MILTON CORRÊA

Um em cada dez inadimplentes já contrataram empresas para limpar o nome, mostra SPC Brasil

Em metade dos casos, o nome não foi limpo

Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) identificou que um em cada dez brasileiros que estão ou estavam inadimplentes há no máximo doze meses (9,9%) já contrataram empresas para limpar seu nome. O estudo mostra que em metade desses casos, o problema não foi resolvido com a contratação.

Considerando ainda os inadimplentes que não tiveram o nome limpo pela empresa contratada, apenas 27,5% conseguiram reaver todo o dinheiro investido, sendo que a maioria (47,1%) não teve o valor devolvido.

Para o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, os resultados da pesquisa mostram que o consumidor precisa refletir antes de contratar uma empresa para limpar o nome. “É um momento em que a pessoa está sentindo os efeitos da restrição ao crédito e com dificuldade para comprar. É comum que a ansiedade de ter o nome limpo leve o consumidor a agir sem pensar, o que traz dois riscos imediatos”, afirma Vignoli. “Primeiro, o de ser vítima de uma empresa com más intenções, que pode apenas tomar o dinheiro da pessoa, sem oferecer resultados. Segundo, o de pagar por um serviço sem saber as condições acordadas no contrato, sobretudo no que se refere à devolução do dinheiro, em caso de insucesso”.

Entre os entrevistados que contrataram empresas para limpar o nome, seis em cada dez (59,3%) afirmam não saber quanto pagaram por este serviço, e entre os que sabem, a quantia média dispendida foi cerca de R$ 3.400,00.

Dívida pode ficar ainda mais cara com gastos com empresa

 Ainda que quase metade dos que contrataram uma empresa (46,0%) considerem que valeu a pena por terem conseguido tirar o nome dos cadastros de proteção ao crédito, outros 24,9% consideram que não valeu a pena, pois a dívida ficou mais cara do que se a pessoa tivesse resolvido o problema direto com o credor.

“Buscar informações e negociar diretamente com o credor pode ser bem mais vantajoso e também pode ser feito pelo próprio consumidor”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Ao tentar um acordo pessoalmente, ele sabe que todo o dinheiro envolvido no processo será empregado na quitação do débito. Além disso, ninguém melhor do que a própria pessoa para avaliar as condições oferecidas pelo credor”, explica.

A facilidade de encontrar empresas que façam esse serviço pode ser identificada pelo meio que os consumidores as encontraram: mais da metade (56,2%) acharam a empresa pela internet, seguida por indicação de amigos e parentes (15,2%).

“É sempre importante desconfiar de quem oferece soluções muito rápidas e fáceis, pois o nome não vai desaparecer miraculosamente dos cadastros de restrição ao crédito”, orienta Kawauti. “Existe um motivo para que o nome esteja sujo e isso só será resolvido caso a dívida seja paga integralmente ou em casos de uma negociação bem-sucedida e com a primeira parcela paga”.

Controle de gastos é a principal mudança de comportamento

A pesquisa do SPC Brasil mostra que a experiência de ter o nome sujo fez com que muitos consumidores mudassem a forma de administrar o seu orçamento financeiro. Para 59,9% dos entrevistados que contrataram empresas para limpar o nome, o controle dos gastos foi a mudança de comportamento adotada. Em seguida, aparecem evitar o uso do cartão de crédito (17,8%), cancelar o cartão (16,3%) e comprar quando podem pagar à vista (15,9%).

“De fato a diminuição do uso ou cancelamento do cartão é uma ótima ajuda para quem precisa controlar os gastos parcelados ou para quem ainda não tem um planejamento financeiro adequado”, orienta a economista. “Essas medidas têm impacto imediato na vida dos consumidores e isso já é refletido no orçamento do mês. ”

Comissão aprova pensão para participantes de colonização na Amazônia

Agencia Câmara

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou, na quarta-feira (11), proposta que concede pensão especial vitalícia aos colonos que participaram do programa de colonização do governo federal na Amazônia, no período de 1971 a 1974.

Pela proposta, os colonos assentados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nos projetos de colonização implantados ao longo dos trechos das BR-163 (Cuiabá/Santarém) e BR 230 (Transamazônica) receberão pensão no valor de dois salários mínimos mensais. Para fazer jus ao benefício, será admitida prova documental e testemunhal.

O projeto original falava em pensão no valor de R$ 1.500, mas o relator preferiu especificar o valor em número de salários mínimos, entre outros ajustes. Pelo texto aprovado, a pensão especial poderá ser requerida a qualquer tempo e não será acumulável “com quaisquer rendimentos percebidos dos cofres públicos”, exceto os benefícios previdenciários.

A pensão especial será transferível aos dependentes, no caso de morte do colono assentado. Ainda segundo o texto, as despesas decorrentes da aplicação da medida correrão à conta das dotações consignadas no Orçamento Geral da União

Expectativas frustradas

O relator explica que o governo planejou um programa de colonização, executado pelo Incra, que consistia na instalação de agrovilas a cada 10 km das rodovias que seriam abertas na Amazônia, “mas nada deu certo”.

“O governo prometeu fornecer a infraestrutura e dar o apoio necessário aos colonos, no entanto, deixou-os praticamente abandonados à sorte”, disse o Professor Victório Galli.

“Por isso, tem razão a autora do projeto quando afirma que é justa a criação de uma pensão especial para reparar as expectativas frustradas dessas pessoas ludibriadas pelo não cumprimento das promessas do governo federal”, completou.

Tramitação

De caráter conclusivo, a proposta será analisada agora pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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