Robson Marques: “Governo do estado do Pará é inoperante”
Secretário geral do PCdoB no Pará analisa a atual situação do Estado
O secretário geral do PCdoB do Estado do Pará, advogado Robson Marques, esteve em nossa redação nesta semana, ocasião em que abordou diversos assuntos envolvendo nossa região dentro da atual conjuntura política. Sabemos que a região Oeste do Pará, também compartilha da grande crise que assola o nosso País nos diversos setores da economia, imagine um governo que de certa forma fecha os olhos para muitos de nossos problemas, principalmente nesse período em que vivemos as prévias das eleições.
Como membro do PCdoB no Pará, quais falhas você pode observar na atual conjuntura que podem ser revistas e trabalhadas sob outra visão? Perguntamos.
“O meu partido tem um projeto nacional. No Estado do Pará acompanhamos esse processo de adversidade nacional, nós temos o nosso próprio aqui, tanto em nível de Estado, quanto da região amazônica. Mas o que a gente tem enfrentado nesses últimos anos, desde o chamado “golpe” de 2016, chamamos assim pelo fato de se consolidar em um processo montado para tomada do poder, se caracteriza exatamente com o que estamos enfrentando hoje. Já estamos em junho, mas 2018 deve fechar o ano dentre os últimos 14 de menor investimento público, e um País como o nosso, sem investimentos, pode encontrar uma das piores recessões que já vimos. Essa crise do petróleo é a prova. Na verdade, a mudança da política de preço da Petrobras é que leva a esse aumento da gasolina, diesel e etanol; e a gente, em nível nacional, enfrenta essa situação. Vem junto a isso a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência. Aliás, é importante deixarmos claro que esse desconto que o diesel teve de 46 centavos afeta o Confins, que é a contribuição da seguridade social, saúde e previdência. Então, isso trará de volta para o cenário a Reforma da Previdência, que por sua vez afeta diretamente o trabalhador, que justamente é quem compra o combustível. Nacionalmente nós fazemos esse enfrentamento, aqui no Estado do Pará a gente está hoje diante de um governo inoperante, podemos acompanhar os índices de violência que estão aí na porta, demonstrando que o governo não dá conta de resolver os problemas da população; nossa saúde está um caos, ainda que tenham um marketing através de uma propaganda muito forte. A população que está no dia a dia buscando ser atendido na saúde, consegue entender. Na educação, nós tivemos em Marabá, Sul do Pará, uma escola que desabou que mostra os anos de abandono da educação. Dentre diversos, podemos também citar a malha viária, onde o trabalhador da agricultura encontra uma grande deficiência para escoar sua produção e por outro lado existe uma disputa colocada, inclusive a gente vem debatendo com bastante intensidade na região. Temos uma outra candidatura que representa exatamente o processo do golpe, que nacionalmente estão juntos, mas aqui se dividem, e o PCdoB vem tentando construir nesse processo a possibilidade de apresentar uma terceira alternativa para a população, que combine o processo nacional para voltarmos ao desenvolvimento, para que a população possa ter renda e trabalho, para que o País volte a crescer e que aqui a gente faça um enfrentamento dessa desigualdade social com um projeto que coloca o Estado do Pará em um projeto nacional. Não é possível que com toda riqueza que possui o Estado do Pará, nós ainda estamos penando com a pobreza. A população dessa região do Baixo Amazonas, aqui do Oeste do Pará, que é rica em minério como Porto Trombetas e Juruti, até hoje sofre com a pobreza, enquanto poucos estão tirando o que temos de riqueza na região. Até hoje as populações das ilhas de Tucuruí não possuem uma energia elétrica de qualidade, mesmo tendo uma hidrelétrica ali ao lado. Não deve ser diferente em Altamira com a Belo Monte. Então, precisamos colocar o Estado do Pará nesse elo, pois estamos construindo aqui uma alternativa de um campo progressista para se apresentar essa polaridade que estão tentando colocar nesse processo em 2018”, disse Robson Marques.
Neste ano de 2018 recebemos a visita da ex-governadora Ana Júlia Carepa, que na ocasião, falou um pouco sobre a preocupação extrema do PCdoB com a atual situação do nosso Estado. Entre os principais planos de desenvolvimento do Estado, qual você pode citar especialmente aqui para o Oeste do Pará? Questionamos.
“No final do ano passado, nós recebemos a filiação da nossa camarada Ana Júlia no PCdoB. Todos a conhecem, ex-governadora do Pará, ex-senadora da República, já foi Deputada Federal, Vereadora e vice-prefeita de Belém. Porém, mais do que isso, é alguém que desde a juventude, através do movimento estudantil onde foi liderança, milita na luta do povo trabalhador; também foi liderança de movimentos sindicalistas, movimento bancário. Hoje ela é nosso pré-candidata a Deputada Federal. A Ana mais de que ninguém conhece esse Estado; foi Governadora e Senadora, por isso conhece as mazelas e os desafios que virão. Essa é uma região que tem a riqueza de um povo e a riqueza do minério, nós precisamos reconhecer que trata-se de uma região distante do centro do poder, do governos do Estado, que fica na capital. Há uma necessidade extrema dessa aproximação do poder central à região Oeste, para que se possa se pensar num processo de desenvolvimento a partir da sua riqueza e produção local. Não é possível que a gente tenha uma região como essa, cortada por rios, com um processo de produção como a pesca, a própria produção da soja que temos no eixo Santarém-Cuiabá, que tem trazido de benefício, bem como a degradação ambiental, algo que nós sabemos que existe debate, mas quando isso é combinado com o desenvolvimento e não necessariamente só com o progresso da região. Então, essa região precisa entrar no que estamos chamando de projeto de desenvolvimento nacional que o PCdoB tem apresentado como a pré-candidatura à presidência com Manoela Dávila, companheira nossa, ex-Deputada Estadual do Rio Grande do Sul, ex-Deputada Federal. Aí o estado do Pará tem de entrar nesse processo de desenvolvimento e a região se envolver a partir do que ela tem de riquezas. São homens e mulheres trabalhadores que precisam aproveitar do que ela produz, é uma região que produz, mas manda para fora”, informou.
Hoje, temos um problema presente que é a ausência do governo em nossa região, algo que se reflete nas diversas obras paradas, inclusive até mesmo nessa época de eleição, onde o governo deveria demonstrar o poder que ele tem em mãos através da execução dessas obras. A grande verdade é que a população do Oeste do Pará se sente abandonada. Perguntamos se o PCdoB tem planos ou medidas que possibilitem a presença do governo do Estado também aqui em nossa região, Robson Marques foi enfático: “Primeiramente posso afirmar que esse abandono não é um privilégio da região Oeste do Pará. Eu moro em Belém e posso afirmar como toda certeza, o abandono do governo é extensivo a todo Estado. O PCdoB nos últimos seis anos vem se estabelecendo em um processo de crescimento, estamos em quase todos os municípios do Oeste do Pará e aí com a representação na Assembleia Legislativa através do deputado Lélio Costa. Estamos indo para eleição 2018, com o objetivo da eleição da Ana Júlia como Deputada Federal, bem como a manutenção da nossa cadeira na Assembleia Legislativa e a busca de mais uma segunda cadeira para aumentarmos a bancada. Devemos colocar a Ana Júlia no parlamento Federal para fazer o enfrentamento desse processo de retrocesso que a gente está combatendo, como a Reforma Trabalhista e da Previdência, congelamento de investimentos públicos como foi aprovado e ter uma bancada de Deputado Estadual que paute o Oeste do Pará como uma região que precisa entrar no desenvolvimento e diminuir a desigualdade social. Nós temos aqui em Santarém alguns camaradas que dirigem o partido, como o Jota Ninos, companheiro nosso, jornalista e nas outras regiões temos outros camaradas que têm dialogado muito com a gente, e aí trazendo os seus anseios e tudo que a região tem de carência para que possamos alimentar. Hoje temos o deputado Lélio, mas queremos construir uma bancada para que possamos pautar, a partir do parlamento, os interesse da região para dentro do Estado do Pará. Estamos visitando alguns municípios, conversando com as direções municipais do partido para que a gente construa aqui essa relação maior, do partido com o Estado todo, envolvendo de forma significativa a região Oeste do Pará, para que possamos pautar a importância dessa Região”, finalizou Robson Marques.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto