Deputado denuncia omissão do Estado no Caso Bunge

O deputado federal Edmilson Rodrigues voltou a criticar, da tribuna, o que está acontecendo em Barcarena, com danos ambientais que afetam a vida de ribeirinhos do Furo do Arrozal, no município de Barcarena, região do Baixo Tocantins. Os problemas são atribuídos à multinacional de alimentos Bunge, que opera um porto há um ano, trazendo a soja do Mato Grosso e sul do Pará, em barcaças, até o porto de Vila do Conde, onde o produto abastece containers de grandes navios exportadores.
“Três pessoas morreram e outras cerca de 200 estão doentes supostamente em razão de terem se alimentado de peixes contaminados por soja estragada despejada no rio, sem que as autoridades responsáveis pela fiscalização do meio ambiente no estado e na União tenham adotado as medidas cabíveis para investigar, punir e suspender o dano ambiental. Após o meu pronunciamento, fui procurado pelo vice-presidente da Bunge, que assegurou a solução do problema”, relatou o parlamentar.
Diz ele ter sido surpreendido com as notícias de recentes atentados contra o repórter fotográfico Herlon Peres de Oliveira, que participou da elaboração da matéria sobre o assunto, publicada no jornal Diário do Pará de 07 de junho passado, e também de lideranças comunitárias, como o dirigente da Federação dos Trabalhadores Agricultura Familiar, Bosco Oliveira Martins Júnior. Em Boletim de ocorrência registrado na delegacia de Barcarena, no último dia 12, eles afirmam ter sofrido ameaças de morte. O jornalista, em especial, conta ter sido abordado na noite anterior por dois homens armados que estavam numa motocicleta e usavam capacetes. Eles o imobilizaram e o feriram com uma coronhada na cabeça, enquanto avisavam para que ele “não se metesse no que não era da sua conta”. Um dos pistoleiros inciativa o outro para que “apagasse” logo o jornalista.
“Ontem, novo boletim de ocorrência foi registrado em Belém, junto à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), da Polícia Civil. De acordo com o documento, no sábado à noite, 13, Herlon, Bosco e outras lideranças comunitárias (Maria do Socorro Pontes, Paulo César Castro, Antônio Cristo Lima, Antonio José Ribeiro, Luiz Rodrigues, Maria Izete Azevedo, Maria José Pontes e Carlos Alberto Monteiro) estavam transitando de Kombi, quando foram perseguidos por uma caminhonete L-200 verde, da qual foram efetuados 13 disparos de arma de fogo na direção deles. Ninguém foi ferido. Eles afirmaram que o motorista da Kombi conseguiu escapar entrando numa rua onde acontecia uma festa. No dia seguinte, as lideranças comunitárias recolheram cartuchos de projéteis declarados no trajeto no local do atentado. Os autores desses crimes ainda não foram identificados”.
Edmilson pediu à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável desta Casa para que realize diligência ao município de Barcarena, a fim de verificar a ocorrência dessas graves violações de direitos e possível prática de crimes socioambientais. Da mesma forma, solicitou providências imediatas ao Ibama e aos órgãos ambientais e de saúde do Pará, a fim de que medidas sejam tomadas para apurar, conter a situação e garantir o atendimento médico à população. A Ouvidoria da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Pará (OAB) e o Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) também cobraram providências urgentes da Secretaria de Segurança Pública.
Ameaças – Matéria de hoje (ontem) , do Diário do Pará, revela que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) comprovou as denúncias de que a atividade da Bunge afeta a pesca dos ribeirinhos, principal fonte de sobrevivência daquela população, devido ao grande número de barcaças atracadas no Furo do Arrozal, dificultando o acesso da comunidade ao rio, quebrando instrumentos de pesca de camarão, provocando risco de acidentes e destruindo a vegetação ciliar, o que prejudica o equilíbrio ambiental. No entanto, a Semas não adotou providência alguma para resolver a questão.
“Essa situação não pode se perpetuar. Vidas humanas estão ameaçadas pelos danos ambientais e, agora, segundo denúncias, pela mira de revólver. É inadmissível que toda uma comunidade seja expulsa de suas terras pela imposição do poderio econômico e a gestão de um Estado completamente omisso”, acusou o deputado.
Fonte: Carlos Mendes

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