Descarte irregular de medicamentos expõe santarenos ao perigo

Remédios com validade vencida podem ser entregues em farmácias

Professor e farmacêutico Wilson Sabino, da Ufopa, orienta a população

Diante dos riscos ao meio ambiente pelo descarte errado dos medicamentos, em 2017 o Conselho Regional Farmacêutico e o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa/Isco) realizaram um fórum para debater sobre esses impactos no município de Santarém, e com isso houve a criação do projeto de lei de descarte em parceria com o Ministério Público e a câmara de vereadores. Em maio de 2018 o prefeito Nélio Aguiar sancionou a lei que começou a entrar em vigor meses depois. De acordo com a nova legislação, as farmácias devem ter caixa coletora (descartômetro) para receber qualquer medicamento vencido ou em desuso. Os estabelecimentos darão o destino ambiental correto prevista pela Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Em 2015, só em Santarém, foram recolhidos 800 kg de medicamentos vencidos, pelo Conselho Regional de Farmácia, através do programa “Farmacêutico Pai D’égua”. Em 2016 foram recolhidos 600 kg, sendo que até o ano passado foram recolhidos duas toneladas e 100 kg de medicamentos. Esses números acenderam um alarme sobre o forte impacto desses medicamentos quando descartados de forma inadequada no meio ambiente.

RISCO DE CONTAMINAR RIO TAPAJÓS: O descarte inadequado de medicamentos vencidos ou sem uso é feito por grande parte da população, muitas pessoas descartam esses medicamentos no lixo ou no vaso sanitário, lembra o farmacêutico e professor Wilson Sabino, diretor do Instituto de Saúde Coletiva da UFOPA. Segundo ele, o principal risco em Santarém, é com o rio Tapajós e com a falta de um saneamento que filtre as substâncias dos medicamentos, sendo assim os descartes de forma inadequada podem afetar o meio ambiente, contaminando os peixes e modificando toda a sua forma de criação e desenvolvimento, gerando bactérias super-resistentes; quando jogados no lixo, podem ir para o lixão comum onde crianças e adultos podem ingerir de forma inadequada e ter intoxicações.

Com a aprovação em Santarém, o Conselho e a Ufopa/Isco estão atuando para sancionar a lei em outros municípios do Baixo Amazonas. Segundo o professor Wilson Sabino, ainda esse ano a lei será sancionada nos municípios de Juruti e Monte Alegre.

POPULAÇÃO DEVE TER CONSCIÊNCIA: A lei penaliza a pessoa que jogar medicamentos em lugares inadequados, mas segundo o farmacêutico, é importante que a população tenha consciência de não descartar em qualquer lugar. “É importante a população entender que jogando os medicamentos em qualquer lugar, afetará o meio ambiente em que ela própria vive. Descartar nos lugares adequados é simples e mais correto” afirma Wilson Sabino.

Qualquer medicamento que possua substâncias químicas pode contaminar o solo e a água. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações. Segundo a Unicamp, 33,62% dos casos de intoxicação ocorrem devido aos medicamentos. Cerca de 20% de todos os medicamentos que utilizamos são descartados de forma irregular.

Por: Elmaza Sadeck

Fonte: RG 15/O Impacto

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