Pe. Edilberto: “Nélio tem que se desligar de oportunistas e sanguessugas”
O atual cenário político do Brasil, do Pará e de Santarém, onde diversas mudanças ocorreram devido ás eleições municipais de outubro deste ano, além do impeachment da Presidente Dilma Roussef (PT) e a ocupação do maior cargo da administração pública nacional por Michel Temer (PMDB) motivou o padre Edilberto Sena a tecer duras críticas relacionadas a atual conjuntura da classe política.
O coordenador da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Santarém, padre Edilberto Sena intitulou o atual quadro político como “túnel sem luz no final”. Para ele, a população não pode cruzar os braços diante dos problemas que estão acontecendo no País ocasionado pela classe política. “Diante desse túnel sem luz no final, da política e administração pública nacional, não se pode cruzar os braços. Estão sendo esmagados direitos de pobres, trabalhadores e até da classe média, em nome de um equilíbrio das contas públicas, de quem? É preciso se cultivar a esperança entre as trevas. Resistir e construir um novo caminho, no Município. Aqui a democracia pode ser exercida mais concretamente. A sociedade está mais próxima dos servidores públicos (Prefeito, vereadores, secretários). O caminho é mais curto para os sindicatos, associações de comunidades e movimentos populares chegarem a eles”, aponta o religioso.
Mesmo que a democracia esteja bastante desgastada, segundo padre Edilberto, ela ainda é o sistema possível de convivência entre os seres humanos. “Teoricamente pela democracia o poder político tem origem no povo. Pela Constituição Nacional ‘todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente nos termos da Constituição’. Para isso, é possível o plebiscito, os conselhos municipais. Então, o Prefeito e os vereadores são servidores da sociedade (o povo)”, mostra o padre.
Devido ao desgaste da democracia, padre Edilberto alerta que o Brasil vive uma ditadura parlamentar e jurídica. “Como a democracia brasileira está demais desgastada, vivemos uma ditadura parlamentar e judiciária, ao menos no Município se pode exercer o poder que emana do povo”, diz.
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL: Em janeiro de 2017, o município de Santarém vai receber novo Prefeito e uma Câmara de vereadores renovada, porém, para o padre Edilberto, a mudança dificilmente vai acontecer. “Alguns vícios não vão mudar facilmente da parte deles. Mas é tempo de a sociedade civil assumir seu poder. Precisa ter consciência e disposição para exercer seus direitos humanos coletivos, como também conhecer os papéis essenciais de um Prefeito e de uma Câmara de vereadores”, argumenta o devoto.
Ele lembra que durante a campanha eleitoral deste ano, o novo Prefeito prometeu mudança em relação aos últimos quatro anos mal administrado por Alexandre Von (PSDB). Para padre Edilberto, Nélio Aguiar (DEM) tem o período de dois anos para mostrar que falou sério à população de Santarém e promover a mudança prometida em campanha.
“Prometeu basicamente administrar o Município com o povo e levando em conta as periferias, urbanas e rurais. Ele tem dois anos para mostrar que falou sério. Para isso, vai ter que escutar os diversos distritos, regiões, bairros. Terá que ter um competente Secretário de Planejamento para organizar um mandato participativo, como aconteceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, anos atrás. Escutando a sociedade em assembleias populares, vai poder sentir quais são as urgências das maiorias, vai expor com transparência os limites de recursos e com as assembleias, fazer prioridades de governo. Irá o novo Prefeito seguir esse modelo? Eis um de seus desafios”, analisa padre Edilberto Sena.
TRANSPARÊNCIA: Para que o novo prefeito Nélio Aguiar faça um bom governo, padre Edilberto observa que ele terá que “se desligar de seus amigos oportunistas, os sanguessugas da administração pública”. Se Nélio for transparente, de acordo com o religioso, ele fará a mudança que prometeu à sociedade de Santarém.
Quanto aos 21 vereadores, padre Edilberto ressalta que eles devem se aproximar da população, para poder fazer mudanças. “E os senhores vereadores que mudança farão? Revendo a Câmara que exerceu mandato nos últimos quatro anos, não há dúvida que precisa de uma verdadeira conversão. Se todos levarem a sério as duas funções essenciais de um Vereador haverá mudança. Quais são? Eles devem sentir as urgências das comunidades e bairros; compreender a necessidade de urbanização correta da cidade; visitar periodicamente todas as áreas rurais e urbanas para acompanhar, tanto as necessidades da sociedade, como as ações do Prefeito e seus secretários. E aí criar leis adequadas”, sugere padre Edilberto.
Para ele, o Vereador não é aliado do Prefeito, mas da sociedade como um todo. “O Vereador deve fiscalizar o mandato do Prefeito e seus secretários. O Vereador não é aliado do Prefeito, mas aliado da sociedade que o elegeu. Não tem que pedir favores do Prefeito, mas levar os movimentos sociais até o Prefeito com as reivindicações assumidas nas assembleias populares”, mostra o devoto.
MUDANÇA: Segundo padre Edilberto, a mudança deve acontecer não somente pelos servidores, mas, também, por sindicatos e entidades sociais. “Muda ou não muda a política municipal? Não só pelos servidores, mas principalmente mudará, se os sindicatos, as associações de moradores, associações de comunidades, se UNECOS e FAMCOS, acordarem para seu papel, se os sindicatos e as comunidades religiosas despertarem para sua responsabilidade. Aí mudará e a democracia reviverá. Vamos todos e todas assumir nossos papéis?”, pergunta padre Edilberto Sena.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto