Dr. Júlio César: “Crescimento de doentes mentais em Santarém preocupa”
Médico psiquiatra mostra preocupação com o grande número de pessoas com essa doença
O médico santareno Júlio César Imbiriba de Castro, uma grande personalidade que serve o Município há muito tempo. Cidadão que tem atuado em diferentes atividades, como na vida pública, onde foi Vereador, secretário municipal de Saúde; hoje militando somente na profissão de médico da área psiquiátrica. Ele esteve em nossa redação e contou um pouco da sua história e também seus projetos.
Dr. Júlio César, hoje, ocupa uma função importantíssima no governo municipal que é a coordenação municipal da saúde mental. Fale um pouco sobre esse setor: “Exatamente! Nós já estamos trabalhando nesta área há algum tempo. Iniciamos na antiga UBAM, e depois fizemos especialização e pós-graduação. Recebemos o convite para assumir a coordenação municipal de saúde mental. Hoje, a gente atende no CAPS II, que é gerenciado pela SESPA. Tem um universo de três a quatro mil pacientes, ou seja, é muita gente frequentando ativamente. O CAPS II já tem uma história, foi a pedra inicial de todo esse processo e agora para atender a demanda é importante saberem que saúde mental estruturada, com atendimento de psicólogos, médicos, enfermeiros e farmacêuticos, só no CAPS II que está disponibilizado essa estrutura. Na minha gestão, nós diversificamos e fundamos o CAPS AD (Alpidrogas), que está localizado na Presidente Vargas. No CAPS II, atendemos todas as patologias da saúde mental, a nível ambulatorial, mas quando o surto é muito incisivo e difícil, nós mandamos para o Hospital Municipal. Lá a gente desloca nossa equipe e realizamos o atendimento, depois volta para fazer o tratamento ambulatorial. Mas é pensamento nosso, e de fato estou muito entusiasmado com a proposta, desses atendimentos a nível hospitalar, nos casos mais graves. Eu tive uma conversa com a nova gestão, os novos diretores do Hospital Municipal; eu fiquei muito entusiasmado e esperançoso. Eles querem tirar o atendimento da porta, e vão fundar, segundo eles, inclusive eu espero que cumpram essa promessa, uma enfermaria separada, porque o doente mental tem suas características muito peculiares; em um momento ele pode estar tranquilo, mas de repente ele pode piorar, ficar agressivo. Portanto, tem que haver um atendimento priorizado e diversificado, com técnicos especialistas e o corpo clínico atuando. No momento estava só eu, mas já que está havendo essa ampliação do sistema, nós já conversamos com a doutora Mariana Sarmento, que também é psiquiatra, que dará um apoio para nós, dividir um pouco essa tarefa que de fato está ficando muito pesada para mim e conto com a colaboração de outros colegas psiquiatras que não são muitos”, declarou.
Se algum dos nossos leitores, por ventura, encontrar alguém de sua família, com um problema mental, qual caminho ele deve seguir? Perguntamos: “Nós estamos com um plano de montar nossa enfermaria, gerenciada segundo o nosso trabalho que é específico. Mas, enquanto isso ainda não acontece, nós estamos atendendo lá no Hospital Municipal mesmo. Quando há surto, o paciente em crise, em estado grave, aí eu me desloco, realizo um atendimento sintomático, encaminhou para o CAPS AD, caso seja dependente de drogas ou para CAPS II”, informou.
Dr. Júlio César se posicionou sobre aquele tipo de tratamento quando se usava camisa de força, sendo que hoje o tratamento é diferente. “A gente faz a contenção manual e a medicação. Tira o paciente de crise, sai do surto e ele é encaminhado para o tratamento ambulatorial, que é no CAPS II, CAPS AD, enfim, depende da situação ou volta para os postos de saúde para receber o tratamento final. Em Santarém existem muitos casos, até porque isso que eu menciono não é só de Santarém, vem de todos os municípios periféricos, todos são atendidos, pois nenhuma dessas cidades do entorno de Santarém possui um tratamento diversificado e tão completo como aqui”, disse o médico.
Nós poderíamos dizer que hoje, devido a “facilidade” que as pessoas têm ao uso de droga, como maconha, cocaína, crack, etc, poderíamos indicar qual o percentual que as drogas influenciam para o aparecimento desses distúrbios? Questionamos. “Isso varia muito, mas eu diria que um é percentual considerável. A dependência química hoje é assustadora, de forma que a gente tem que lutar no sentido de desenvolver um procedimento preventivo, mas não conseguimos ainda montar esquema, até porque quando a gente descobre, a pessoa já está na fase de internação ambulatorial no hospital. Então, tiramos do surto e encaminhamos para os CAPS”, alertou.
Ao ser questionado como faz para dividir o seu tempo, já que tem um consultório particular, coordena esse programa da saúde mental e ainda sobra tempo para atender os municípios vizinhos, sem falar da arte de pintura, Dr. Júlio César respondeu: “Eu conto com colaboração de vários técnicos e colegas que fazem com que o atendimento não se torne tão pesado. Nós temos excelentes psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, farmácia interna, ou seja, uma rede toda que dá apoio. Nós que fazemos a psiquiatria clínica, que é o atendimento do paciente, a gente estabelece a terapêutica, faz um plano de tratamento e a equipe de enfermagem acompanha. Fazemos as verificações periódicas, não se torna tão pesado, o problema é a demanda crescente”, declarou.
Por: Allan Patrrick
Fonte: RG 15/O Impacto