio, seja na linha de crédito, na concessão de benefícios fiscais, além de um incentivo para que a economia que atende não somente Santarém, mas todos os outros municípios da região Oeste do Pará, possa sofrer uma influência positiva e aí teremos como resultado, até mesmo a conclusão da BR-163 (rodovia Santarém-Cuiabá), onde teremos ganhos em fretes. O Entreposto da Zona Franca de Manaus precisa sair do papel, para que haja o aumento na geração de emprego e renda no Município. Esse é o papel da Associação Comercial junto com o poder público, de fomentar a economia para que tenhamos um crescimento de qualidade.

Jornal O impacto: Desde o ano de 2009 a cheia provoca inúmeros prejuízos aos comerciantes. O que falta para amenizar o problema? Deve ser feito um planejamento estratégico na orla por parte da Prefeitura de Santarém?  

Alberto Oliveira: Eu acredito que não somente a Prefeitura deve fazer esse trabalho, até porque no nosso entender a obra de infraestrutura é muito pesada. É preciso que haja um trabalho conjunto do Município, com o Governo do Pará e Governo Federal, para que as ações sejam feitas, no sentido de resolver o problema.

Por: Manoel Cardoso

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