MILTON CORRÊA Ed. 1132
CONFIANÇA DOS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS CRESCE 21,4% EM UM ANO, INDICA SPC BRASIL E CNDL
Indicador apresentou 51 pontos em janeiro, refletindo otimismo moderado com a economia. 42%, porém, não sabem justificar a razão. 44% acreditam que o faturamento irá crescer nos próximos seis meses.
O Indicador de Confiança dos micro e pequenos empresários de varejo e serviços (MPEs) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) atingiu 51 pontos em janeiro. Com o resultado, o início do ano começa com otimismo moderado com o ambiente de negócios e a economia.
Na comparação com janeiro de 2016, quando marcou 42 pontos, o indicador avançou 9 pontos. Já na comparação com dezembro de 2016, o avanço foi de 2,1 pontos. Quanto mais próximo de 100, mais otimistas estão os empresários e quanto mais próximo de zero, menos confiantes eles estão. Em termos percentuais, a variação anual foi de 21,4%, e a mensal, de 4,3%.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a melhora da confiança é componente fundamental para a retomada do crescimento. “No entanto, a consolidação desse processo dependerá do avanço da agenda de reformas propostas pelo governo e de um ambiente político mais estável”, explica.
“A confiança ainda está longe de ser satisfatória e parece não encorajar o investimento. É ela que pode induzir o investimento por parte das empresas, gerando empregos e estimulando o consumo, hoje em baixa por causa da recessão”, avalia Pinheiro. “Há a possibilidade de que o Indicador avance ao longo de 2017, desde que observados progressos econômicos e políticos, entre os quais é preciso destacar a aprovação das reformas trabalhista e da previdência e a retomada do crescimento da economia, esperada para o segundo semestre. ”
O Indicador de Confiança do SPC Brasil e da CNDL é baseado nas avaliações dos micro e pequenos empresários sobre as condições gerais da economia brasileira e também sobre o ambiente de negócios, além das expectativas para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para suas empresas.
42% DOS QUE ACREDITAM QUE A ECONOMIA VAI MELHORAR NÃO SABEM EXPLICAR A RAZÃO
O subindicador de Condições Gerais teve um leve avanço em janeiro ante o mês anterior, passando de 32,8 pontos para 34,2, mas permaneceu abaixo do nível neutro de 50 pontos. Na comparação anual, entre janeiro e o mesmo mês de 2016, o indicador saltou de 26,6 pontos para 34,2 pontos na escala.
Já as expectativas para o futuro apontam para uma melhora. Em janeiro, o subindicador de Expectativas alcançou 63,6 pontos, acima do resultado observado no mesmo mês do ano anterior, quando registrara 53,6 pontos, e um pouco acima de dezembro, quando marcou 60,9 pontos.
Em termos percentuais, mais da metade (51%) dos entrevistados se diz confiante no futuro da economia. Porém, entre estes, 42% não sabem justificar a razão de seu otimismo. Outra justificativa que se destaca (26%) é a percepção de que alguns indicadores econômicos têm mostrado sinais de melhora. Já entre os empresários pessimistas com a economia (17%), 42% citam as incertezas políticas para justificar seu desânimo. Para 19%, o que pesa é a percepção de que os problemas econômicos são graves e 15% se dizem pessimistas por não acreditarem que o país passará pelas reformas de que precisa.
Já entre os que manifestam otimismo com o próprio negócio (60%), novamente uma parcela expressiva (32%) não sabe explicar o motivo de seu otimismo. Destacam-se também os 21% que dizem estar fazendo uma boa gestão do próprio negócio. “Os entrevistados têm controle de sua empresa, mas não podem controlar a economia. Assim, diante da adversidade, o empresariado tende a acreditar que pode promover ajustes internos para atenuar o impacto da crise”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro. Entre os pessimistas com o próprio negócio (9%), a principal justificativa, mencionada por 52%, é que a crise econômica pode continuar. Menciona-se também a queda das vendas (14%) e a falta de recursos para investir (12%).
44% ACREDITAM QUE O FATURAMENTO IRÁ CRESCER NOS PRÓXIMOS SEIS MESES
A maioria relativa dos micro e pequenos empresários sondados (44%) acredita que o faturamento de suas empresas irá crescer nos próximos seis meses – já 41% não vê perspectivas de alteração pelos próximos seis meses e apenas 8% projetam queda nas receitas durante esse intervalo.
58% DOS INVESTIDORES DESCONHECEM AS MELHORES TAXAS DE RETORNO DO MERCADO, MOSTRAM SPC BRASIL E CNDL
Aversão a perdas, desinformação, falta de disciplina? É difícil saber o motivo exato pelo qual muitas pessoas ainda investem pouco e desconhecem as modalidades mais rentáveis. O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) buscou conhecer os hábitos e as preferências do brasileiro no momento de poupar. A pesquisa mostra que 58% dos poupadores não sabem quais são os investimentos com as melhores taxas de retorno – percentual que aumenta para 66% entre as mulheres e 63% entre os pertencentes às classes C, D e E. Em contrapartida, 42% garantem saber.
De acordo com o levantamento, a poupança ainda é o investimento mais recorrente entre os entrevistados, citada por 61%, a média de tempo que possuem é mais de 3 anos, o valor médio acumulado é de R$ 2.152,00 e o principal motivo para escolher é liquidez, ou seja, a flexibilidade de uso quando necessário (38%).
