Criação de Vara Ambiental confere Protagonismo ao TJE

Advogado ismael Moraes
Advogado Ismael Moraes

Com a discrição que lhe é peculiar, o desembargador Constantino Guerreiro acaba de premiar a sociedade paraense com um feito que irá ser um divisor de águas na Administração da Justiça: a criação de vara especializada em interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, o que inclui, sobremaneira, as questões ambientais.
A Amazônia, considerada a última fronteira, possui a maior reserva de água doce e o maior acervo genético do Planeta. E o Pará não é apenas parte da Região Amazônica: é onde estão as maiores reservas minerais, a maior reservada florestal em madeiras de lei com potencial comercial e quase todos os portos naturais com capacidade para instalação de bases para escoamento de produtos para o mundo, pois aqui é onde estão os estuários onde se encontram o Oceano Atlântico e o rio Amazonas. Por outro lado, ao aqui estar a maior população de toda a Amazônia, o largo processo de antropização leva a constantes conflitos entre os interesses coletivos e difusos e o das atividades econômicas, que na maioria das vezes não oferecem qualquer contrapartida às perdas locais causadas pelos empreendimentos.
Há quase 5 anos, em dezembro de 2011, com a regulamentação do art. 23 da Constituição Federal pela Lei Complementar nº140/2011 os Estados federados assumiram a quase plenitude da gestão ambiental, desde o licenciamento até a fiscalização, o que, por sua vez, ao retirar da Justiça Federal o sobrepeso de dirimir os conflitos até então de sua incumbência, atribuiu à Justiça Estadual a competência para administrá-los.
O Judiciário estadual paraense possui magistrados capacitados para enfrentar tais questões, o que já demonstraram ao proferir decisões de alto nível ao julgarem mesmo sem a retaguarda de um aparato tecnológico. Mas até que o desembargador Constantino Guerreiro desse esse passo fundamental, o Tribunal de Justiça do Estado não havia se preparado para assumir tais responsabilidades de modo planejado, o que implica não apenas a criação de varas especializadas, mas também na delicada articulação política com os Poderes Executivo e Legislativo para garantir mais recursos na repartição do bolo orçamentário. É que para funcionar a contento, uma vara ambiental pressupõe uma estrutura técnico-científica digna de prestar ao magistrado estudos seguros para lastrear decisões, sem que tenha que depender dos trabalhos precários e incertos de instituições como o Renato Chaves.

Fonte: RG 15\O Impacto

 

Um comentário em “Criação de Vara Ambiental confere Protagonismo ao TJE

  • 2 de agosto de 2016 em 08:45
    Permalink

    Muito bem ótimo que se crie esta vara agrária, porém não adianta de nada se não houver fiscalização dentro das madeireiras do pará constantemente, pois aqui em santarém no caso a madeireira rancho da cabocla rouba madeira do floresta pública do curuatinga a mais de 20 anos com a benção do PT (airtom faleiro), e do PSOL de santarém, entram com caminhões de madrugada no pátio da madeireira e o IBAMA pega uma propina grossa destes madeireiros. Os caminhões carregados de toras chegam de madrugada pela curuauna, e irrigam santarém de madeira ilegal.. E os órgãos publicos sabem, porem precisam de apoio político.
    O sindicato dos trabalhadores rurais é uma máfia pois esta no meio disto, também pega sua ponta da alcoa para destruir as margens dos rios dentro do pae juruti velho e tudo isso é abafado. O sindicato rural de monte alegre é muito mais uma máfia de extração ilegal de madeira implantada em 2006 e que funciona atéw hoje.
    Será que esta vara ambiental vai enfrentar e punir isto.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *