Fake news’ atingem área de tomada de decisão do cérebro
O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes gerou uma nova onda de “fake news”, informações falsas que circulam pela internet, e a atacada da vez foi a vereadora. Sem checar a veracidade do que recebem, milhares de pessoas compartilham mentiras em suas redes sociais, que devida à grande repetição, acabam sendo vistas como verdade. Este tipo de comportamento, cada vez mais comum entre a população mundial, acontece porque, com a urgência de como as notícias são transmitidas, fica difícil discernir entre o verdadeiro e o falso.
De acordo com a neuropsicóloga Samara Ribeiro, ao receber uma nova informação, várias áreas do cérebro são ativadas através do córtex pré-frontal, o responsável pelas funções executivas como tomada de decisão, controle inibitório, planejamento, memória e atenção, o que possibilita uma melhor assimilação e acomodação da nova notícia.
— Frente ao contexto social que vivemos, notícias absurdas chamam mais atenção do que as corriqueiras, tanto pela forma de divulgação, quanto pelo comportamento da pessoa ao receber a notícia, que pode ser emotivo ou frustrante — afirma a especialista em transtornos neurocognitivos.
Samara ainda alerta para o fato de, muitas vezes, as “fake news” serem compartilhadas por pessoas de confiança, o que dificulta o questionamento.
— Quem recebeu, automaticamente, irá compartilhar acreditando na veracidade do fato — diz. A neuropsicóloga Liane Orsi, completa:
— O ser humano possui uma necessidade de pertencer e engajar-se em grupos, assim afirmando sua identidade e crenças.
Notícias falsas podem desencadear estado alerta
De acordo com Liane, toda vez que somos expostos à novas informações, o cérebro vai atrás de memórias que ajudem a decodificar aquela mensagem. Mas, o sentido dado à novidade será baseado no que acreditamos.
— As “fake news” exploram o nosso sistema de crenças. Elas são formuladas de uma maneira que chamem a atenção e ativem nossas emoções — explica. — Além disso, são intrusivas: entram na nossa mente contra a nossa vontade, e o cérebro não sabe, imediatamente, se é verdade ou mentira. A notícia gera ansiedade, que por sua vez desencadeia o estado de alerta, aciona mecanismos instintivos, e o rebaixamento da consciência, o que justifica o comportamento impulsivo de passar a frente um conteúdo sem avaliá-lo —finaliza.
Dicas para não compartilhar notícias falsas
Busque a fonte
Toda notícia tem uma origem. Recebeu algo em um grupo de Whatsapp ou viu a informação em outra mídia social? Procure saber de onde ela vem antes de compartilhar. Uma rápida pesquisa no Google pode ajudar
Questione quem te enviou
Uma das maneiras de saber a origem da informação é questionar quem te enviou. Se essa pessoa recebeu de outra ou de um grupo de Whatsapp, desconfie
Cheque em fontes oficiais
Se você descobriu a fonte da sua notícia, avalie se ela é oficial. Existem muitos sites que compartilham notícias falsas. Procure as notícias em sites jornalísticos de credibilidade ou nos canais oficiais de comunicação de órgãos do governo
Desconfie dos adjetivos
Adjetivos são palavras que qualificam ou caracterizam um substantivo (pessoa, coisa ou lugar). Desconfie de textos que abusam deste recurso, pois os textos jornalísticos possuem poucos adjetivos
Evite o “mande para todos os seus contatos”
Muitas mensagens recebidas por meio das mídias sociais contém este pedido/ordem no final. Não compartilhe sem antes checar a veracidade da informação
Confira a data
Muitas vezes, a notícia é verdadeira, mas aconteceu muitos anos atras. Confira a data antes de compartilhar uma informação que parece nova
Leia a notícia inteira
Muitas pessoas compartilham uma notícia após ter lido apenas o título. Antes de passar a informação para frente, tenha conhecido do conteúdo
Não se deixe levar pela emoção
Às vezes, estamos muito irritados ou muito comovidos com determinada situação, que compartilhamos algo sem pensar direito. Isso pode ajudar a propagar notícias falsas. Controle suas emoções e busque a fonte da informação
Tenha responsabilidade
Ao compartilhar uma informação no Whatsapp ou em outra mídia social você está se tornando o responsável por ela. Só compartilhe aquilo que for verdade, a não ser que você queira ser conhecido entre seus amigos como a pessoa que só publica mentiras
Se tiver dúvida, não compartilhe
Se mesmo tendo procurado a fonte, você não tiver certeza daquela informação, não compartilhe. É melhor esperar até ter certeza do que ajudar a propagar uma mentira cujo alcance pode ser enorme.
Fonte:Jornal Extra