As demais modalidades apresentam participação significativamente menor: os imóveis (18%, com queda de 10,6 pontos percentuais em relação a 2015, chegando a 34% entre os brasileiros das classes A e B), a Previdência Privada (13%, com aumento de 3,9 p.p em relação a 2015) e os Fundos de Investimento (9%, com aumento de 3,6 p.p em relação a 2015). Outros produtos também tiveram crescimento desde o último levantamento, mas ainda estão longe de ser populares, como é o caso do CDB (5%, com aumento de 3,4 p.p em relação a 2015), Bolsa de Valores (3%, com aumento de 2,8 p.p em relação a 2015) e LCI (3%, com aumento de 2,3 p.p em relação a 2015).
Segundo o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, “muitas pessoas escolhem a poupança como investimento, mas seu retorno é baixo. É válido buscar por informações para fazer aplicações com retornos mais rentáveis e que também são seguras, como o Tesouro Direto e os Fundos de Investimento”.
Quando recebem dinheiro extra, como bonificações ou PLR (participação nos lucros e resultados), três em cada dez pessoas ouvidas costumam economizar (30%), enquanto 26% quitam dívidas para organizar a vida financeira e 8% fazem compras. 16% dos entrevistados disseram nunca receber estes benefícios.
Imprevistos e reserva financeira são as principais finalidades dos investimentos
Considerando os entrevistados que possuem investimentos, os dados mostram que a principal finalidade são os imprevistos como doença ou morte (25%), seguida do desejo de constituir reserva para o caso de ficar desempregado (23%), garantir um futuro melhor para a família (22%) e viajar (20%, com aumento de 11,4 p.p em relação a 2015 e chegando a 33% entre os mais velhos e 31% nas classes A e B). Na hipótese de algum imprevisto, como perda do emprego ou problema de saúde, 37% se manteriam por menos de três meses.
O estudo mostra ainda que quatro em cada dez poupadores ouvidos não possuem frequência certa para realizar novos depósitos e investimentos (42%), enquanto 30% o fazem mensalmente. Em média, os depósitos e investimentos são feitos em 5,4 meses do ano.
Praticamente a metade dos que tem algum tipo de investimento garante não saber o quanto conseguiu poupar no mês anterior à pesquisa (47%), ao passo em que 26% admitem não ter poupado nada. Dentre os que declararam valores, a média é de R$ 360,91, aumentando para R$ 540,42 entre as classes A e B.
Entre os brasileiros que não possuem qualquer tipo de poupança ou investimento (35%), a justificativa mais recorrente para não poupar é a falta de dinheiro (40%), seguido pela falta de esperança de conseguir juntar um bom valor (29%) e não ter disciplina para juntar dinheiro (19%).
Conta corrente, cartão de crédito e poupança são os serviços bancários mais contratados
A pesquisa procurou conhecer os produtos, investimentos e serviços financeiros mais utilizados pelos brasileiros e a conta corrente foi a mais popular, citada por 67% dos investigados. Em seguida aparecem o cartão de crédito (63%), a poupança (61%) e o plano de saúde (40%). De modo geral, os entrevistados mais velhos e os que pertencem às classes A e B apresentam percentuais maiores em praticamente todos os itens.
Quatro em cada dez entrevistados (40%) afirmaram precisar de um bom serviço financeiro, independente do perfil das instituições, seja tradicional ou fintechs. O levantamento mostra que 11% têm seus investimentos em start-ups e fintechs, aumentando para 18% entre os mais jovens. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, as fintechs ainda são novidade para a maioria dos brasileiros, o que justifica a baixa adesão. “Muitas pessoas não conhecem esses serviços, ainda que entre os mais jovens perceba-se maior aceitação”, analisa. “De qualquer modo, trata-se de um segmento em expansão, com usuários atraídos pelo potencial alto rendimento, pela falta de burocracia, diminuição de juros na tomada de crédito, taxas mais competitivas em investimentos e pelo caráter de conectividade e acesso rápido por meio de aplicativos em smartphones e tablets”, explica.
Os principais investimentos dos brasileiros:
Poupança: 61% dos entrevistados que possuem investimentos tem poupança. Em média, investem a 3,6 anos, principalmente pela flexibilidade de uso quando necessário (38%). O valor médio do valor acumulado pelos entrevistados é de R$ 2.152,00; Imóveis: 18% dos entrevistados têm imóveis. Em média, possuem há 4 anos, principalmente pela segurança que este tipo de investimento dá (30%); Previdência Privada: 13% dos entrevistados possuem previdência privada. Em média, 3,5 anos, sendo que 18% por indicação do gerente do banco; Fundo de Investimento: 9% dos entrevistados investem em fundos de investimentos e usam essa modalidade, em média, há 2,2 anos. 43% optaram por indicação do gerente de banco; Dólar: 6% dos entrevistados têm dólar. Possuem essas res ervas há 2,8 anos, em média. 30% escolheram pela flexibilidade de uso do dinheiro quando necessário; CDB: 5% dos entrevistados têm CDB. Em média, usam a modalidade há 3,3 anos, feitos principalmente após pesquisa em sites especializados ou de notícias (32%).