Clientes denunciam estacionamento do Rio Tapajós Shopping
Longa espera para efetuar pagamento tem gerado insatisfação
Tornou-se senso comum em nossa sociedade, o entendimento que os serviços prestados pelo setor privado são eficientes, em detrimento à ineficiência figurada na esfera pública. Porém, os consumidores que vão ao Rio Tapajós Shopping têm constado, que o empreendimento comercial, está parecendo repartição pública.
Consumidores reclamam da longa demora; das filas intermináveis que enfrentam, para efetuar o pagamento do estacionamento. Insatisfeitos, os clientes denunciam que a direção do Rio Tapajós Shopping, supostamente está precarizando o atendimento, disponibilizando apenas um funcionário para o atendimento, visando lucro, uma vez que o pagamento do estacionamento é por tempo.
“Com tanta gente na fila, só tem um funcionário para atender. O atendimento automático dá problema, as máquinas simplesmente não funcionam. Isso tudo vai encarecer o pagamento, pois o cliente fica 15; 20 minutos na fila. É claro que teremos de pagar um valor mais caro pelo estacionamento. Já realizamos nossas compras, queremos ir para casa, e na hora de pagar é essa fila enorme”, expõe o consumidor Eliezer Duarte.
De tanta indignação, e para realizar um desabafo sobre a situação absurda, Duarte gravou um vídeo com celular, e divulgou nas redes sociais. Acompanhado da família, ele estava com uma criança de colo, sem direito a qualquer tipo de prioridade, conforme preconiza a legislação.
DIREITO DO CONSUMIDOR: Os momentos como os relatados por Eliezer são cada vez mais frequentes no Rio Tapajós Shopping. No âmbito da legislação do consumidor, está claro, que pela ineficiência do empreendimento, os consumidores são prejudicados. Apesar do valor irrisório, aqueles que se sentirem prejudicados devem acionar o Procon, conforme orienta a advogada especialista no direito do consumidor, Adriane Lima, da AFA Consultoria Jurídica:
“As pessoas que se sentirem lesadas com essa situação, apesar do valor irrisório da diferença na hora do pagamento, a grande questão é o tempo que você perde lá. O cliente que se sentir lesado tem sim que pedir o estorno desta diferença, constatado a ineficiência do Shopping, que inclusive pode estar se beneficiando. Se você tinha um compromisso posterior, você acaba sendo prejudicado, devido a essa demora inesperada de ficar em fila para pagar o estacionamento. A primeira atitude a se fazer, é registrar o horário que você entrou na fila, e quando você receber o comprovante, estará registrado o horário que foi pago, aí essa diferença, que será comprovada, formalizar uma denúncia junto ao Procon, e conscientizar outras pessoas para fazer o mesmo, pois quanto mais demandas no mesmo sentido tiver no Procon, mais o órgão entrará em contato com a direção do Shopping. Você pode pedir o estorno do valor da diferença que você pagou, uma vez que você estava dentro do empreendimento, esperando na fila. Você não estava mais querendo ficar no Shopping, você teve que ficar pela ineficiência do serviço no momento do pagamento do estacionamento. Então, isso levaria o empreendimento tomar uma atitude em relação a essa questão”, orienta Dra. Adriane.
ATENDIMENTO PRECÁRIO: As reclamações dos clientes recaem também sobre as máquinas de autoatendimento e as cancelas. Em relação aos terminais de autoatendimento, segundo eles, raramente funcionam, especificamente em horário de pico de atendimentos. Outra reclamação em relação ao sistema, é que o totem de check-in aceita pagamento apenas de duas bandeiras de cartões.
A verdadeira via-sacra enfrentada pelos consumidores que fazem compras ou vão a lazer no Rio Tapajós Shopping, para realizarem o pagamento do estacionamento, e assim poderem ir para suas residências, quem sabe para outros compromissos importantes, por vezes, ganha um capítulo à parte, quando a cancela na saída do estacionamento, simplesmente não funciona.
Ajudaria muito, que em cada saída do shopping tivesse guichê para o consumidor realizar o pagamento do estacionamento. Atualmente, das três saídas existentes, somente duas entradas contam com guichê.
Certamente as experiências negativas denunciadas pelos consumidores precisam de iniciativas por parte da direção do empreendimento, visando resolver as questões expostas acima; e assim novamente, possa-se no futuro evitar a analogia entre o Shopping – empresa privada -, com as burocráticas e lentas instituições públicas.
IDOSOS DESRESPEITADOS: Denúncias sobre dificuldades enfrentadas pelos consumidores que vão ao Rio Tapajós Shopping, quanto à utilização do estacionamento, configuram de forma frequente. Em 2016, O Impacto publicou matéria denunciando o desrespeito em relação ao estatuto do idoso. Na época, após contato com nossa equipe de reportagem, diversas pessoas denunciaram a situação de desorganização e falta de fiscalização por parte da administração do Rio Tapajós Shopping, na região do estacionamento do empreendimento.
De acordo com as denúncias, a Direção do Shopping deixava muito a desejar quanto à utilização do espaço. “Eles não fazem nenhum tipo de fiscalização, hoje, por exemplo, tinham veículos estacionados em vaga reservadas para pessoas idosas, sendo que os motoristas que utilizavam estas vagas não eram idosos”, informou um dos denunciantes.
Piorando a situação, aqueles que deveriam tratar bem os clientes, inclusive as pessoas da terceira idade, são os primeiros a darem o mal exemplo. O motorista sem educação da empresa Honda Tapajós Motos, não deu a mínima para a demarcação de vaga reservada para os idosos, e acabou ocupando a vaga destinada a motoristas da terceira idade. Tudo isso, parece, com aprovação da Administração do Shopping.
Para frequentar o empreendimento, os consumidores pagam uma taxa para utilizar o estacionamento do Shopping, que fica localizado a margem da Avenida Fernando Guilhon. “Se a gente paga esta taxa, eles no mínimo deveriam zelar pela segurança dos veículos, e não é isso que observamos. Meu carro já teve a pintura riscada aqui no estacionamento”, denuncia o outro consumidor.
Não é primeira vez que o estacionamento do Rio Tapajós Shopping é alvo de denúncias. Em outro momento, clientes proprietários de motocicletas denunciaram que ao deixarem seus capacetes nas motocicletas, após retornarem das compras, já não encontraram os seus capacetes.
ESTACIONAMENTO DO AEROPORTO: No último dia 22 de março, nossa reportagem publicou matéria sobre a cobrança de estacionamento no Aeroporto de Santarém, feita por uma empresa privada, fato que está deixando muita gente insatisfeita. Construída na década de 1980, a rodovia Fernando Guilhon, que liga a zona urbana de Santarém, no oeste do Pará, ao aeroporto maestro Wilson Fonseca, a vários bairros e a todos as praias do Município, continua gerando questionamentos da população local com relação a que órgão cabe fiscalizar a via. A estrada conta com 12 quilômetros de extensão, iniciando no viaduto Gerardo Monteiro, sobre a rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163) e terminando no aeroporto da cidade. Já o imbróglio envolvendo a fiscalização, de acordo com a população de Santarém, está gerando problemas e transtornos aos usuários do aeroporto.
Entre os problemas apontados pela população está a gestão do estacionamento do aeroporto. Desde que foi inaugurado no primeiro semestre de 2016, a cobrança de taxa de estacionamento gera reclamações de inúmeros usuários. Eles criticam que desde que a gestão do estacionamento passou para uma empresa terceirizada, os primeiros 15 minutos são grátis. Porém, quem passa mais de 20 minutos estacionado paga uma cobrança abusiva. A cobrança do estacionamento começou a valer desde o dia 26 de novembro de 2017, após adequações físicas na área. No local onde antes era permitido o estacionamento dos veículos foi construído um canteiro e implantadas placas informativas “proibido estacionar”.
Para complicar ainda mais a questão, os usuários denunciam que várias estacas de ferro foram fincadas no acostamento da rodovia Fernando Guilhon, próximo ao aeroporto, especialmente para dificultar que veículos estacionem no local. O objetivo das estacas, segundos os motoristas, é de que todos os veículos procurem o estacionamento privado, para com isso pagar a taxa cobrada pela empresa.
Por conta disso, os motoristas questionam se a fiscalização cabe à Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT), ao Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran/PA) ou à Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Nascemos e moramos em Santarém e não sabemos se a Fernando Guilhon é uma avenida, uma rodovia estadual ou uma rodovia federal. O que queremos é que o verdadeiro órgão responsável pela fiscalização se apresente para a população”, apontou o motorista Dorival Freitas.
De acordo com o Detran/PA, tanto a rodovia Everaldo Martins (PA-457), que liga o município de Santarém à Vila Balneária de Alter do Chão, e a rodovia Fernando Guilhon (PA-453), são estradas estaduais. Já a chefe de fiscalização de trânsito da SMT, Lyvia Saldanha, em recente entrevista à imprensa de Santarém, garantiu que a rodovia Fernando Guilhon é uma avenida do Município.
Por conta da estrada ter sido construída juntamente com o aeroporto de Santarém, cuja administração pertence à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a população questiona se não se trata de uma rodovia federal? E se caberia à PRF realizar as fiscalizações no local?
“Reivindicamos uma posição dos órgãos competentes. Queremos que seja definida essa questão da fiscalização e, que retirem as estacadas do acostamento da rodovia. O que não podemos é ficar sendo multados a todo momento pela SMT. A quem pertence fiscalizar a Fernando Guilhon?”, perguntou Dorival Freitas.
Em nota, a Infraero esclareceu que foi realizado um pregão eletrônico para a concessão de uso da área destinada à exploração comercial da atividade de estacionamento de veículos no aeroporto de Santarém. O contrato com a empresa tem a duração de 120 meses, ou dez anos, onde a concessionária realizou adequações como o aumento do número de vagas inclusive para pessoas com deficiência e idosos, além de sinalização, iluminação e monitoramento 24h, seguro, garagista e seguro contra danos morais. A concessionária informou em nota que tem cumprido com todas as obrigações e condições previstas no contrato firmado junto a Infraero e está em fase inicial de implantação dos serviços.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto