MILTON CORRÊA

108 MILHÕES DE CONSUMIDORES VÃO ÀS COMPRAS NO NATAL, MAS GASTO MÉDIO DEVE CAIR 5,3%, APONTAM SPC BRASIL E CNDL

40% dos consumidores que vão comprar presentes pretendem gastar menos; pagamentos à vista e em dinheiro devem crescer. Quitação de dívidas é prioridade para quem não vai presentear

Aproximadamente 107,6 milhões de consumidores brasileiros devem presentear alguém neste Natal, segundo uma estimativa baseada em pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais. Se as expectativas se confirmarem, o Natal de 2016 será parecido com o do ano passado em volume de consumidores nas lojas, quando estima-se que 109,3 milhões de pessoas realizaram ao menos uma compra. Em termos percentuais, 72,2% dos consumidores brasileiros pretendem comprar presentes para terceiros no Natal deste ano. Apenas 7,4% das pessoas consultadas disseram que não vão presentear ninguém, ao passo que 20,4% ainda não se decidiram, o que equivale a quase 30,4 milhões de indecisos e potenciais compradores. Apesar do número elevado de compradores e das poucas variações frente a 2015, o gasto médio por presente deve cair: em 2016, o brasileiro vai desembolsar R$ 109,81 com cada presente adquirido, o que representa uma queda real – ou seja, já descontada a inflação acumulada do período – de 5,34% na comparação com o ano passado. Em 2014, o gasto médio por presente havia sido de R$ 125,22 e, em 2015, de R$106,94. Os consumidores das classes C e as mulheres devem gastar ainda menos do que a média: R$ 101,42 e R$ 84,65, respectivamente.

 APENAS COM PRESENTES, NATAL VAI INJETAR QUASE R$ 50 BI NA ECONOMIA

 O SPC Brasil estima que o gasto total do brasileiro neste Natal será de R$ 465,59, tendo em vista que cada consumidor comprará, em média, quatro presentes. Considerando apenas a aquisição de presentes, a movimentação de dinheiro na economia deve ser de R$ 50 bilhões. Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, os dados demonstram que mesmo diante da crise, o Natal continua exercendo uma forte influência no estímulo ao consumo, superando outras datas comemorativas. “A tradição do Natal se impõe mesmo com as dificuldades da crise, como desemprego, juros e inflação alta.  Apesar do cenário econômico adverso, o Natal deverá movimentar grandes somas em diversos setores da economia. Essa é uma oportunidade para os comerciante e lojistas se recuperarem das perdas que tiveram ao longo do ano, em virtude dos efeitos da recessão”, explica Pinheiro.

TRÊS EM CADA DEZ COMPRADORES PRETENDEM ADQUIRIR MENOS PRESENTES

Segundo dados da pesquisa, cresceu a quantidade de brasileiros que planejam comprar menos presentes no Natal deste ano. Três em cada dez (28,7%) consumidores ouvidos disseram que serão mais contidos na hora de encher o carrinho de compras.  No ano passado, eles correspondiam a 22,8% da amostra de compradores. Os que vão comprar a mesma quantidade de presentes que em 2015 somam 29,0% dos consumidores, ao passo que a minoria (18,8%) tem a intenção de aumentar a quantidade de presentes adquiridos. Embora a média de quatro presentes adquiridos por consumidor seja parecida com a do ano passado, aumentou o percentual de pessoas que vão comprar apenas um presente: eram 7,5% em 2015, passando para 12,5% em 2016.Seguindo a linha de contenção de gastos, o levantamento revela que quatro em cada dez (40,3%) consumidores pretendem gastar menos dinheiro neste Natal frente ao do ano passado, sobretudo a classe C (45,9%). Os que planejam gastar a mesma quantia são 21,1%, enquanto 21,7% acreditam que gastarão mais.

Entre aqueles que pretendem gastar mais, a principal justificativa, entretanto, não chega a ser algo positivo: mais de um quarto (26,4%) desses entrevistados culpam o aumento dos preços como motivo para desembolsarem mais com presentes. Outras razões são o fato de terem mais pessoas para presentear (19,0%) e a decisão de comprar presentes melhores ou mais presentes (14,8%). Neste ano, praticamente dobrou a quantidade de consumidores que vão gastar menos com presentes porque precisam economizar: em 2015 eles eram 12,2% da amostra e agora são 25,4% dos brasileiros ouvidos nessa situação. O desemprego é a segunda causa dos presentes mais modestos, citado por 13,9% desses consumidores. Outras justificativas ainda mencionadas são o pagamento de prioridades, como casa e carro (12,1%), dificuldades financeiras (11,7%), aumento da inflação e a economia instável (11,6%) e endividamento (11,2%).

PAGAMENTO DE DÍVIDAS É PRIORIDADE PARA QUEM NÃO VAI COMPRAR PRESENTES

Ter o hábito de presentear (53,3%) e considerar o gesto importante (35,6%) são as razões mais comuns entre aqueles que decidiram comprar presentes neste Natal. Apenas 4,9% das pessoas ouvidas disseram que o fazem de maneira forçada, apenas para cumprir uma obrigação social. Entre aqueles que não irão presentear terceiros no Natal de 2016 (7,4%), o endividamento desponta como a principal causa: quase um quarto (23,3%) dessas pessoas apontou a necessidade de priorizar o pagamento de dívidas. Entre as mulheres, o percentual cresce para 33,8%. Outras razões ligadas à crise e avaliadas pelos entrevistados como obstáculo para a compra de presentes foi o desemprego (13,0%) e a falta de dinheiro (12,4%). Outros 20,6% alegaram que não vão presentar por não terem o costume.

PARA CONSUMIDOR, PROMOÇÃO SERÁ FATOR DECISIVO PARA ESTIMULAR COMPRAS

 Diante do bolso mais vazio, o Natal deste ano marcará uma mudança no comportamento do consumidor. Menos pessoas vão levar em consideração o perfil do presenteado na hora de escolher o produto (45,9% em 2015 para 27,8% em 2016) dando mais atenção às promoções e descontos, que passaram de 4,8% no ano passado para 16,7% neste ano. Com relação ao ponto de venda, novamente o valor do produto é o fator que mais pesa. Mais da metade (51,6%) dos entrevistados escolhe a loja de acordo com o preço dos presentes e 42,7% decidem o local se houver alguma oferta ou promoção interessante (no ano passado representava 20,7%). A preocupação prioritária com o preço dos presentes fez com que outras opções bem rankeadas  em 2015 perdessem parte do protagonismo como diversidade de produtos (caiu de 39,6% para 33,3%) e localização (de 38,0% para 17,8%). À frente dessas opções está o atendimento, que cresceu de 18,9% para 29,8%.

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