Cemitério Maldito | Opinião sem spoilers
CEMITÉRIO MALDITO
(Pet Sematary)
Por Allan Patrick
Nos últimos anos o autor Stephen King retornou com força total para a indústria hollywoodiana, logo após o sucesso estrondoso de “It – A Coisa”, que se tornou a maior bilheteria da história para um filme de terror arrecadando US$ 700 milhões mundialmente. Suas obras literárias sempre trouxeram histórias impactantes, densas, complexas e extremamente difíceis de adaptar, mas quando a transição é bem sucedida, temos filmes fabulosos como por exemplo“O Iluminado”,“Conta Comigo” e“À Espera de um Milagre”, entre outros títulos.
“Cemitério Maldito”é considerado um dos livros mais assustadores de King,e já havia sido adaptado aos cinemas em 1989 pela diretora Mary Lambert, em um filme de baixo orçamento que se tornou um cult no imaginário dos fãs, que inclusive traz uma das cenas mais chocantes do cinema, diversas pessoas têm pesadelos até hoje com a cena do bebê sendo atropelado pelo caminhão. Cruzes!
Com novos recursos tecnológicos, aproveitando o retorno triunfal de King ao gênero terror, a Paramount Pictures deu sinal verde para uma nova adaptação de seus livros, que traz uma história bem diferente do filme original dos anos 80 e não segue à risca alguns eventos do livro, entregando um final inovador, perturbador e cheio de surpresas que vão dividir opiniões do público. Porém, não podemos negar o quão audacioso é o roteiro de Jeff Buhler e David Kajganich em alterar a história para entregar um desfecho ainda mais horripilante do que aquele imaginado pela mente doentia de seu autor.
Na trama, temos a história do Dr. Louis Creed (Jason Clarke), que, depois de mudar com sua esposa Rachel (Amy Seimetz) e seus dois filhos pequenos de Boston para a área rural do Maine, descobre um misterioso cemitério escondido dentro do bosque próximo à nova casa da família. Quando uma tragédia acontece, Louis pede ajuda ao seu estranho vizinho JudCrandall (John Lithgow), dando início a uma reação em cadeia perigosa que liberta um mal imprevisível com consequências horripilantes.
Os visionários diretores Dennis Widmyer e Kevin Kolsch conseguem criar uma atmosfera completamente sufocante com o auxílio de uma fotografia que vai mudando de tom de acordo com que o filme vai crescendo, deixando as cenas no Cemitério com um visual obscuro e profundamente assustador. É incrível como os diretores conseguem criar uma tensão ao longo do filme sem apelar para os famosos clichês, e entregar um final que consegue assustar sem as reviravoltas que tanto se repetem no gênero.
O elenco está impecável, a garotinha Jeté Laurence entrega uma atuação primorosa como a garotinha endemoniada Ellie Creed. Jason Clarke está muito confortável em seu papel e de fato nos faz entrar no luto junto com ele de uma forma profunda que chegamos a sentir a triste situação, mas quem de fato rouba a cena é Amy Seimetz, a mãe da família, ela está ótima, sem contar na presença do veterano John Lithgow como um vizinho pra lá de suspeito e completamente convincente em seu papel.
Enfim, “Cemitério Maldito” é um filme de terror brutal e assustador, que não perde tempo sendo rápido e eficiente, com um roteiro redondinho que não traz excessos ou aquela famosa enrolação. Mais uma ótima adaptação de Stephen King, que toma liberdades criativas e entrega um material tão bom quanto o original, além de presentear os fãs com algumas deliciosas e assustadoras surpresas. Eu gostei, mas acredito que muitos discordaram de mim. Minha nota 7,5!