Obra no campo da Assibama revolta moradores do bairro do Laguinho

Jurandir Azevedo, presidente da Ambal, diz que moradores vão lutar para impedir obra no campo da Assibama

O Campo da Assibama, lugar muito conhecido como ponto de esporte e lazer dos moradores dos bairros do Laguinho, Fátima, Liberdade e Mapiri, em Santarém, está com dias contados. Esta semana uma equipe de construção civil adentrou no terreno para dar início à construção de escritórios do Instituto Chico Mendes e Serviço Florestal Brasileiro, provocando revolta e indignação nos moradores do bairro, que se encontram inconformados com a situação. Para esclarecer todos os fatos e o verdadeiro motivo dessa construção neste campo tão importante para os bairros do Laguinho e Fátima, conversamos com o presidente da Associação de Moradores do Bairro do Laguinho (Ambal), Jurandir Azevedo, que se reportou da seguinte forma:

“Nossa luta é muito antiga. Eu tenho em mãos um documento com mais de 300 páginas, onde a gente vem acompanhando a situação do campo da Assibama há muito tempo, desde o tempo das madeiras queimadas, prostituição e venda de drogas que vigoravam naquele local, ou seja, nós lutamos muito para tirar aquela madeira de lá para que ficássemos livres desses problemas que vinham acontecendo durante todo esse tempo. Quando o IBAMA entregou a área provisoriamente para zelarmos pelo local, nós fizemos nossa parte. Mas, para nossa surpresa foi publicado no Diário Oficial da União no dia 20 de julho de 2013, que a área tinha sido doada para dois órgão de Santarém:  ICMBio e o Serviço Florestal Brasileiro, todos eles com sede em Santarém, a justificativa era que eles não têm sede aqui e foram contemplados para fazerem suas sedes naquele local. Então, nossa luta continuou, nesse terreno não era para se fazer nenhuma obra, e sim fazer daquela área um local para o esporte e o lazer para a comunidade. Eu quero dizer que a comunidade não está e nunca esteve parada diante desse problema, inclusive fizemos plantas na Prefeitura desse projeto para esse local que seria uma campo de futebol, quadra, parque, lanchonete e algumas pistas de corrida, uma área  muito grande propícia para fazer muita coisa. Infelizmente não tivemos força política, não tivemos apoio do governo municipal naquela época, e agora não temos apoio de deputados e vereadores, ou seja, ficamos só na promessa. Muitos candidatos passaram por aqui pedindo votos, dizendo para população que essa área seria da comunidade, que eles iriam fazer uma troca, ou seja, dariam uma outra área para os dois órgãos e nós ficaríamos com esse local para fazermos o projeto de esporte e lazer, que trará muita coisa boa para nossa comunidade”, disse Jurandir Azevedo.

Segundo o presidente Ambal, as promessas se estendem por vários governos: “Desde o Governo da Dra. Maria do Carmo, Alexandre Von e agora com o prefeito Nélio Aguiar. A empresa de construção já se instalou no local com tratores, engenheiros e trabalhadores. Mas existe uma esperança, tem grupo se organizando para correr atrás de uma solução, inclusive o Nelson Mota me pediu um documento, ele pensava que nós não tínhamos nada e realmente nós temos muitos documentos, nós fornecemos os documentos para ele, que se prontificou de falar com o Prefeito para que o mesmo embargue a obra. Tivemos notícias que o prefeito Nélio Aguiar não se encontrava na cidade, e acredito que o Nelson não conseguiu falar com ele. O serviço está continuando, agora o grupo tem direito de reclamar e de fazer manifestação, só que eu não posso participar desses movimentos porque não ando bem de saúde e não posso estar lá para brigar por uma coisa que não temos apoio do governo e do poder público. A resposta mais certa para nós seria do Prefeito, ele veria a situação, embargar a obra e aí entrar com um processo para que a gente ficasse com área. Esse seria o caminho, mas até agora não houve nenhuma solução. O que está acontecendo é isso, vamos ver o que vai ocorrer daqui para frente”, declarou Azevedo.

RECADO À POPULAÇÃO: “O que tenho para dizer à população é que a gente já sabia, que eles tinham recursos para construir essa obra, e nós estávamos com nossos dias contados para sair dessa área. Só que eu vinha conversando com órgão para que ficássemos ainda no campo por algum tempo, que foi justamente acordado. Estão fazendo um reunião com a diretoria toda para depois chamar a comunidade para justamente fazer uma doação de limpeza naquela área. Minha preocupação é de até quando nós vamos ficar ali, se é por tempo longo ou por um tempo curto; se for por um tempo curto não interessa para população, nós teríamos de ter uma clareza do período correto para podermos permanecer por ali. Por enquanto eu vou esperar a resposta da reunião que eles tiveram, e o chamado que vão fazer, e constatarmos o que vão falar sobre a questão da ajuda que irão dar para que a gente continue a nossa prática de esportes e lazer. Mas no final mesmo, tudo depende do Prefeito. Terrenos, Santarém tem demais, dependemos da boa vontade do Prefeito de conversar com os órgãos que querem se instalar ali, doar uma área para eles para ficarmos com o terreno, pois trata-se de uma área muito bonita, localizada no centro da cidade, isso vai ser muito bom para o governo, para os bairros do Laguinho, Fátima, Liberdade e Mapiri”, finalizou o presidente da Ambal, Jurandir Azevedo.

COMUNIDADE MOSTRA FORÇA: A comunidade do Laguinho mostrou sua força na luta por espaços públicos e conseguiu mobilizar as autoridades para a abertura do diálogo sobre a permanência do Campo da Assibama para uso coletivo. A mobilização articulada por lideranças comunitárias, com destaque para o casal Ianne e Gilmar, rendeu resultado com uma importante reunião entre os dirigentes do Serviço Florestal Brasileiro, ICMBio, Prefeitura e a Sociedade Civil.

O prefeito Nélio Aguiar, em mensagem de áudio, empenhou apoio na luta para a permanência do local para destinação ao uso da coletividade. O advogado do movimento, Hiroito Tabajara, destacou que a comunidade santarena não abrirá mão do espaço e que usará todos os meios legais para garantir que o local atenda a população, indicando, ainda, que existem outros locais onde pode ser construído o prédio para atender aos órgãos, sem causar prejuízo à comunidade e assim todos saem ganhando.

Por: Jefferson Miranda

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