Possível epidemia de febre amarela assusta população de Alenquer
Pacientes estavam internados no HRBA. Confirmado que uma criança morreu de febre amarela.
Pouco mais de um mês que a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (SESPA) confirmou por meio de exames realizados pelo Instituto Evandro Chagas, que a morte de macacos em uma comunidade do interior do município de Alenquer foi ocasionada por febre amarela, a população local ficou atemorizada com uma possível epidemia da doença.
A situação se agravou na última semana, quando uma criança de 11 anos foi transferida para Santarém, com suspeitas que ter contraído a doença. O menino Tiago, que veio do município de Alenquer apresentando sinais de ter contraído febre amarela, veio a óbito na quinta-feira (16) na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA).
Na quarta-feira(22), após uma semana da morte de Tiago, a SESPA confirmou que a criança realmente morreu devido ter contraido febre amarela.
A família do menino reside na comunidade Mediã, zona rural, onde em fevereiro foi encontrado um macaco morto, cujos exames realizados pelo Instituto Evandro Chagas comprovaram que o animal morreu devido à febre amarela. Apresentando sintomas como febre alta, vômito e dor de cabeça, a criança foi internada às pressas no Hospital Santo Antônio, em Alenquer. Como seu quadro não apresentava melhora, após os médicos avaliarem seu quadro clínico, foi transferido para Hospital Municipal de Santarém (HMS), e em seguida transferido para o Regional.
Nesta semana, outros dois pacientes vieram transferidos de Alenquer para Santarém, com os mesmos sintomas da primeira criança, e foram internados no HRBA. Segundo informações, uma criança de 11 anos e um jovem de 22 anos, também residem em comunidades da zona rural.
SEGUNDA MORTE: Para aumentar o sofrimento da população alenquerense, na madrugada de quarta-feira (22), a segunda criança veio a óbito. O menor das iniciais R.S.C., de 10 anos de idade, teve falência múltipla dos órgãos. Já o jovem de 22 anos ainda está internado na UTI do HRBA, e seu estado é considerado grave.
De acordo com o HRBA, a principio, nos três casos, além da febre amarela, existia também a suspeita de leptospirose, doença transmitida pela urina e fezes de roedores. Sendo que, na morte da primeira criança foi confirmada a febre amarela. Um fato que chamou à atenção dos profissionais de saúde que atenderam o primeiro menino que morreu na semana passada, é que a carteira de vacinação aponta que a criança não recebeu imunização contra a febre amarela.
Em nota encaminhada a nossa reportagem, o HRBA informou que os pacientes internados na UTI, com suspeita de febre amarela e leptospirose, tiveram amostras de sangue coletadas, e todas as providências para a investigação do caso já foram tomadas pela SESPA.
TERCEIRA MORTE: Infelizmente foi a óbito na noite de quarta-feira (22) o terceiro paciente que estava internado no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), com suspeita de febre amarela. O jovem Carlos Alessandro Pereira, de 23 anos, morador da comunidade Bom Jardim, no município de Alenquer. Desde último sábado (18), Carlos estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
VACINAÇÃO: Conforme relatos de moradores de Alenquer, mesmo após a confirmação de que macacos foram mortos devido à febre amarela, os órgãos de saúde pública não realizaram a vacinação de forma efetiva.
Segundo denúncias, nem mesmo a ação de bloqueio, onde os moradores de comunidades adjacentes onde os macacos foram encontrados mortos teriam que ser vacinados prioritariamente.
A inércia do poder público tem causado revolta na população alenquerense. A SESPA, de acordo com moradores, também não tem contribuído, uma vez que a disponibilização das vacinas acontece de forma fracionada. Quem procura as Unidades Básicas de Saúde, depara-se com grandes filas, e falta frequentes da vacina contra febre amarela.
INFORME: De acordo com Dra. Mara Lúcia Moraes dos Santos, coordenadora da divisão de endemias da 9ª Regional da SESPA em Santarém, mesmo com a morte da criança por febre amarela, não há motivos para a população de Alenquer entrar em pânico. Ela garante que o trabalho de bloqueio está sendo realizado conforme estabelece as normativas.
A coordenadora informou que já foram encaminhadas cerca de 6.700 doses para o município. “a prioridade é a imunização de pessoas que não tem a vacina, e que residem nas comunidades da zonas rural, em especial as adjacentes onde já tem suspeitas”, diz Dra. Mara.
“Nós reforçamos a questão, que quem mora na cidade, não precisa correr para as Unidades Básicas de Saúde, pois, temos que nos preocupar com as comunidades que estão afastadas, por quê? Existem peculiaridades, nessas comunidade as pessoas saem para caçar, pescar e acabam não participando da programação de vacinação. Quem reside na área urbana, recebe a vacina desde a década de 70, e temos certeza que a maioria já recebeu a imunização. Também confirmamos que não existe falta de vacina em Alenquer, eu acredito que nunca existiu. O que ressaltamos, é que prioritariamente precisa fazer nas áreas rurais. Por exemplo, quem já fez duas vacinas, não corra para fazer, pois já está imunizada. Neste momento é muito importante a conscientização das pessoas”, explica.
