Senado termina fase de depoimentos de testemunhas e informantes

Plenário do Senado durante julgamento do impeachment
Plenário do Senado durante julgamento do impeachment

O professor de Direito da Uerj Ricardo Lodi foi o último a ser ouvido na fase de tomada de depoimentos de testemunhas e informantes no julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. O processo será retomado na segunda-feira, quando Dilma será questionada no plenário do Senado. Na retomada da sessão deste sábado, após o depoimento de Nelson Barbosa, o clima novamente azedou no plenário. Primeiro inscrito, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) disse que, como Lodi foi advogado de Dilma no Tribunal de Contas da União (TCU), então seria “patético” fazer perguntas, porque ele não é um informante isento.

— Se um juiz pergunta ao advogado da ré se ela e culpada, por óbvio que ele dirá que não. Portanto não terá informações a dar, não se trata de um informante neutro. Vou declinar de qualquer pergunta a quem advoga para a ré. Me parece patético — disse Ricardo Ferraço sobre a presença do professor.

Em seguida, foi a vez do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) dizer, em tom de ironia, que ia “testar a imparcialidade do informante”.

Quando o presidente da sessão, ministro Ricarrdo Lewandowski, passou a palavra para o próximo inscrito, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) declinou de fazer perguntas. Lewandowski então deu sequência à ordem dos inscritos e passou a palavra a Vanessa Grazziotin (PCdoB – AM), que alfinetou o tucano, dizendo que ele só recusou fazer perguntas porque a sessão tinha deixado de ser transmitida ao vivo pela televisão.

— Estou aqui por ter sido eleito por mais de um milhão de votos do povo da Paraíba — defendeu-se Cássio.

— Não queria transformar isso aqui em uma esgrima verbal, estamos todos cansados — ponderou Lewandowski.

— Eles dizem que nós só falamos para aparecer no documentário que está sendo feito. Eu não posso levar que a gente só fala porque quer aparecer na televisão. Quem fala o quer, ouve o que não quer ouvir — rebateu a senadora.

Ricardo Lodi disse, durante seu interrogatório, que não vê motivos para que Dilma seja punida por crime de responsabilidade.

A sessão do julgamento do impeachment com a presença de testemunhas foi retomada por volta das 19h40 no Senado. O pedido do advogado de defesa de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, para que Ricardo Lodi fosse ouvido como informante foi acatado por Ricardo Lewandowski.

A acusação contestou a presença de Lodi e defendeu que ele não fosse ouvido. Alegou que ele estaria impedido de atuar no julgamento porque auxiliou na defesa de Dilma durante o processo. Ele foi assistente pericial no processo.

— Nós reconhecemos o impedimento, nós o arrolamos para depois o converter em informante. A figura do informante é justamente porque está impedido ou é suspeito. Não vejo nenhum problema que, na posição de informante, seja ouvido o professor — disse Cardozo.

O ministro Ricardo Lewandowski, que preside a sessão, negou o pedido da acusação para impedir que Ricardo Lodi falasse. Lewandowski afirmou que o período para este pedido já está ultrapassado e que, mesmo que não houvesse pedido da defesa, ele próprio tem interesse em ouvir o que Ricardo Lodi tem a dizer.

— A matéria está preclusa. A defesa pediu a qualificação da testemunha como informante e nós sabemos que o informante não está sujeito a impedimento. Como este é um processo que se assemelha ao do juri, nós queremos, pela importância desse julgamento, atingir a verdade real — afirmou o ministro.

— Ricardo Lodi está aqui na qualidade de informante, ele não presta compromisso, apenas informações. Se não fosse a pedido da defesa, seria, e agora será, a pedido do presidente, que tem interesse no esclarecimento dos fatos — concluiu Lewandowski.

Fonte: O Globo

 

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