Queima de lixo ameaça saúde da população

Corpo de Bombeiros alerta para queimadas nos quintais das residências que não são fiscalizadas e podem causar grandes transtornos.

“Nós estamos em um período de verão. Fizemos uma comparação com o ano passado, dos incêndios e estamos bem abaixo. A questão das chuvas esporádicas que deram e foi um fator preponderante para que pudesse ocorrer essa diminuição. No entanto, nesse instante que a gente está de estiagem ainda mais rígida, nós demos uma levantada no número, mas com relação ao ano passado estamos 31% a menos. Estou falando dos incêndios florestais. No incêndio em vegetação na área urbana, hoje nós estamos com 209 ocorrências, sendo que 35% desses incêndios são em vegetação. No ano passado esse percentual foi de 60%”, Informou.

A gente sabe que muitas vezes, principalmente na área urbana, os próprios moradores da cidade muitas das vezes querem se desfazer de folhas de vegetação e acabam ateando fogo. Isso se propaga? Perguntamos.

“No primeiro momento que tivemos reunião com a Semma do Município, nós falamos disso, que a ação da fiscalização é muito relevante e precisamos ter essa fiscalização para responsabilizar essas pessoas. Às vezes o incêndio começa no lixo, ou seja, quando o cidadão vai lá queima o lixo numa área de mata seca e não fica fiscalizando, o incêndio se propaga, prejudicando outras pessoas, o meio ambiente, bem como as crianças e os idosos, que sofrem muito com isso. A fiscalização fica aquém dessa situação. Conversamos esse assunto com a secretária de Meio Ambiente e com outras pessoas antes do “Dia D” e dissemos que ia ser difícil, mas a gente precisa desse serviço de Inteligência e fiscalização, porque precisamos responsabilizar essas pessoas, senão, todo ano será a mesma coisa, ´enxugando gelo`”, alertou.

Muitas das vezes, tem aquele costume regional, que é você atear fogo no lixo no seu quintal, que provoca aquela fumaceira medonha, importunando a vizinhança. O que se deve fazer? Voltamos a perguntar.

“Infelizmente a gente tem essa cultura, inclusive tem algumas pessoas que possuem a cultura de fazer isso e achar que estão espantando os mosquitos. A fumaça não vai só para dentro da sua casa, vai para as casas dos vizinhos, às vezes provoca até problemas respiratórios nas crianças e idosos. Eu acredito, no primeiro momento, dependendo de quem é o seu vizinho, você conversar com ele. Se continuar fazendo isso, você deve fazer uma denúncia na Semma e o seu vizinho que está praticando esse crime vai ser penalizado conforme determina a Lei Ambiental. Em primeiro momento seria interessante conversar, mas se essa pessoa já tem essa mania de atear fogo quase todos os dias, aí precisa-se tomar uma providência maior e essa pessoa vai ter que responder judicialmente ou através de multa. A gente sabe que quando se mexe no bolso, é diferente, a pessoa começa a pensar melhor. Então, se ela for reincidente, pior, a multa aumenta. Eu não posso nem afirmar, mas pode ser até como crime e você tem reclusão”, disse Major Júnior Aquino.

OPERAÇÃO NAS PRAIAS

Outra questão que tocamos na tecla é com relação às praias, haja vista que nesta época de verão nossos rios oferecem essa diversidade de praias bonitas e os Bombeiros também têm uma responsabilidade muito grande, pois muitas das vezes o efetivo é pequeno para atender tantas demandas.

“Nós temos nossas operações que já são de praxe durante o ano, como a Operação Veraneio no mês de julho, das férias. Temos o Sairé, onde se precisa de um reforço grande, uma mobilização maior. O Corpo de Bombeiros fica nas praias, mais precisamente Maracanã, Ponta de Pedras, Pindobal e Alter do Chão, principalmente nesse segundo semestre, quando tem um aparecimento de praias maior. Infelizmente não podemos atender todas as praias, por isso que pedimos para as pessoas que têm residências nas praias que não são atendidas pelo Corpo de Bombeiros, que tenham cuidado com as crianças, com o consumo de álcool, não deixa as crianças sozinhas na água, que fiquem perto delas, se revezem, pois a criança não tem noção do perigo e pode acabar se afogando, para evitar uma fatalidade. A gente não quer ninguém passando por uma situação dessa, então, as pessoas que vão para as praias que não tem cobertura do Corpo de Bombeiros, que fiquem atentas, para evitar um acidente”, finalizou Major Junior Aquino.

ESPECIALISTA EM COMBATE A INCÊNDIOS

Também entrevistamos o Cabo Galúcio, que é especialista no combate a incêndio, principalmente em incêndio nas florestas. O militar falou das ferramentas que são usadas nesse serviço.

“Há muitas comunidades que chamam a gente, bem como muitas cidades que chamam, pensam que a gente vai chegar lá com caminhão grandão. Na verdade, não. São as ferramentas de combate a incêndio florestal, são ferramentas agrícolas, são ferramentas que podem ser substituídas por enxada, terçado, pá, picareta etc, que são utilizadas no combate a incêndio florestal. Algumas são mais específicas, já é uma questão de especialização. Tem uma empresa grande no Brasil e também fora do Brasil que vem se especializando em combate a incêndio florestal, que infelizmente no mundo todo é uma problemática. Então, temos ferramentas mais próprias para combate ao Incêndio florestal, que o Corpo de Bombeiros adquire e a gente utiliza no nosso serviço”, declarou Cabo Galúcio.

Fale mais sobre o que é utilizado nesse serviço.

“A mochila costal tem um reservatório para 20 litros de água. É o que a gente consegue levar de água para dentro da mata, onde o caminhão não chega. A gente anda vários quilômetros com esses 20 litros de água na costa. Tem o movimento de bombeamento e a gente faz o resfriamento lá no incêndio florestal. Nós temos abafadores, utilizamos o método de abafamento combatendo diretamente próximo ao fogo. Nós temos uma ferramenta americana que todo mundo acha o nome bonito, MacCloud, pensam que é uma coisa diferente, um trator, mas é simplesmente uma enxada e do outro lado é uma ancinho, por isso é uma ferramenta americana”, informou.

Era comum aqui na região se usar na cultura da mandioca e do milho, a derrubada da mata, depois colocar fogo para fazer a limpeza e fazer o plantio. Isso vem caindo, porque agora é mecanizado. Qual a orientação do Corpo de Bombeiros se por acaso alguém precise fazer esse tipo de serviço? Questionamos.

“Isso vem caindo. Os grandes produtores têm dinheiro para fazer esse trabalho com maquinários. Infelizmente, os pequenos produtores utilizam o que é mais barato, mais viável e mais rápido, que é tocar fogo. O correto seria ser autorizado pela Secretaria de Meio Ambiente. Já que o produtor vai ter uma área, sabe que vai queimar para fazer o plantio, ele tem de se programar, ir à Secretaria para pedir autorização. Se ele fizer esse tipo de queimada sem autorização, pode dar multa e, se não me engano, até cadeia para quem estiver fazendo essa queima. Hoje em dia nós temos a Lei de Crimes Ambientais, do novo Código Florestal, que está batendo muito em cima dessa questão, do uso do fogo na mata”, finalizou Cabo Galúcio.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto