Doutor em Direito mostra preocupação com o futuro da educação no Brasil
Incertezas que rondam o desenvolvimento do País, devido à crise política, geram desconfianças do Mestre e Doutor em Direito, Janguiê Diniz, diz respeito ao futuro da educação no Brasil. Ele é o Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, mantenedor da FIT/Unama de Santarém.
Para o Doutor Janguiê Diniz, um cenário de incertezas ronda a cabeça de todos os brasileiros e dezenas de perguntas continuam sem respostas sobre o desenvolvimento em vários segmentos. “Chegamos ao final de 2015 rodeados e preocupados com uma forte crise econômica vivida pelo país. Entre as dúvidas está o desenvolvimento da educação nacional. No Brasil, todos os governos colocam que a educação é uma meta prioritária. Ela foi e ainda é utilizada na plataforma eleitoral de todos os partidos. No entanto, a maior parte das promessas feitas durante a corrida eleitoral não são cumpridas pelos que assumem o poder”, aponta o professor.
O desleixo com a educação no Brasil, segundo ele, não é tema de debate recente, onde em 1932, foi lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, um documento que continha um diagnóstico conciso e propunha ações necessárias para uma mudança drástica no setor de educação. Já em 1959, aconteceu uma nova versão do Manifesto.
“O primeiro Plano Nacional de Educação (PNE) foi pensado em 1962. Apenas 26 anos depois, em 1988, ele foi aprovado pelo Congresso e só em 2001 foi implantado. O PNE continha um conjunto de metas e estratégias para um período de 10 anos. O segundo PNE foi aprovado recentemente pelo Congresso”, lembra Doutor Janguiê.
Ele afirma que o futuro da educação nacional é incerto, mas é possível traçar possíveis caminhos na busca pela excelência e democratização do modelo educacional brasileiro. “O que todos esses projetos têm em comum? A resposta é simples: eles não têm sido executados em sua totalidade. Para não perdermos em competitividade é preciso formar mão de obra qualificada e para atender as demandas da crescente classe média, que busca oportunidades de um futuro melhor, é preciso garantir a todos o acesso ao conhecimento”, sugere o mestre.
De acordo com pesquisa realizada em 2013 pela consultoria McKinsey & Company, 48% dos empregadores brasileiros consideram a escassez de competências como a principal razão para vagas no nível iniciante não preenchidas. “Para melhorar a educação é preciso pensarmos de forma ampla e também podemos nos avaliar fórmulas que dão certo em outros países”, diz Doutor Janguiê.
Segundo ele, no Brasil, o ensino público é sinônimo de gratuidade e, não tanto quanto antes, mas essas instituições são reconhecidas, também, pela sua qualidade de ensino e pelo foco na formação acadêmica. “Nos Estados Unidos, entretanto, até as universidades públicas são pagas. Lá, há uma diversidade de instituições voltadas à capacitação profissional de jovens que optam por seguir um caminho menos tradicional e acadêmico e mais voltado para o mercado de trabalho, as community colleges”, aponta o mestre.
DECLARAÇÃO DE BOLONHA: Na Europa, em 1999, 29 países aderiram à Declaração de Bolonha, visando estabelecer um padrão para o Ensino Superior na Europa. Na prática, de acordo com Doutor Janguiê, a Declaração estabeleceu que por lá, o ensino superior estaria dividido em três ciclos: “O primeiro com duração mínima de três anos irá garantir o grau de licença ou graduado; o segundo corresponde ao grau de mestre e deve durar entre um ano e meio e dois anos; e o terceiro ciclo, que equivale ao grau de doutor. Esse sistema é válido para todos os Estados que aderiram à Declaração, promovendo um ciclo comum entre as instituições e proporcionando a mobilidade dos estudantes e pesquisadores”, disse.
Para ele, elevar o padrão de qualidade da educação no Brasil, não é só um requisito para a modernização do país e a melhoria das condições de vida dos brasileiros. “É um requisito também para a inclusão demandada por uma sociedade desigual. O ensino de qualidade, especialmente no nível fundamental, que é o nível que mais afeta a cidadania, deve ser visto como um compromisso e todos”, comenta.
SUBSTITUIÇÃO DE CONTEÚDOS: Os conteúdos desnecessários em todos os níveis de ensino, de acordo com Doutor Janguiê, devem ser substituídos por exercícios que estimulem o pensar, a argumentação, a criatividade, e a prática aplicada na resolução dos problemas. “Não há outro caminho para o Brasil melhorar, para as ruas serem atendidas, para diminuir o grau de corrupção, para que se elejam políticos e governantes dignos, probos, para melhorar a qualidade do serviço público, da pesquisa, da tecnologia, de tudo no País, se não investir na educação de forma intensiva”, afirma.
Manoel Cardoso
Fonte: RG 15/O Impacto