Agronegócio acrescentou sim a nossa economia! Qualquer palavra fora disso, é desinformação ou “oportunismo eleitoral”
A migração está em nossa realidade à muito tempo, perpassa pelos migrantes que ajudaram a desenvolver os ciclos econômicos da nossa região, como o ciclo da borracha, do ouro e da madeira, assim como agora com a agricultura familiar de grãos e demais atividades.
Na década de 70 o governo federal incentivou o povoamento às margens das recém abertas BR 163 e Transamazônica, doando as terras para migrantes que aceitavam o desafio de vir para a Amazônia e povoar essas áreas – em sua maioria sulistas e nordestinos – para que desenvolvessem a agricultura e pecuária, fomentassem a economia e ajudassem no desenvolvimento dos novos municípios, que, hoje, tem sua grande importância na estabilidade econômica do nosso estado.
Em nossa região, Mojui dos Campos iniciou sua existência com o protagonismo e a coragem de um nordestino, tornando-se uma cidade consolidada, que ganha solidez econômica graças a agricultura familiar de grãos, frutas e demais atividades.
Belterra teve a ajuda de imigrantes norte americanos no período da borracha, e, hoje, após o fim do período da borracha, e anos de dependência financeira – única e restrita – estatal, a agricultura de grãos surge como uma das bases de sua economia, contando também com a participação dos migrantes de outras cidades brasileiras.
Já, Santarém, tornou-se um berço da migração e imigração, tendo sido o destino final de várias origens de estados brasileiros e diversos países. Nossa história tem uma grande participação dos nordestinos, que vieram e fomentaram o comércio local. Sulistas e estrangeiros, que hoje fomentam o turismo com suas pousadas e restaurantes em balneários e praias, como em Alter do Chão, e, a partir do final da década de 90, com o incentivo do gestor municipal da época, que, baseado em estudos de viabilidade agrícola feita pela Embrapa, decidiu “acrescentar” também na economia santarena, os benefícios da agricultura de grãos, convidando agricultores de diversas regiões do país para desenvolver a atividade, trazer novas tecnologias e melhorar os processos.
No entanto, o agronegócio abrange os três setores da economia, sendo que o primário é envolvido por meio da produção rural, o secundário pelas agroindústrias e indústrias de insumos agrícolas, e o terciário pelo transporte e comercialização dos bens agropecuários. Constitui todos os processos e atividades sociais que estão relacionados com a agricultura e pecuária. Portanto, ao contrário do que dizem, o agronegócio não abrange somente as atividades no campo, mas também a agroindústria, a fabricação e venda de máquinas, insumos e equipamentos agrícolas, assim como o transporte.
Hoje, o setor rural produz soja, milho, milheto, sorgo, abacaxi, banana, laranja, acerola, maracujá, açaí, alface, carne bovina, frango, peixe, suínos, e exporta para outros estados a banana, abacaxi e a carne bovina. Os principais destinos aqui e nos outros estados são: Manaus, Macapá, Belém e São Paulo.
No setor de grãos, na safra 2017/2018 foram exportados no porto da Cargill 4 milhões de toneladas de grãos, média de 2 milhões de soja e 2 milhões de milho. Desse montante 95% originário do Mato Grosso e 5% da região metropolitana de Santarém.
Por ano a Cargill movimenta em média 50 milhões de dólares no porto de Santarém, emprega diretamente aproximadamente 400 funcionários, terceiriza outras centenas de empresas que, também empregam e auferem renda ao cofre municipal, mostrando que a riqueza que sai do campo, alcança vários setores da sociedade.
Hoje, dos 600 mil hectares antropizados que foram catalogados já na década de 90 pelo estudo da Embrapa, são utilizados apenas 65 mil hectares, e todos com o CAR, atendendo exigências ambientais, dentro dos parâmetros da Abiove e da Moratória da Soja para a Amazônia. Ou seja, ainda restam mais de 500 mil hectares para o desenvolvimento das atividades do agro, sem a necessidade de derrubar uma única árvore, portanto, essa falácia de que o agro destrói a floresta, é puro alarmismo de quem vive de captar recursos de Ongs internacionais.
Entretanto, fazendo referência ao título do artigo, posso afirmar quê, quem quer atribuir ao agronegócio consequências como o êxodo rural, desemprego, e invasões urbanas, está agindo com desonestidade intelectual, má fé, ou puro oportunismo político.
