A indústria das demarcações de terras

Artigo do empresário Fábio Maia

Sugiro aos “garantidores de direitos”, que avaliem a invasão descontrolada de cerca de 50 mil venezuelanos em Roraima, que só agravou a crise social que o estado já vive, e que expôs a irresponsabilidade da política indigenista brasileira, aliada à desculpa ambientalista e a interesses internacionais estratégicos de milhares de Ongs “caridosas”, que contam com a “imparcialidade” de diversos agentes públicos ideológicos.

A demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em 2008, deveria servir de exemplo a não ser seguido em tempos atuais, pois, à época, qualquer um que gozasse de plena sanidade mental e o mínimo conhecimento em economia, já alertava para os danos econômicos e sociais que a expulsão dos arrozeiros ocasionaria, pois sua produção respondia por 8% do PIB do estado, além de empregar muitos trabalhadores, inclusive indígenas.

Contudo, em nome da “proteção às minorias”, 300 famílias foram expulsas de suas terras, obrigadas a se tornar favelados em Boa Vista, e com eles, seus empregados, quase todos de etnia indígena que não tiveram o privilégio de se tornar “aldeados”.

É impressionante, mas para 20 mil “índios”, destinou-se 1,7 milhão de hectares de reserva (quase o estado de Sergipe), e aos demais 500 mil “invasores”, que também podem ser chamados de “habitantes”, sobraram 25% da área do Estado que escapou das demarcações.

Logo, toda economia local empobreceu, e todos sofreram as consequências, tanto os índios “aldeados”, como os não. Mas não por falta de alertas, pois economistas avisaram que a expulsão dos arrozeiros na busca “insana” pela “justiça social”, seria economicamente desastrosa e inviável, não só para o estado, mas principalmente para a população, os trabalhadores daquele setor, além dos “autodeclarados índios”.

A eficiência da “justiça social” imposta pela política indigenista brasileira, pode ser medida pela “razoabilidade” de suas proporções, onde, pasmem, 600 mil índios aldeados de tribos, ocupam 13% do território nacional, enquanto o restante dos 200 milhões de brasileiros ocupam apenas 11%. Além disso, o mais incrível é que, exatamente nessas terras indígenas, cuja extensão os “autodeclarados” sequer conhecem em sua totalidade, estão algumas das maiores reservas de minérios do planeta, ficando fora do alcance do Estado brasileiro, mas não de grupos econômicos internacionais, que, via ONGs, estabelecem linha direta com as tribos, como se fossem nações independentes. Há mais de 100 mil ONGs, a maior parte estrangeiras, na Amazônia, ditando as políticas indigenistas, ao lado de servidores públicos coniventes, exercendo pleno domínio sobre a Funai.

Entretanto, apesar de tudo, parece que o exemplo de nosso estado vizinho não serviu de aprendizagem para nós, pois, considerando a existência de territórios quilombolas e indígenas, ambos com abrangência aproximada de 20.000 e 13.000 hectares respectivamente, já reconhecidos e homologados, a simples possibilidade de novas demarcações, e consequentemente a retirada de produtores rurais que atuam nessas áreas, cria-se a necessidade de repensar as políticas de “desenvolvimento”, que, a pequenos grupos, são destinadas grandes reservas, tornando-as insustentáveis, pois não produzem tudo que precisam para sobreviver, nem vivem somente com o que há nas florestas e rios, muito menos produzem em quantidade suficiente para o consumo de quem está fora dessas áreas.

Por isso a necessidade de um setor produtivo, para suprir o que a agricultura familiar e de subsistência não consegue. A demarcação de áreas tradicionais em áreas já produtivas, acima de tudo, devem sopesar pela coerência, e a importância que a transformação que cada uma delas causará em “toda” sociedade. Outrossim, quando há incoerência ideológica, e interesses ocultos preteridos aos interesses de toda uma sociedade, danos sociais graves, como o exemplo de Roraima, é inevitável.

Portanto, apesar da importância da manutenção das áreas tradicionais, os danos causados pela improdutividade de grandes extensões de terras, na produção de alimentos, em quantidade que além de alimentá-los, possam também suprir as necessidades da população do seu entorno, devem ter um peso fundamental nessa decisão.

Fonte: RG 15/O Impacto

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