Artigo – O plano contra a Pátria

Por Oswaldo Bezerra

O orçamento militar brasileiro, em termos de porcentagem do PIB, foi irrisório em comparação aos outros países latino-americanos, até 1934. Em 1954, o orçamento cresceu até 4% do PIB, algo em torno de 470 milhões de dólares na época. Desde ai seu valor ficou em torno de 350 milhões de dólares até o início dos anos 60, quando caiu para quinto lugar no ranking latino americano de orçamento em relação ao PIB.

Durante toda a ditadura militar, a queda do orçamento militar em termos de porcentagem do PIB foi enorme, chegou a apenas 1,1%, foi assim até os anos 80 (algo em torno de 2 bilhões de dólares). Até o início dos anos 2000, o orçamento se estabilizou em torno de 8 bilhões. O grande salto no orçamento militar brasileiro se deu a partrir de 2003, nos governos do PT, onde o orçamento militar cresceu, continuamente, até 34 bilhões de dólares. Em 2012, o Brasil já possuía um orçamento 3 vezes maior que a Colômbia, o segundo país da América latina em gastos militar.

Esta realidade começou a se reverter após o golpe de 2016. Hoje, já no primeiro ano do governo do PSL (Bolsonaro) o orçamento militar que terá quase 80% do orçamento com gasto de pessoal, sofreu cortes (ou como preferem, contingenciamento) enormes e os orçamentos de defesa entraram em colapso.

Mangabeira Unger, em artigo publicado em setembro na Folha de São Paulo, garante que o orçamento da Defesa, em proporção ao PIB, caiu para níveis muito pequenos, semelhante ao da Argentina (1,3%) e muito menor que de países do BRICS, como a Índia, por exemplo, que atinge 2,4%. Mangabeira é professor de Harvard e foi o formulador da Estratégia Nacional de Defesa (END) em 2008. Foi Ministro de Assuntos Estratégicos de 2007 a 2009 e em 2015, por isso a importância de sua opinião no assunto estratégico.

O professor de Harvard  sustentou que, no atual governo, a presença de militares é ainda maior do que sob a ditadura militar (1964-1985). Para Mangabeira o END defende a criação de um complexo de defesa industrial capaz de impulsionar a economia por sua “vanguarda tecnológica”.

O quartel já manifestou “decepção e desânimo”, segundo artigo do O Globo. Até 2020, o orçamento da Defesa registrará uma queda de 35% em relação a 2019, que já era baixa, cortes em projetos estratégicos de mais de 30%. Os projetos afetados incluem as três armas.

O Exército encomendou 1.580 unidades do carros blindado guarani, das quais 300 já foram entregues pela empresa Iveco. O projeto iniciado em 2012 com final em 2031, agora prevê-se que o último carro blindado seja entregue só em 2040. Nessa data quase será obsoleto.

A Marinha teve corte de orçamento em 18%, o que atrasa o cronograma de entregas de submarinos, quatro convencionais e um nuclear. O projeto começou em 2008, com a assinatura de um acordo com a França que prevê a transferência de tecnologia, questão que incomodou especialmente os EUA.

A Força Aérea planeja construir 36 caças Gripen com a Saab sueca, com transferência de tecnologia e fabricação de uma parte do lote no Brasil, pela Embraer. Embora a primeira unidade já tenha sido entregue, o corte de 52% no orçamento agrava a defesa aérea do país. O cargueiro militar KC-390 terá destinado apenas 548 milhões, pouco mais da metade do valor inicialmente previsto. Pela metade caiu também o orçamento para o programa submarino (PROSUB). O sistema de monitoramento de fronteiras (SISFRON), para a defesa da Amazônia e controle de incêndios, teve o mesmo destino de quase 50% de corte.

Parece que, quando o governo americano toma as rédeas do Brasil, a primeira vítima é o nosso orçamento militar. Os gringos não gostam de ter uma nação bem equipada, militarmente, em seu quintal. O Brasil não apenas não tem defesa, mas também não possui uma estratégia sólida como a que tinha sob os governos de Lula (2003-2010), durante o regime militar e, acima de tudo, sob os governos de Getúlio Vargas que modernizaram o país (1934-1945 e 1951-1954).

Mangabeira  acusa o presidente Jair Bolsonaro de “deixar o Brasil indefeso, ao mesmo tempo em que se submete aos EUA e renuncia a qualquer estratégia de desenvolvimento nacional que, não se resuma aos mercados financeiros agradáveis”. “O Brasil está afundando em estagnação e mediocridade”, definiu. Mangabeira terminou seu artigo com um apelo: “Levante o povo brasileiro a se opor a esse plano contra a pátria”.

RG 15 / O Impacto

 

2 comentários em “Artigo – O plano contra a Pátria

  • 3 de outubro de 2019 em 19:14
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    Comentários do comunista Mangabeira não merecem crédito, pois também é maluco ! As Forças Armadas brasileiras nunca colocaram qq governo contra a parede por causa de verba, muito pelo contrário, pois sempre foram as primeiras instituições a terem suas verbas contingenciadas, sempre cientes da problemática econômica.Mas isso nunca implicou em esmorecer, deixar a “peteca cair”, ou baixar o nível de profissionalismo. Quanto aos USA terem “”as rédeas do Brasil””, é uma desgastada e manjada dor de cotovelo dos comunistas, pois sabem que tê-los como aliados traz os ares e a certeza da democracia, servindo de antídoto contra a encardida pregação do fracassado marxismo em nossas escolas e por parcela da mídia, que teimam em negar o inferno em que a Venezuela foi transformada, justamente por conivência de suas forças armadas com o embusteiro e enganador Hugo Chaves. Submissos ao regime comunista de Cuba, de onde importou guerrilheiros para a ajudar submeter e calar o povo, os venezuelanos não podem mais sonhar com a aragem da democracia e da liberdade !

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  • 2 de outubro de 2019 em 22:01
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    Cortou porque não tem dinheiro, simples assim. A Divida deixada pelo PT foi mais de 1.6 trilhões, passaremos 20 anos pra recuperar a roubalheira e desmando da era Lula/Dilma.

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