No entanto, para começar desmistificando a falácia “desemprego”, o Caged que faz a mensuração desses resultados, mostra que Santarém fechou o mês de agosto com saldo positivo de 179 empregos formais. A diferença representou um acréscimo de +0,57% no número de empregos em relação a julho. Foram 995 admissões e 816 desligamentos durante o período. Os setores que mais contribuíram para este resultado foram o de serviços e agropecuária que apresentaram saldo positivo no mês de agosto, ou seja, contrataram mais do que demitiram.
A cadeia do agronegócio é extensa, produz grãos, fruticultura, e está na pecuária e na piscicultura.
Seus grãos estão na ração que alimenta os frangos da empresa Aves Pará, que consome 600 toneladas/mês de soja, 2400 toneladas/mês de milho – tudo adquirido de produtores locais -, participando dessa engrenagem que ajuda a manter o emprego de centenas de funcionários. Está também na ração que alimenta os peixes da piscicultura, setor que vem ganhando força e que emprega outras centenas de trabalhadores.
A abrangência indireta do Agro, envolve desde postos de combustíveis, lojas de venda de sementes e insumos, loja de venda de máquinas e equipamentos, concessionária de veículos, venda de pneus, lojas de materiais de construção, oficinas mecânicas, lojas de peças, além de supermercados, farmácias, universidades, escolas, prestadores de serviços etc. Afinal, os trabalhadores do agro vivem e consomem bens e serviços aqui. A abrangência indireta do Agro é tão grande, que chega a ser quase imensurável. Eu me recuso a acreditar que ainda tem quem queira medir essa abrangência apenas pelos empregos no campo. É quase um atestado de incompetência administrativa!
Entretanto, tenho plena certeza que o turismo também é um grande vetor de desenvolvimento para nossa região, no entanto, estamos à décadas ouvindo isso, e nada acontece. Enquanto isso, o agronegócio está acontecendo “hoje”, desenvolvendo, gerando empregos e renda ao erário público (apesar de toda torcida contra). Com recursos privados, sem investimento público ou incentivo estatal.
Então eu pergunto: o que falta para desenvolver o turismo em nossa região? Investimento público, ou mais incentivo à iniciativa privada? Ver outros setores como empecilhos, ou trabalhar e incentivar a todos, gerando renda e, consequentemente, fortalecendo o turismo?
É uma visão míope, além de muito medíocre achar que para desenvolver um setor, outro precisa sair de cena. Quem diz que o agronegócio foi uma “opção errada”, como se os demais setores econômicos tivessem sido descartados, só mostra o quão restrita é sua visão de mercado, e que essas pessoas nunca poderiam estar em um cargo público de destaque, onde a visão e as tomadas de decisões devem ser para todos os setores, sem visões apaixonadas ou parcialidade. A visão retrógrada de quem prefere colocar a culpa no setor privado pelos erros e incompetência do setor público, inclusive no âmbito estadual – no qual alguns de nossos conterrâneos fazem parte – no que diz respeito a regularização fundiária, acompanhamento técnico rural, ou uma simples regularização de um distrito industrial, mostra a incoerência e a hipocrisia dessa turma.
Portanto, a população deve ficar atenta para não se deixar ludibriar pelo velho discurso do paraíso na terra, que, segundo eles, só não se realiza porque os “agricultores malvados” não deixam.
Esse tipo de discurso, sempre tem uma pitada de oportunismo em sua essência, e nessa seara de interesses pessoais, tem gente que já mira a próxima eleição…
Fonte: RG 15/O Impacto
Em minha opinião excelente texto, técnico e objetivo sobre estas realidades econômicas. Nossa região tão privilegiada quanto a localização, potencialmente favorecida pelas extensas terras agricultáveis e oportunidades no setor de turismo por suas belezas naturais raras de se encontrar, padece sem explorar e desenvolver estas potencialidades, por falta de investimentos e excesso de burocracia, licenças e lutas de ONGs contrárias ao desenvolvimento regional , resultando em aumento de desemprego, desinteresse em grandes investidores desenvolverem projetos indústriais aqui , desperdício de oportunidades, que deixam nossa região cada vez mais atrasada se comparada à outras regiões e cidades do proprio Estado que têm aproveitado oportunidades e não permitido que a burocracia e ONGs prejudiquem a entrada de projetos de desenvolvimento naqueles lugares.
Percebi também que o autor do texto bateu forte – mas sem citar diretamente – várias autoridades e atores públicos. Será que algum deles vai ter coragem de vestir a carapuça e fazer a contraposição às informações trazidas pelo articulista deste jornal.
Acertastes, é um articulista mesmo. Se em contraposição fossem reveladas metade das ações deste senhor. Aí sim teríamos uma discussão a altura.
Apenas fiquei surpreso com a informação sobre a quantidade de empregos diretos gerados pela Cargill (400). Pensei que fosse bem menos.