Padre: “Santarém está sem governo”

Padre Edilberto
Padre Edilberto

As chuvas que caem com freqüência em Santarém, no Oeste do Pará, trouxeram à tona um grave problema de contaminação e de assoreamento do Lago do Juá. O problema acontece através de lama que desce do Residencial Salvação e por meio de uma galeria construída sob a rodovia Fernando Guilhon cai diretamente no manancial.

Segundo os moradores das proximidades do Lago do Juá, nos últimos dias o problema se agravou por conta de muita lama que desceu diretamente pro Lago, o que está ocasionando a extinção dos peixes. Famílias afirmam que passam até oito horas a espera de fisgar um peixe para a refeição do dia.

A obra já causa transtornos também ao trânsito devido ao estreitamento de um trecho da rodovia por causa do trabalho de drenagem, o que complica o fluxo de veículos pelo local. O programa habitacional prevê a construção de 1.081 moradias. Porém, com o período de chuvas, a preocupação agora é com a poluição do lago. A água, que antes era azulada, está barrenta. De acordo com populares, a lama desce da construção do Residencial Salvação também invade a praia do Juá, que é freqüentada por muitas pessoas. “A água está mais escura, devido a chuva que desceu da construção do Minha Casa Minha Vida”, disse o banhista, Wilson Amaral.

O morador Raimundo Pelé afirma que a situação tem prejudicado a pesca no local. “Está acabando o nosso lago, ninguém pega mais peixe, acabou”, reclamou.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) garantiu que o impacto direto ao Lago foi confirmado, restando agora a realização de um estudo para amenizar a situação. “A água da chuva, quando chega, drena de uma área mais alta para uma mais baixa. No caso do Lago do Juá, a gente observa que tem um empreendimento que impacta diretamente, em função de ter sido retirada toda a barreira física que poderia conter esse material de chegar lá. E há outro empreendimento, que a gente está verificando no licenciamento, quais as medidas que podem ser corretivas no sentido de minimizar os problemas”, informou o secretário de Meio Ambiente, Podalyro Neto.

O Lago do Juá tem sido uma grande preocupação para ambientalistas e moradores do entorno. Eles afirmam que os empreendimentos que estão sendo realizados próximo ao manancial desmataram parte da Área de Preservação Ambiental (APA) do Juá. Além disso, o lago corre o risco de assoreamento. A Semma já havia afirmado que pretendia aumentar o limite da APA, que tem aproximadamente 100 hectares, para reforçar a proteção aquele manancial.

OBRAS INACABADAS: O grande número de obras inacabadas em Santarém motivou o coordenador da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Santarém, padre Edilberto Sena, a declarar que a estada do Ministro das Cidades na região deu notícia, criou expectativas em várias pessoas do local, mas não rendeu bons frutos.

“Afinal, são tantas as obras com dinheiro federal iniciadas e inacabadas, mesmo tendo um tal de NGO (oficialmente significando Núcleo de Gerenciamento de Obras) que até agora já consumiu bastante dinheiro em salários e equipamentos, mas nada a sociedade sabe o que tem feito”, disparou o religioso.

Segundo ele, uma das poucas obras que foi assunto da reunião com o ministro das cidades, foi a triste mal iniciada “Minha Casa, Minha Miséria”, com as tais “casinhas de cachorros”, tanto da Avenida Moaçara quanto rodovia Fernando Guilhon. “Aquilo é um caso de Polícia e todos os envolvidos deveriam ser processados judicialmente e sentenciados, porque extraviaram grande recurso público federal, isto é, de nossos impostos”, afirma padre Edilberto.

Entre outros graves crimes cometidos no caso do Residencial Salvação, de acordo com ele, ou melhor, aglomerado de casitas num descampado areiento, é o destino das águas, que até agora jorram ao lago do Juá. “Os pescadores do lago clamam e reclamam que os peixes fugiram. Também pudera, os peixes não são tapados como os que construíram o tal conjunto. Cada chuva que cai o desastre ambiental aumenta, o lago se torna mais barrento. Ah! Se Santarém tivesse um Secretário de Meio Ambiente ativo, comprometido com a defesa ambiental, certamente já teria mais que embargado o tal conjunto, já teria processado os criminosos que não se preocuparam como destino das águas provenientes do conjunto”, desabafa padre Edilberto.

Ele aponta, ainda, que Santarém está passando por uma crise de ordem administrativa. “Infelizmente Santarém está sem governo, sem vereadores vigilantes pelo bem da cidade e aí, a cidade se torna casa de mãe joana. Será que o Ministro chegou a contemplar aquelas desgraça da Moaçara e Fernando Guilhon? Será que o Ministro vai mesmo mostrar serviço ao bem da cidade de Santarém?Oxalá, Deus queira!”, questiona padre Edilberto.

Por: Jefferson Rocha

3 comentários em “Padre: “Santarém está sem governo”

  • 27 de fevereiro de 2015 em 14:24
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    E na autorização e/ou aprovação do projeto do tal aquecedor, será que os vereadores e os fiscais estavam de férias (ausentes). Seria bom verificar se existe no Brasil algo parecido, acredito que não.

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  • 27 de fevereiro de 2015 em 14:21
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    E aquele objeto sobre as novas casas do Minha Casa Minha Dívida. Alguém pode explicar qual a finalidade. Olhando pela rodovia parece ser um aquecedor !! E quanto custou o tal aquecedor, parece ser mais caro do que a pequenina residência. Será que alguém ganhou uma bela comissão para vender aquecedor numa residência incompatível com o investimento?

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  • 27 de fevereiro de 2015 em 13:51
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    Padre as suas denuncias são relevantes, porém, uma cidade com mais de 350anos e com uma população que despeja o esgoto doméstico nas ruas, não dá para culpar o prefeito atual. Para quem visita Santarém fica a sensação de que nunca existiu administração aqui.

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