Jovem morre após contrair infecção intestinal dentro de navio

O descaso das autoridades com o transporte fluvial de passageiros pelos rios da Amazônia chegou ao extremo. A vítima desta tragédia não foi a óbito por causa de um naufrágio, como é comum associarmos tragédias nos rios. O jovem Lucas Sousa Marinho, de 18 anos, faleceu na madrugada de terça-feira, 3, no Hospital 28 de Agosto, na cidade de Manaus (AM), por complicações decorrentes de uma infecção intestinal contraída após realizar uma refeição servida em uma embarcação que faz linha para a capital amazonense.
O jovem, que era cadeirante e portador de necessidades especiais, natural do município de Óbidos, a cada três meses tinha que viajar com a sua mãe para Manaus, para fazer tratamento. Lucas embarcou no navio “Luiz Afonso” na cidade de Monte Alegre, começou a sentir-se mal no dia 26 de setembro.
De acordo com a tia do rapaz, no mesmo dia, 40 passageiros passaram mal ao comerem a refeição que foi vendida no jantar da noite anterior. Ela relatou momentos difíceis ocasionados pela falta de preparo da tripulação e de medicamentos no navio. Com uma quantidade grande de passageiros passando mal, e sem um profissional de saúde para prestar assistência, apenas Dipirona foi dada para os passageiros.
“Adoeceram 40 passageiros, eles pararam em Itacoatiara para prestar socorro. Foi o maior sufoco, as pessoas desmaiavam. Nós só tomamos remédio mesmo quando chegamos lá. No meu caso que também passei mal, da mãe do Lucas e dele, nós fomos transferidos para Manaus em uma ambulância do Samu. Chegando lá o Lucas foi direto para a sala de reanimação e de lá ele foi transferido para a UTI, devido ao seu estado de saúde que já estava grave”, disse Lilian Regina Sousa Marinho, tia da vítima.
Depois de vários dias internado na UTI e lutando pela vida, o estado clínico de Lucas não apresentava melhora, uma vez que teve o pulmão afetado pela infecção. A equipe médica detectou uma bactéria nos pulmões do rapaz, que precisou entre tantos procedimentos, fazer hemodiálise durante o tratamento.
Porém, devido ao seu estado já muito debilitado, não resistiu e foi a óbito.
Segundo a tia de Lucas, os responsáveis/proprietários da embarcação pouco auxiliaram no momento difícil que a família enfrentou, durante o tempo que o jovem permaneceu internado. “O comandante da embarcação nos acompanhou até a saída da ambulância de Itacoatiara para Manaus, depois disso, eles não prestaram nenhum tipo de ajuda. Só nos deram 350 reais porque nós fomos lá no barco e mostramos os comprovantes das despesas com o tratamento dele, depois disso eles não deram nenhuma assistência”, denuncia Lilian.
Revoltados com a tragédia, que poderia ser de maior proporção, os familiares de Lucas garantem que vão atrás de seus direitos, devem acionar a Justiça para processar a empresa proprietária da embarcação.
“Vamos processar eles sim. Sei que ele não volta mais, que dinheiro nenhum vai fazer ele voltar, mas pelo menos vamos alertar as autoridades da irresponsabilidades dessa empresa com a vida dos passageiros. Tem muita embarcação nesse trecho que presta um serviço ruim, a tripulação trata mal as pessoas, isso não pode continuar”, afirmou a tia de Lucas.
Com muita tristeza, dor e revolta, a família de Lucas recepcionou em Óbidos, na quarta-feira, dia 04, o corpo do jovem, que foi transportado dentro de uma urna, trazido pela mesma embarcação na qual teve início a sua morte. O sepultamente aconteceu no dia seguinte, quinta-feira, dia 05, no cemitério São João Batista.
A tragédia que abalou a população obidense, é o resultado do descaso com que são tratados muitos dos passageiros que precisam viajar pelos rios da Amazônia.

Fonte: RG 15/O Impacto, com informações e fotos do Portal Obidense