Moradores do Santarenzinho pedem demolição da Serra do Índio

Localizada na zona urbana de Santarém, oeste do Pará, a Serra do Índio virou motivo de preocupação de moradores da Grande Área do Santarenzinho. Após anos de exploração mineral por construtoras da cidade, a Serra do Índio, de acordo com os moradores, está provocando diversos problemas tanto para as residências quanto para o Igarapé do Irurá, um dos mais importantes mananciais da cidade.

Areia das constantes chuvas que desce da Serra do Índio está assoreando igarapé da Toca da Raposa

“Quando chove, a enxurrada traz muita areia para dentro do igarapé da Toca da Raposa. Isso faz com que a água fique barrenta, imprópria para o banho. Esse igarapé, é o único balneário que temos aqui no Santarenzinho. Por causa disso, sou a favor de que a Prefeitura ou alguma construtora faça o serviço de retirada do que resta dessa Serra aqui”, comentou a universitária, Taíse Pereira.

Os bancos de areia não só chegaram fora de hora como ameaçam o banho de centenas de famílias do Santarenzinho, e preocupam biólogos do Município. O volume d´água abaixo do normal compromete a balneabilidade, muitos reclamam que não têm mais coragem de tomar banho no igarapé. Eles informam que tudo isso é culpa da degradação da Serra do Índio e também da retirada da vegetação das proximidades do manancial.

“Sem ter o igarapé, que é o nosso único ponto de lazer aqui dessa área da cidade, como as famílias vão fazer para entreter-se? Por isso, eu gostaria que as autoridades e o restante da população se conscientizem para que aconteça a demolição da Serra”, diz Taíse.

Além da destruição do igarapé, em dias de chuva os moradores contam que passam por muitas dificuldades. “A força da água que desce da Serra quando chove é muito grande. Eu já tive meu quintal invadido por lama. Perdi imóveis, eletrodomésticos e fiquei numa situação complicada. Acredito que a retirada dessa Serra vai melhorar nossa situação, além disso vai sobrar um belo espaço para a Prefeitura construir uma área de lazer ou escola, creche, conjunto habitacional, entre outras coisas”, observou a dona de casa, Francisca Fonseca.

Para o aposentado João dos Santos, os problemas que os moradores estão enfrentando foram causados pelo próprio homem, o qual cometeu todos os tipos de degradação no local. “Essa Serra começou a ser demolida quando iniciou a construção do Aeroporto da Maria José. Foi o Exército que demoliu a metade da Serra. Um único operador conseguiu levar um trator até o topo da Serra e de cima para baixo começou a demolição”, conta o aposentado.

João lembra que antes de começar a degradação, no topo da Serra havia um olho d’água e, que para se chegar até o local, era necessário muito esforço físico e algumas horas de caminhada. “No alto da Serra tinha uma cacimba. A água era tão cristalina que a gente via uns peixes pequenininhos. Logo no primeiro momento da demolição a cacimba deixou de existir, mesmo assim, parte da vegetação foi mantida”, descreve o ancião.

Além da devastação causada pelo Exército, segundo ele, a chegada de centenas de trabalhadores no local, aumentou a degradação da Serra. “Isso foi no tempo que a cidade começou a crescer muito e, aqui se instalaram muitas construtoras. Cheguei a conferir num único dia mais de 40 pessoas trabalhando na Serra. Elas extraiam pedras, areia, quebradinho (cascalho) e piçarra. Todo esse material foi usado na construção civil. Eu só não sei o motivo que impede uma firma ou a Prefeitura de terminar de retirar essa Serra daqui. Já que acredito que não existe mais nada a ser feito para evitar a erosão. Então, caso esse resto de material seja retirado daqui, o espaço vai servir muito para o nosso bairro”, afirma Santos.

LENDA: João dos Santos lembra que antes da degradação, algumas famílias antigas do Santarenzinho contavam que viam luzes no alto da Serra do Índio e, que desconfiavam que eram discos voadores que pousavam no local. “Presenciei muitas pessoas contando essa história. Mas, num determinado dia convidei alguns amigos para subirmos na Serra. Quando chegamos lá em cima, totalmente exaustos, o que verificamos era que realmente tinham luzes, mas que haviam sido instaladas lá, por um padre do Seminário”, afirma o ancião.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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