ADEUS ANO VELHO/FELIZ ANO NOVO

Gostaria de não ter que desejar um ano novo como o brasileiro de todo dia. Este “Não desiste nunca”. Razão porque quero oferecer às pessoas que me honraram com suas leituras, aos textos que redigi, durante o ano que ora se finda com um outro texto da magnífica escritora brasileira LYA LUFT, publicado na revista VEJA nº 2457, ano 48 nº 51 de 23.12.2015. “O DESEMPREGO NOSSO DE CADA DIA”. Leia:

Não sei quantos de nós se dão conta de que a cada dia milhares de brasileiros perdem o emprego. Parece irreal, como tantas coisas nestes tempos. Por exemplo, os grotescos acontecimentos na Câmara, e mais: na Comissão de Ética, mostrando que, com honrosas exceções, as pessoas que ocupam aqueles altos postos lá não poderiam estar. Mas nós, os trouxas, que os botamos nesse Congresso como nossos representantes, tivemos plena consciência de cada voto? Sabíamos o que pretendiam e iriam fazer? Tentamos nos informar, lemos jornais e revistas, discutimos com amigos, vimos programas importantes na televisão?

Congressistas portaram-se como homens da caverna, trocando insultos sopapos, com ternos desalinhados, gravatas repuxadas, esgares de ódio ou ar de indisfarçada ironia, moleques divertindo-se ao emperrar votações importantes, perturbando os que quereriam trabalhar para merecer seus altos honorários e polpudas vantagens. Nós os escolhemos. Estávamos distraídos na academia, na praia, na balada, no chopinho, até no trabalho – mas deveríamos imaginar que quando decidimos a vida do país decidimos também a nossa vida.

Um excelente, inédito trabalho da Justiça confirma que o Brasil era movido à corrupção. Ações e prisões espetaculares, nomes importantes atrás das grades, empresas respeitadas pelo mundo esfacelam-se em opróbio. Este país – que parece um grande boneco fazendo esgares e gesticulando ou dando pulos sem sentidos para todos os lados, sem remédio para seu descontrole, pois está enfermo – é a pátria que amamos, onde temos raízes, a quem demos filhos e netos, trabalho e suor. Nosso assombro e susto vão se transformando em desgosto e tédio. Palavrório e teorias, opiniões e frases pomposas, não nos convencem mais. Que deprimente ver donas de casa reduzindo as já poucas compras no supermercado, jovens sem poder seguir seus estudos, trabalhadores honestos sendo demitidos. Melancólico é pensar que nós votamos sem saber em quem estávamos apostando em quanto desviariam fortunas ou olhares, nem imaginar as tremendas falcatruas que nos trouxeram a esta situação, com milhares de brasileiros perdendo o emprego a cada dia, aflições e humilhações impensáveis para eles e suas famílias.

Manifestações pelas capitaisdo país, tantas neste ano que termina, demonstraram a impaciência e a aflição dos desempregados, endividados, assustados brasileiros. Não importa o cálculo patético de serem menos pessoas do que na vez anterior. Importa que o povo se desgasta: passa do espanto e da indignação ao cansaço nesta situação sem saída à vista. E do cansaço ao desespero pode ser um passo.

No livro “Paisagem Brasileira” escrevi, repeti, enfatizei que nós, com nossa ingenuidade, desinteresse ou desconhecimento, provocamos ou permitimos, mais de uma vez, este caos que inclui a conta altíssima, que não contraímos mas estamos pagando. Mesmo assim, o povo que se manifesta nas ruas sinaliza que tem alguma esperança: ainda conta com bons ventos e algumas autoridades honradas, espera que o trabalho da Justiça continue e se cumpra, e que vença a lei, que assegura a verdadeira democracia, palavra tão malbaratada nestes dias.

Não roubem esse alento aos brasileiros honrados, senhores responsáveis. Não impeçam com firulas jurídicas ou tramoias políticas, uma tomada de rumo que possa abrir alguma claridade neste horizonte de confusão e sombra onde milhões de nós empobrecem, endividados, atormentados, inseguros, descrentes e aflitos.

Permitam que o país se recupere, e em breve a gente escreva colunas mais otimistas. Porque este povo – que se debate entre desânimo e indignação, com ameaça clara e mais sofrimento emais exploração – merece algo bem melhor. Protestando, não importa o número ou quem força na voz, ele mostra que ainda aguarda mudanças: que esse resto de ânimo não vire desespero, se o número de brasileiros desempregados continuar aumentando, implacavelmente, muito milhares mais a cada dia.

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UM 2016 – ANO DE ELEIÇÃO SEJA UM ANO DE MUITAS ALEGRIAS, REALIZAÇÕES E SEM MENTIRAS DOS NOSSOS GOVERNANTES.

Neste final de ano de muitos falecimentos, o meu círculo de amizade diminuiu: pessoas amigas, queridas e parentes nos deixaram e foram passar o réveillon e uma das moradas do nosso Pai celeste. Partiu o meu primo, por afinidade, RAIMUNDO JOSÉ RODRIGUES DE LIMA, conhecido como Lima da CDP- ou o Lima da Doca. No mesmo dia 26, o meu companheiro de confraria da Academia de Letras e Artes de Santarém, o MESTRE ISAURO; na terça-feira, 29 o meu colega de Seminário São Pio X, e meu ex-aluno na FIT, o corretor de imóveis GILBERTO AQUINO; no mesmo dia em que foi encontrado o corpo do, também, corretor de imóveis MARCELO PIMENTEL, meu ex-aluno na ULBRA. E finalizando a terça-feira, faleceu a minha ex-professora de Moral e Cívica e Canto, ESTER,que muito anos trabalhou no Colégio Batista. A todos os seus familiares, as nossas solidariedade e as nossas condolências. Que Deus os receba no reino da Glória. E descansem em paz. Amém.

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