Moradores do bairro do Mapiri denunciam abandono do poder público
Revoltados com a situação de abandono, moradores do bairro do Mapiri acusam o poder público de se omitir para resolver o problema de moradia de dezenas de famílias carentes. Desde o ano de 2012, quando perderam suas residências durante a enchente do rio Tapajós, os moradores contam que vive um drama, sem ter apoio por parte da administração pública.
A representante da Associação de Moradores do Bairro do Mapiri, Neli Moreira, revela que 52 duas famílias vivem em situação crítica, dependendo da tarifa do Aluguel Social no valor de 300 reais. Segundo ela, o valor bancado pela Prefeitura não dá para cobrir os custos da moradia e, que por isso os residentes se viram como podem para não irem morar nas ruas de Santarém, sendo o restante custeado pelas próprias famílias, onde o valor total do aluguel chega a 500 reais.
“Já estamos com sete anos morando de aluguel e já estamos cansados disso. Algumas dessas residências alugadas para essas famílias, os proprietários já estão pedindo de volta. A casa onde meu pai morava, a proprietária alugou para outra pessoa, com ele ainda dentro, porque ela não queria mais que a gente ficasse lá”, afirma Neli.
Ela diz que tem medo de sair de casa e, neste intervalo, ser despejada e, que além do aluguel, existem outras despesas bancadas pelos próprios moradores. “Eu, por exemplo, tenho medo de sair de casa e quando voltar ver os meus bens todos jogados na rua, porque isso está acontecendo com algumas famílias. Além do aluguel, ainda temos de bancar os custos de remédios, alimentação, vestuário e conta de água e de luz”, aponta a comunitária.
De acordo com ela, existe um terreno às margens do Lago do Mapiri, onde as famílias poderiam ser contempladas com um lote para construírem suas casas. Porém, falta o aval da Prefeitura de Santarém.
“Queremos uma resposta da Prefeitura sobre quando esse problema vai ser resolvido. Estamos precisando pelo menos dos nossos lotes. Se a Prefeitura devolver os nossos lotes, até porque o terreno está abandonado, nós vamos dar um jeito de levantar nossas residências. O que sabemos é que projeto para a construção de casas populares nesse local, não existe. Se a Prefeitura dividir os lotes, nós vamos dar um jeito de construir nossas casas através de mutirão e de doação de material de construção. Nós não queremos sair do Mapiri para outro lugar”, assegura Neli.
AFLIÇÃO E ANGÚSTIA: Em lágrimas, a aposentada Olgarina Ferreira de Almeida, de 72 anos, conta que não tem mais condições de pagar o aluguel da casa onde mora no Mapiri e, que precisa urgente de apoio da Prefeitura de Santarém.
“No ano de 2012 me enganaram. Tiraram a minha casa de mim. Era humilde, mas era minha. Disseram que num prazo de seis meses, eles iriam devolver nossas casas. Faz sete anos que vivo de aluguel, e até hoje nada foi resolvido. Sou viúva e tenho muitos problemas financeiros e de saúde, inclusive, eu não estou mais enxergando direito. Vivo nesse sofrimento e nessa angústia”, revela Olgarina.
Ela reafirma que chora todos os dias por falta de sua casa. “Vivo no canto dos outros, dividindo espaço com ratos e outras imundícies que têm nesses locais. Onde já se viu a gente viver com uma ajuda de aluguel de 300 reais? Tenho que usar quase toda a minha aposentadoria pra completar o valor do aluguel e ainda ter que pagar água e luz. O que sobra pra eu comer? Além disso, tenho que comprar meus remédios, o mais barato deles é 200 reais nas farmácias, porque não tem nos postos de saúde, tudo isso porque o governo não banca esse tipo de tratamento”, reclama Olgarina, reivindicando que precisa da ajuda da Prefeitura de Santarém para ter de volta a própria casa.
“Peço pelo amor de Deus que a Prefeitura providencie as nossas casas, para que a gente possa sair desse sofrimento!”, exclamou.
AGONIA E SOFRIMENTO: O aposentado Sebastião Moreira também reclama das precárias condições de moradia, após ter sido retirado de sua casa, no ano de 2012. Ele diz que mora dividindo espaço com ratos e baratas. “Acontece que fizeram uma promessa de político, daquelas que fazem e não cumprem com o seu dever. Eu moro com roedores e ainda tenho que suportar o odor de uma fossa aqui perto de casa. Queremos as nossas casas de volta. Isso é tudo o que queremos!”, desabafou Sebastião.
Cadê a posição da prefeitura no texto? A matéria não está capenga ouvindo só um lado?