Pesquisador paraense cria um novo quimioterápico

Feito a partir do AAS, medicação teve êxito com ratos e será testada em primatas

A maioria dos medicamentos utilizados na quimioterapia de pacientes com câncer destroem os tumores, mas atacam também as células de outros órgãos, levando pacientes a reações adversas, como, por exemplo, a queda de cabelo. A pesquisa “Validação de um novo fármaco antitumoral” criou um novo medicamento, tendo como base o AAS (ácido acetilsalicílico) e a finalidade de atuar de forma seletiva nas células tumorais, para melhorar a qualidade de vida e o tratamento dos pacientes. A medicação está sendo patenteada e foi aceita pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), autarquia federal vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Em 2018, o estudo entra em nova fase, sob a responsabilidade do mestre em Cirurgia e Pesquisa Experimental, Pedro Iuri Castro da Silva, em sua tese de mestrado. A pesquisa é resultado de uma parceria entre o Mestrado em Cirurgia e Pesquisa Experimental e o Laboratório de Morfosiologia Aplicada à Saúde, ambos da Universidade do Estado do Pará (Uepa), e o Núcleo de Estudos e Seleção de Moléculas Bioativas da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do doutor Rosinaldo Borges.

Pedro Iuri Castro da Silva explicou que a primeira fase da pesquisa, de dezembro de 2015 a dezembro de 2017, apresentou resultados relevantes sobre o novo medicamento testado em ratos. “A ideia inicial era criar um novo fármaco sintético, com menos efeitos colaterais e mais efeitos sobre as células tumorais para matá-las. Para isso, tínhamos que ter um medicamento já existente e partimos para o AAS, porque estudos mostram que pessoas que usam AAS por muito tempo apresentam menor incidência de câncer, principalmente do colo retal. A partir daí, criamos nova molécula, tendo essa base, e criamos o fármaco para testarmos em ratos. Em sete dias, a medicação conseguiu inibir em 36% o crescimento do tumor nos animais. Avaliamos também que eles não apresentavam efeitos colaterais nos órgãos. Observamos ainda que aumentou o tempo de sobrevida dos animais em 27% em relação ao grupo de animais que tinham tumor e não contavam com esse tratamento. O estudo também diminuiu as fontes de nutrição das células tumorais, caíram os números de células viáveis (vivas) nos animais testados com a nova droga e baixou o número geral de células de tumor”, afirmou o mestre.

A partir do ano que vem se inicia a segunda fase da pesquisa em nível de doutorado. “Meu doutorado será pela Uepa e, provavelmente, por meio do Programa em Biologia Parasitária na Amazônia. Nessa segunda etapa faremos os testes em animais perto dos primatas humanos. Já na terceira fase do estudo, a aplicação será em seres humanos. Por fim, vai para o mercado e para os pacientes, ajudando na saúde deles, porque o objetivo é que essa parceria gere tecnologia (que já geramos) para obtermos um produto final que seja melhor no mercado. Hoje a maioria dos fármacos para quimioterapia destroem os tumores e muitos deles também bloqueiam o crescimento das células do corpo. Essa nova medicação vai atuar de forma seletiva para as células tumorais, garantindo melhoria na qualidade de vida e no tratamento dos pacientes com cânceres”, afirmou o pesquisador, que no mestrado foi orientado pelos doutores Jofre Freitas e Anderson Bentes, da Uepa.

Fonte: ORM Notícias

Um comentário em “Pesquisador paraense cria um novo quimioterápico

  • 7 de janeiro de 2018 em 23:44
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    Pesquisa muito promissora, mas acredito que é devido um certo cuidado para a molécula criada não detectar e inibir a ação dos LT CD8 e TCD4.

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