PRODUTOR RURAL REFERENDO

ORGANIZA-SE PARA PRODUZIR:

Ao fazer uma viagem para Santana do Tapará, com 02 horas de balsa, foi verificado em todo o percurso a grandiosidade e poderio das várzeas: diversos deste e de outros lugares da região.

Em 1960, quando fui para residir no Rio Ituqui, a vontade era muita de crescer na vida e juntei-me aos outros produtores da várzea para produzir de tudo o que se plantava, sem muito dos recursos que temos hoje, de sementes selecionadas, facilidade de orientação técnica, financiamento, etc. Diferente do que se fazia, tirando semente e guardando para a próxima safra, nossa produção era jerimum, mamão, melancia, tomate, quiabo, maxixe, feijão, milho e outros hortigranjeiros, próprios da nossa região. E veja, sabe como se fazia para espantar camaleão jacuruxi, iraúna e cigana? Era com espantalho de roupa velha e balador com bolinha de barro, feito com borracha do regador muito usado na naquele tempo. O carieiro e a saúva, se matava com tucupi. Quando não se dava conta, entrava o veneno formicida tatú, muito perigoso; bastava dizer que tinha prêmio para quem fosse na fábrica dizer o gosto que tinha o veneno. Mesmo com as dificuldades da época, nossa produção era muito grande e vendida no mercado local, pois não tínhamos outra opção como hoje, de exportar. Eu, com mais um pouquinho de experiência, comecei a incentivar e organizar para tirar a 3ª safra por ano na várzea, o que fizemos com bastante sucesso. Como era feito: quando água vinha enchendo, se limpava capinando com enxada a área desejada, o tanto que se podia. Quando vasava, a terra vinha limpa e se plantava na lama. Tudo nascia, tudo crescia, e, até a vazante total, se colhia a 1ª safra, e logo com uma irrigação que vou explicar mais adiante, se plantava a 2ª safra do verão, e se irrigava para não ser prejudicado na estiagem. Depois da colheita, já nas 1ªs chuvas do inverno o 3º plantio para colher antes da enchente, que vinha cobrindo as várzeas, e com isto adubando com o esmeril e humos próprios da Amazônia.

Esta irrigação era feita com uma bomba auto escovante acoplada no eixo de um motor do pequeno barco, puxando água do rio atracado na frente da lavoura, de onde se molhava 50 metros sendo 10 metros para cada lado que com 10 atracadas se irrigava “1/2 hectare” (2 tarefas) com uma borracha de 50 metros de comprimento, isto a cada 3 dias, quando não dava alguma chuvinha no verão. A nossa produção era tão grande que dava para pagar toda a despesa e sobrava bastante que dava para investir em outros negócios, pois não tinha outra alternativa para sobreviver, não existia as tais bolsas e defesos como hoje. Os maiores compradores de nossas safras era o Sr. Diniz, da Prainha, na Rua do Imperador, e no mercado municipal, o Sr. Frazão e outros quitandeiros. Quando no verão, se vendia na praia. O próprio barco (tipo bajara de hoje) com pequeno motor de centro, servia também para o transporte da produção. Era tudo muito difícil, a bomba e as mangueiras, que eram usadas e sempre compradas em São Paulo, e tanto para mim como para os outros colegas produtores, os que tinham também de criação de gado, eram cercadas para não haver prejuízos na produção e não ter inimizade com os colegas criadores.

Caso ocorra estas providências agora, prevendo a grande falta que se aproxima desta produção pelo clima que estamos enfrentando, saberemos com certeza que terá financiamento para construção do casco e compra do motor pelos órgãos de incentivo à produção, e que com certeza tem verbas para estas operações. É só procurar as entidades autorizadas para elaboração de projeto, buscar financiamento e boas safras.

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