Feira Agropecuária de Santarém está perdendo sua identidade

A polêmica dos preços exorbitantes cobrados pela coordenação da 38ª edição da Feira Agropecuária e Agroindustrial do Baixo Amazonas repercutiu na Câmara de Vereadores de Santarém. Na sessão de segunda-feira, 10, o vereador Gerlande Castro (SDD) disse que a Feira Agropecuária, realizada todos os anos em Santarém, no Parque de Exposições Alacid Nunes, está perdendo a sua identidade.
Segundo o Vereador, a Feira Agropecuária é um evento bonito, “mais bonito ainda era há anos atrás, com a população participando, quando tinha um show conhecido nacionalmente, a população que ia prestigiar a Feira não era proibida de entrar. Este ano observei que a população não entrou por ocasião de um show nacional”, apontou o Vereador.
Gerlande revela que a Feira Agropecuária de Santarém tem apoio financeiro dos governos Municipal e Estadual, que representam toda a população “e não somente as pessoas que compram ingressos”, observa. “Se estão cobrando ingressos, por que tem apoio do governo do Estado e Município?”, questiona o Vereador.
De acordo com Gerlande Castro, “para nós o show é um caso a parte, o que interessa é a exposição agropecuária para o nosso Município e que a diretoria não faça com que mais uma atividade cultural deixe de ter credibilidade, só pelo interesse de ganhar dinheiro”, observa.
Para o vereador Gerlande, a Feira está perdendo a sua identidade. “É só analisar e avaliar, a finalidade é ganhar dinheiro e não colocar uma exposição, para a população compartilhar. Na verdade virou um espaço de show”, acrescentou.
“NEGÓCIO DA CHINA”: A 38ª edição da Feira Agropecuária e Agroindustrial do Baixo Amazonas que aconteceu de 01 a 09 deste mês, no Parque de Exposições Alacid Nunes, virou motivo de reclamação de milhares de pessoas, em Santarém. Logo na chegada, segundo os usuários, para uma pessoa entrar apenas para ver os animais sem ter direito a prestigiar os shows de artistas locais e nacionais, teria que desembolsar cerca de R$ 10,00, enquanto que para as crianças diariamente foi cobrada a quantia de R$ 5,00.
Em alguns dias a entrada para adultos chegou a ser cobrado o valor de R$ 30,00, quando não teve shows nacionais e R$ 50,00, quando teve apresentação de bandas e cantores renomados, segundo os usuários. Após entrar no local de exposição o preço dos produtos assustou os clientes. De acordo com os usuários, uma latinha de cerveja custou em torno de R$ 4,00. Em bares localizados na área do Parque de Exposições Alacid Nunes, mas que não ficaram no local de shows o balde de cerveja custou R$ 30,00, enquanto que dentro da área de espetáculo o balde de cerveja ficou em torno de R$ 50,00. Quem lucrou com esses preços absurdos, foram os cantores que vieram buscar o pouco dinheiro que está circulando na cidade, bem como os empresários desses cantores e os próprios organizadores da Feira. Quem saiu perdendo foi a população santarena.
Enquanto que para muitas pessoas o Brasil vive um período de crise econômica, para quem buscou diversão em eventos na cidade, no início deste mês, a Feira Agropecuária virou ostentação. Devido aos preços exorbitantes cobrados tanto para entrar na área de eventos quanto para consumir os produtos oferecidos no local, para a população de Santarém, a Feira Agropecuária virou um “negócio da China”.
A 38ª Exposição Feira Agropecuária e Agroindustrial do Baixo Amazonas e 7ª Feira da Produção Familiar encerrou no domingo, 09. O evento regional é um dos mais importantes no âmbito socioeconômico do Oeste paraense. Segundo os organizadores, neste ano, houve aumento no volume de negócios, superando R$ 30 milhões, sendo maior que a edição de 2014. Enquanto que o total de visitantes ficou em torno 80 mil pessoas, nos nove dias do evento. A feira foi realizada no Parque de Exposições Alacid Nunes, que fica na Avenida Gonçalves Dias, bairro de Santana.
Fonte: RG 15/O Impacto