MILTON CORRÊA Ed. 1200
56% DOS INADIMPLENTES NO CARTÃO DE CRÉDITO NÃO PAGARAM DÍVIDA MESMO APÓS SEREM NOTIFICADOS, REVELA ESTUDO DO SPC BRASIL E CNDL
Planos de saúde e internet são os tipos de dividas mais pagas após cobrança do credor; notificação mais comum é a carta simples, mas 33% preferem ser avisados por e-mail. Um levantamento feito em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que mais da metade (56%) dos consumidores inadimplentes no cartão de crédito não regularizaram suas dívidas mesmo após serem notificados pela empresa credora. Trata-se do segundo tipo mais citado de conta em que a cobrança formal não resultou em quitação da dívida, ficando atrás apenas das mensalidades escolares, cuja incidência de não pagamento é de 57%. Completam o ranking das dívidas que possuem o índice mais significativo de não pagamento mesmo após notificação o cheque especial (54%), os empréstimos (54%) e até mesmo o financiamento de carros ou motos (51%), que no geral, implica na tomada do bem em caso de não pagamento das parcelas. De acordo com a pesquisa, a eficiência das cobranças varia em função do segmento da conta em atraso. Compromissos com planos de saúde (77%) e contas de internet (75%) são os tipos de compromissos que tiveram os maiores índices de sucesso nas cobranças para pagamento da dívida. Outros destaques também são as contas de luz (67%) e TV por assinatura (66%). “A recessão econômica reduziu o poder de compra do consumidor impondo uma série de dificuldades para arcarem com seus compromissos. Nesse contexto, o mercado de cobrança exerce papel importante não apenas para recuperar o valor perdido pelas empresas, mas também devolver o acesso ao crédito às famílias. Quanto mais rapidamente o consumidor é procurado para resolver a situação, tão logo poderá se planejar para solucionar o problema. Por isso, o melhor caminho para regular uma pendência é se planejar, negociar, dialogar com o credor e procurar prazos e condições de pagamento realistas que caibam no orçamento mensal”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
CARTA SIMPLES É MEIO MAIS COMUM DE COBRANÇA, MAS INADIMPLENTES CONSIDERAM O E-MAIL A FERRAMENTA MAIS APROPRIADA
A pesquisa constatou ainda que a carta simples é o tipo de notificação mais adotada como forma de cobrança em caso de inadimplência. Na metade (50%) dos casos os consumidores entrevistados receberam em suas residências uma carta com informações sobre a pendência. Outra forma bastante usual é a ligação direta do cobrador, com 45% de citações. As mensagens por e-mail (29%), SMS (22%) e mensagens gravadas por telefone (11%) completam a lista de tipos de cobrança mais comuns no país. Protestos em cartórios foram utilizados em 9% das situações relatadas e em apenas 6% dos casos não houve cobrança por parte do credor. Mas quando questionados sobre a forma de cobrança em que se sentem mais confortáveis de receber, os inadimplentes escolheram majoritariamente o e-mail, com 33% de citações. Em segundo lugar aparece a carta simples (21%), seguida da ligação do próprio credor (13%). Apenas 1% dos inadimplentes disse que prefere ser notificado por cartório no caso de não pagamento das dívidas. “A pesquisa mostra que o consumidor que está devendo prefere a discrição do e-mail ou da carta simples, que são instrumentos que não expõem o devedor”, afirma a economista Marcela Kawauti.
MAIORIA DOS DEVEDORES DIZ TER RECEBIDO ABORDAGEM RESPEITOSA, AINDA ASSIM, 39% SE SENTIRAM CONSTRANGIDOS NO ATO
Apesar da situação delicada, a maior parte dos entrevistados ouvidos na pesquisa avalia o tratamento recebido da parte do cobrador como adequado. Em cada dez inadimplentes ouvidos no levantamento, três (27%) disseram que a abordagem foi respeitosa e 21% avaliaram o tratamento como cordial. Há, contudo, situações em que os consumidores relataram um comportamento inapropriado: 15% acharam a abordagem fria, 13% ameaçadora e 8% agressiva. Já os sentimentos mais comuns no ato da cobrança foram constrangimento (39%), chateação (28%), angústia (27%) e pressão (22%). Os principais argumentos utilizados pelo cobrador para convencer o inadimplente a pagar a dívida foi a possibilidade de incluir o CPF do cliente em serviços de proteção ao crédito, caso não honrassem o pagamento do compromisso (40%) e o risco de acionar a justiça para recuperar o valor perdido (16%). “O cobrador não deve se utilizar de métodos agressivos que exponham o cliente a uma situação constrangedora. Mas isso não o impede de realizar a cobrança de forma direta, objetiva e clara. Em qualquer relação de consumo, ambas as partes assumem responsabilidades que precisam ser cumpridas. Fugir ou se esconder do credor não fará com que o problema seja resolvido. Ignorar uma notificação de cobrança é a pior maneira de lidar com uma dívida porque os juros fazem a pendência aumentar, o que pode torna-la ainda mais difícil de ser paga”, avalia a economista Marcela Kawauti. Baixe a íntegra da pesquisa em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas
DEMANDA POR INVESTIMENTO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA ATINGE 40,6 PONTOS EM ABRIL, MOSTRA INDICADOR DO SPC BRASIL E CNDL
Em um ano, aumenta de 25% para 34% o percentual de micros e pequenos empresários com interesse em investir nos negócios. Indicador de Demanda por Crédito cresce nove pontos na escala em 12 meses. Aos poucos, a melhora gradual do cenário macroeconômico começa a se refletir no dia a dia dos empresários de menor porte. Dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que o Indicador de Demanda por Investimento da Micro e Pequena Empresa avançou 10,8 pontos em um ano, ao passar de 29,8 pontos em abril do ano passado para 40,6 em abril de 2018. A escala do índice varia de zero a 100, sendo que quanto maior o número, mais propenso está o empresário a realizar investimentos em seus negócios. Na avaliação dos especialistas do SPC Brasil, os dados da série histórica mostram que o humor do pequeno empresário tem mudado de patamar nos últimos meses, o que reforça a conjuntura de melhora gradual da economia. Entre meados de 2015 e final 2016, a média da propensão a investir estava em 25,8 pontos, passando para 29,7 pontos na média do ano passado. Nos quatro primeiros meses de 2018, a média é ainda superior e ficou em 41,0 pontos. Em termos percentuais, cresceu de 25% para 34% o volume de micro e pequenos empresários que demonstram interesse em realizar algum tipo de investimento em seus negócios nos próximos seis meses. Os que não pretendem realizar melhorias na empresa somam 49% de entrevistados, principalmente porque não veem necessidade (37%) ou porque acreditam que o país ainda não se recuperou da crise (32%). “A recessão pela qual o Brasil atravessou recentemente deixou os empresários cautelosos para investir. Com a lenta retomada econômica, a expectativa é de que a confiança seja restaurada, uma vez que com uma perspectiva melhor de vendas, o investimento torna-se ferramenta importante dentro das empresas”, analisa o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
68% DOS QUE VÃO INVESTIR NA EMPRESA USAM RECURSO PRÓPRIO BOLSO; AUMENTAR VENDAS É PRINCIPAL MOTIVO
De acordo com o levantamento, considerando a parcela de empresários que pretendem investir nos próximos 90 dias, os investimentos prioritários serão compra de maquinários e equipamentos (29%), reforma da empresa (27%), ampliação do estoque (20%) e investimentos em divulgação da empresa, por meio de mídia e propaganda (13%). Na avaliação desses entrevistados, a principal finalidade dos investimentos é impulsionar vendas, opção citada por 55%. Há ainda 22% de micro e pequenos empresários que investem para atender ao crescimento da demanda observado nos últimos meses. Para quem vai investir, o capital próprio aparece como o principal recurso. A maioria (68%) desses empresários usará o dinheiro do próprio bolso, seja na forma de aplicações ou investimentos (58%) ou a partir da venda de algum bem (10%). Há ainda 20% que mencionam o empréstimo em bancos e financeiras.
DEMANDA POR CRÉDITO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA AVANÇA OITO PONTOS EM UM ANO NA ESCALA DO INDICADOR, AINDA ASSIM INTENÇÃO SE MANTÉM BAIXA
Outro indicador também mensurado pelo SPC Brasil e pela CNDL é o de Demanda por Crédito da Micro e Pequena Empresa. Nesse caso, o comportamento tem sido mais modesto. Em abril do ano passado, o índice se encontrava em 12,4 pontos e passou para 20,4 pontos em abril de 2018. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100 pontos, maior o apetite para tomada de crédito nos próximos três meses e, quanto mais distante, menor o apetite. De acordo com o levantamento, apesar da melhora do indicador, em termos percentuais, somente 11% dos micro e pequenos empresários manifestaram a intenção de buscar crédito no horizonte de três meses, o que representa um crescimento de cinco pontos percentuais frente abril do ano passado. Por outro lado, 76% dos empresários consultados não possuem interesse em contratar qualquer linha de financiamento para seus negócios. Conseguir manter a empresa com recursos próprios é a principal razão apontada por aqueles que não pretendem buscar recursos de terceiros (53%). Além desses, 31% mencionam as altas taxas de juros e 20% dizem ainda estar inseguros com as condições econômicas do país. Há ainda 7% que contrataram crédito recentemente e, portanto, não veem necessidade de fazê-lo novamente agora. De modo geral, 29% dos micro e pequenos empresários consideram a contratação de crédito algo difícil, principalmente pelo excesso de burocracia e exigências que as instituições financeiras fazem (56%) ou por causa dos juros considerados elevados (47%). Os que consideram o processo fácil somam 30% da amostra e, citam, principalmente, o bom relacionamento com o banco (46%) como principal ju stificativa.