HOSPITAL REGIONAL DE SANTARÉM ACOLHE 33 NOVOS RESIDENTES: O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, realiza a “V Jornada de Acolhimento dos Residentes Médicos e Multiprofissionais” para receber 33 novos residentes: 21 para nove especialidades da Residência Médica da Universidade do Estado do Pará (Uepa); nove para a Residência Multiprofissional na Atenção Integral em Ortopedia e Traumatologia da Uepa; e três para a Residência Multiprofissional em Estratégia Saúde da Família para Populações do Baixo Amazonas, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Durante a jornada, os estudantes participam de diversas palestras que mostram o funcionamento e as normas do hospital. “Este hospital, apesar de ser púbico, é muito organizado e se equipara a hospitais particulares de outras regiões, ele está à frente em muitos serviços. Infelizmente, quem está de fora tem o preconceito por ser um hospital localizado no interior do Pará, mas eu fiquei encantada”, diz a residente Larissa Fernandes, que cursou Medicina em Natal (RN).
Agora, ela vai passar os próximos cinco anos cursando a residência em Neurocirurgia. “Eu escolhi Neurocirurgia porque é uma área que eu sempre me identifiquei, no entanto, muita gente dizia que isso não era coisa para mulher. E, chegando aqui, a recepção foi diferente. Falaram que é lugar de mulher, sim”, conta Larissa.
O diretor-geral do HRBA, Hebert Moreschi, destaca a importância da formação desses profissionais para a assistência em saúde na Amazônia. “É uma realidade extremamente desafiadora. Levar saúde para nossa população distante, que à vezes precisa se deslocar de barco por 12, 15 horas para poder receber assistência de média e alta complexidades. Levar os nossos profissionais para lá, então, é mais complexo ainda. Esse é o grande desafio que temos: como transformar esse cenário desafiador? Isso só será possível se tivermos pessoas preparadas, competentes e comprometidas com a causa. Essa é a missão dos residentes”.
Apesar de ainda ser um hospital novo, com dez anos de existência, o Hospital Regional de Santarém já se tornou referência de qualidade em ensino e pesquisa. “Estamos aqui há poucos dias, mas tudo o que recebemos e presenciamos mostrou que todos os protocolos do hospital são seguidos à risca. Este período de imersão nos encantou e só vai trazer benefícios. Eu não tenho o que falar. É um hospital extremamente organizado”, afirma o residente Eudes Vieira.
Ele cursou Medicina em Manaus (AM) e vai fazer residência em Clínica Médica pelos próximos dois anos. “A minha ideia em fazer Clínica Médica é porque ela proporciona um amplo conhecimento, ela passa por tudo. Eu penso em fazer essa especialização e depois fazer uma subespecialização em Cardiologia”, explica.
Atualmente, 73 estudantes realizam residência no HRBA – unidade de saúde pública e gratuita pertencente ao Governo do Pará e gerenciada pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
O hospital já formou 65 residentes: 33 médicos e 32 multiprofissionais. “A residência é uma riqueza enorme, junto ao quadro de profissionais qualificados, que fazem parte dos programas, e à oportunidade assistencial durante o convívio no hospital. Os programas envolvem a aprendizagem, a assistência e, também, a pesquisa. Quanto mais produzimos conhecimento, mais nós aprendemos”, finaliza o diretor de Ensino e Pesquisa do HRBA, Luís Fernando Gouvêa. (Com informações da assessoria/HRBA)
HEMOPA CONVOCA DOADORES DE TODOS OS TIPOS SANGUÍNEOS: A Fundação Hemopa convoca com urgência doadores de todos os tipos sanguíneos para suprir estoque de sangue dos hemocentros, que tem a responsabilidade atender integralmente a demanda transfusional. As doenças ocasionais do período chuvoso, que inabilitam temporariamente a doação de sangue, associadas às intensas chuvas, que dificultam acesso ao serviço, são alguns dos fatores que estão provocando a queda de mais de 30% no número de coletas.
“Peço para que as pessoas que ainda não doaram sangue que venham ao Hemopa e salvem vidas, porque sem sangue meu filho e outros pacientes não sobrevivem”, diz a auxiliar Rosilda da Paixão, 39, mãe de Reinaldo Dean Paixão Souza, 15, que há dois anos recebe tratamento no hemocentro para anemia aplástica (insuficiência da medula óssea que reduz a produção de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). Ele já está há dois anos na fila para transplante de medula.
Israel Santiago da Silva, 22, também é portador da doença e está em busca de doador compatível de medula óssea. Enquanto ambos aguardam, eles precisam de sangue para sobreviver. Segundo a mãe, Regina Celia Santiago da Silva, 44, o rapaz faz tratamento no Hemopa desde dezembro do ano passado, quando foi diagnosticado com anemia aplásica, e desde então recebe sangue. “Foram feitos os exames de compatibilidade entre a família, e meu filho mais novo, Gabriel, de 14 anos, é compatível com o irmão. Estamos aguardando os resultados finais e torcendo para que ele consiga o transplante de medula”, contou.
A gerente de Captação do Hemopa, Juciara Farias, convoca voluntários para salvar vidas com esse gesto simples e nobre. “Doador de sangue não é um profissional. Qualquer pessoa que atenda os critérios básicos da doação de sangue pode doar e salvar vidas”, frisa. Podem doar sangue pessoas com boa saúde, que tenham entre 16 e 69 anos e pesem acima de 50 quilos. Menores de 18 anos podem doar somente com autorização dos pais ou responsável legal. É necessário portar documento de identidade original, assinado e com foto, além de estar bem alimentado. O homem pode doar a cada dois meses e a mulher, a cada três.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto