Escravos do século XXI

Artigo de Fábio Maia

“Libertei mil escravos. Podia ter libertado outros mil se ele soubessem que eram escravos”.

A frase de Harriet Tubman, uma abolicionista, humanitária, ícone de coragem e liberdade nos EUA, cabe perfeitamente em nossa realidade.

Apesar dessa forma de escravidão ter sido extinta no século XIX, novos tipos surgiram, e, a meu ver, desde que a constituição socialista de 88 foi implementada no Brasil, nós nos tornamos vítimas de uma nova modalidade de escravidão.

Basicamente, todos que produzem, geram riquezas e pagam impostos são escravizados, pela obrigatoriedade de entregar em média 50% de tudo que produzimos, para sustentar uma outra realidade, onde “estrelas” que orbitam no mundo estatal, possam gozar de seus privilégios e “direitos adquiridos”.

O próprio sistema político brasileiro, é um símbolo dessa nova escravidão, pois, não há, de fato, representação dos anseios da população, além de uma total descompatibilidade do que queremos e almejamos.

Na seara do mundo estatal, há alguns milhares de servidores – em especial o alto escalão do funcionalismo público – sendo privilegiados de maneira imoral e sistemática. Na esfera legislativa e executiva, no âmbito municipal, estadual e federal, vemos farra de combustíveis, licitações amigas, apadrinhamentos, obras super faturadas, inacabadas e tudo mais que se possa imaginar no que tange benefícios (lícitos ou não).

Lógico que temos servidores que cumprem seu papel, e são merecedores do fruto de seu trabalho. No entanto, para cada um desses bons servidores, temos centenas que se beneficiam de recursos, sem nada pra acrescentar ao erário público, e simplesmente exploram quem paga impostos.

E nessa atual conjuntura de contas públicas estouradas, Estados claramente falidos, que não tem condições de investimento básico, como em segurança, saúde e educação, nós vemos assessores que se aposentam aos cinquenta e poucos anos ganhando trinta mil por mês. Vemos esposas de parlamentares recebendo “salário esposa”. Vemos um sistema judiciário que é um verdadeiro oasis de marajás, que ganham 60, 80, 100 mil reais por mês, empilhando benefícios, distorcendo o que diz a constituição, que limita o salário de servidores ao salário de um ministro do supremo tribunal federal, tornando-se a justiça mais cara do mundo, consumindo quase 2% do PIB brasileiro, enquanto nos EUA o custo é de 0,3% do PIB.

Além da gigantesca distorção orçamentária, a diferença é que no EUA a justiça funciona, enquanto no Brasil ela mantém bandidos nas ruas, solta corruptos, e permite que um preso condenado em segunda instância, figure em pesquisas eleitorais, chegando ao cúmulo de quase ser solto, com o pretexto de fazer campanha.

É um sistema disfuncional, onde, inclusive grandes empresários que vivem de juros subsidiados, e do protecionismo de agências reguladoras, que regulam o mercado externo para proteger seus campeões nacionais da concorrência, mas não protegem o consumidor de preços abusivos e péssima qualidade nos serviço.

Ou seja, esse sistema é preparado para beneficiar quem está na órbita desse mundo estatal paralelo, e seus agregados, escravizando os pagadores de impostos. E o pior! Não há nenhum sinal de que pensem em mudar esse regime de escravidão.

Esses dias o congresso alterou a lei das estatais, para que políticos e seus indicados possam novamente ocupar cargos em empresas estatais – inclusive a Petrobrás. Como se não bastasse, derrubaram o veto do presidente que proibia o aumento salarial do funcionalismo público, e o veto que proibia a criação de novas vagas no funcionalismo federal. Ou seja, mesmo com as contas públicas com deficits “bilionários”, caminhando para quatro anos seguidos com um rombo que chega a 10% do PIB, nossos parlamentares continuam aprovando gastos, mostrando total irresponsabilidade e descompatibilidade com a realidade econômica do país, pois seguem cegamente uma constituição que permite o aumento sistemático dos gastos públicos acima do PIB, e tudo isso aliado a nenhuma vontade política de mudar essa realidade.

A manutenção desse modelo irresponsável, inevitavelmente levará a aumento de impostos, no intuito fracassado de bancar uma máquina pública que não funciona. Nós temos o sistema de saúde mais caro do mundo, o sistema de educação mais caro do mundo, a justiça mais cara do mundo, no entanto, não funciona!

E ainda justificam o aumento dos gastos públicos, com a tese dos “direitos adquiridos”. No entanto, educação, saúde e segurança também estão na constituição como direitos fundamentais de cada cidadão! Então por que o direito a aumento salarial sistemático do funcionalismo público está acima do direito básico da maioria da população?

O que os defensores do Estado não entendem, é que a manutenção de estatais, e o agigantamento do Estado, é uma forma de corrupção, pois quando não há estímulos para a busca de resultados, eficiência, redução de custos, ou ao menos “lucro”, você cria um “ambiente perfeito para pessoas imperfeitas”, como todo e qualquer ser humano inevitavelmente é!

Portanto, enquanto não entendermos o quanto escravos desse sistema nós somos, e pararmos de defender o carcereiro que nos aprisiona, continuaremos entre os “outros mil que não sabem que são escravos”…

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Escravos do século XXI

  • 22 de julho de 2018 em 16:39
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    Novamente um excelente artigo, apenas caro Fábio não há mais margem para aumento de impostos, matematicamente novos aumentos de impostos não levarão a mais arrecadação devido inibir aumento de produção. Nos últimos 5 anos quase 300 empresas multinacionais deixaram de investir ou saíram o País. A Economia brasileira está engessada pelas regularizações, um exemplo disso é um grande atacado de outra região se recusar a comprar produtos de uma indústria Paraense porque ela optante do simples não geraria crédito de icms. Outro mal exemplo é passar 3 anos pra tirar uma licença ambiental que poderia ser válida para pelo menos 5 anos e não com vencimento anual.

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