Inércia de Jatene pode gerar prejuízo bilionário ao Estado e agravar crise na segurança pública
Não é só a população que está mal informada sobre os reais números da Segurança Pública do Pará. O Governo do Estado segue dificultando a divulgação dos dados a ponto de precisar ser cobrado pelo próprio ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para que atualize o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisional e sobre Drogas (Sinesp) com os balanços de 2016 e 2017, sob pena de ter repasses federais suspensos, inclusive os do Fundo Penitenciário e de um montante extra que será autorizado por meio de Medida Provisória pelo presidente Michel Temer, e que pode chegar a R$ 4 bilhões.
O jornal Folha de S.Paulo teve acesso ao documento enviado a Simão Jatene e aos demais governadores brasileiros. “Na ausência do envio de dados por parte dos entes federados beneficiários, não é possível planejar e executar ações e programas por meio do repasse de recursos. Nesse contexto, o Ministério Extraordinário da Segurança Pública estará impossibilitado de continuar transferindo recursos aos Estados que não disponibilizarem informações ao Sinesp”, diz a carta.
INCOMPLETO
Segundo apuração do próprio veículo, o Pará só repassou 60% das informações totais, mesmo percentual repassado pelo estado de Goiás. O Acre segue campeão como a unidade que mais atualizou o sistema. O prazo se encerrou no dia 26 de fevereiro e foi prorrogado até 25 de maio.
Essa é mais uma ação de Jatene que compõe a prática de dificultar ou mesmo recusar ajuda do Governo Federal em momentos de extrema necessidade.
Recentemente, o próprio Jungmann ofereceu apoio da Força Nacional após saber das matanças desenfreadas de civis e policiais no Estado em 2018, mas recebeu um não como resposta.
CORTES
No início deste mês, o DIÁRIO apurou que uma informação divulgada pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça, revelou que o Pará está entre os 15 Estados que deixaram de usar R$ 187 milhões liberados pelo Governo Federal para construir e reformar presídios. O valor devolvido pelo Governo do Pará para os cofres da União deveria ter sido aplicado na construção de um módulo de saúde na Penitenciária de Marituba e em obras para a construção de salas de aula.
“Eu vejo isso como uma irresponsabilidade, um atentado contra a população. Não tem como não ter um Estado violento se o maior praticador de violência e apoiador da criminalidade é o próprio Estado”, dispara Tércio Nogueira, deputado estadual pelo PROS e soldado da Polícia Militar. “Quando você não combate, você apoia o bandido. O Governo tende a patrocinar, a influenciar, otimizar o crime organizado do Estado. É uma conivência”, critica.
Deputado da bancada do MDB, Francisco Melo, o Chicão, classifica o comportamento do Executivo Estadual como “arrogante”. “Jatene, como sempre, quer dizer que suas ideias são as melhores, e não aceita sugestões de novos segmentos, porque trabalha com mídia, publicidade. Aí, quando a ideia vem de outro ente, ele tende a não absorver”, observa. “Mas a incompetência está constatada na questão da segurança pública”, completa.
Fonte: Diário do Pará