PMDB do Rio decide apoiar desembarque do governo Dilma
Bastião governista até o início do mês, o PMDB do Rio resolveu retirar seu apoio à gestão Dilma Rousseff e pretende votar majoritariamente a favor do desembarque do governo, em reunião do Diretório Nacional do partido, marcada para terça-feira. A saída complicará a situação de Dilma no plenário da Câmara, caso o processo de impeachment seja admitido pela comissão especial: a bancada do PMDB do Rio é a maior do partido, com 12 deputados.
A decisão foi comunicada ao vice-presidente da República e presidente do partido, Michel Temer, pelo presidente do PMDB do Rio, deputado Jorge Picciani, que é presidente da Assembleia Legislativa (Alerj). Os dois se encontraram anteontem em um hospital do Rio durante visita ao governador Luiz Fernando Pezão. Segundo fonte do partido, o PMDB do Rio, agora, “está fechado com Temer”. Pezão, bastante próximo a Dilma, com quem conversou nesta quinta-feira por telefone, não irá à reunião por estar doente.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, que depende da parceria com o governo federal para as Olimpíadas, também não deve comparecer. Já o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), deverá ter posição oposta à do pai, Jorge Picciani, e votar contra a saída. Ele foi reeleito para a liderança do partido com o apoio do Palácio do Planalto. Na ocasião, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, foi exonerado para voltar à Câmara e apoiar a recondução de Picciani.
Nas últimas eleições, no entanto, a família Picciani fez campanha para o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves. Jorge Picciani coordenou a campanha do tucano no Rio e criou o movimento “Aezão”, que pregava o voto em Aécio e em Pezão.
Até o vazamento da delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) e a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na Polícia Federal, no início do mês, Jorge Picciani se mostrava contra o impeachment. Em entrevista ao GLOBO, em fevereiro, disse que não achava ter havido crime de responsabilidade da presidente.
Após a delação de Delcídio e a condução coercitiva de Lula, Jorge Picciani passou a dizer a aliados que o governo cairia em três meses. Ele passou a duvidar da capacidade de reação do Planalto e a afirmar que o PMDB do Senado, que tem sido o esteio do governo, não terá condições de segurar o impeachment, em caso de aprovação pela Câmara.
— Água morro abaixo e fogo morro acima, ninguém segura — disse o presidente da Alerj, segundo pessoas próximas.
RIO TEM 14 VOTOS
Os 12 integrantes do PMDB do Rio no Diretório Nacional têm direito a 14 votos, pois Jorge Picciani vota duas vezes, por ser presidente estadual do partido, enquanto Leonardo Picciani também vota como líder na Câmara. Os outros membros são Paes, Pezão, o ex-governador Sérgio Cabral, os secretários Rafael Picciani, Pedro Paulo, Marco Antônio Cabral, Paulo Melo, o ex-secretário Régis Fichtner, o ex-ministro Moreira Franco e o deputado Washington Reis. O ministro Celso Pansera, os prefeitos Dr. Aluízio (Macaé) e Nelson Bornier (Nova Iguaçu) e o deputado Fernando Jordão são suplentes.
Reis é próximo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário da presidente. Moreira é um dos principais articuladores do impeachment. Próximo ao vice, o ex-ministro elaborou o “Plano Temer”, documento com críticas à política econômica do governo Dilma. Moreira passou a fazer oposição após ser destituído da Secretaria de Aviação Civil da Presidência, no fim de 2014.
Fonte: O Globo