Artigo – Não é só dinheiro que perdemos na entrega do pré-sal

A principal descoberta de petróleo, em águas profundas do mundo, está na mira da Exxon Mobil Corporation. Quando o Brasil colocar o gigante campo de Búzios em leilão, a titã do petróleo do Texas, que já tem um grande portfólio de blocos offshore no Brasil, deverá partir para aquisição, segundo Stephen Greenlee, presidente de exploração da Exxon.

Greenle também afirmou que a empresa precisa pesar Búzios contra outras oportunidades, como xisto nos EUA. Análises de break even point BEP (ponto onde o preço do barril de petróleo deixa a operação rentável) mostra uma vantagem muito grande para o pré-sal com um BEP de 30 dólares, contra 60 dólares do óleo de xisto.

A venda planejada pelo Brasil de licenças de exploração e produção de petróleo, conhecida como Transferência de Direitos, é a maior oferta de reservas de petróleo descobertas desde a abertura do Iraque em 2009, segundo Wood Mackenzie. Ou seja, o Brasil está fazendo hoje o mesmo que um pais bombardeado, invadido, e com suas reservas de petróleo subtraídas por empresas internacionais. Na época, os EUA lotearam o Iraque. Hoje, o Brasil é o único país do mundo, não invadido e com suas reservas não saqueadas, a lotear campos de petróleo com reserva descoberta e medida.

A Exxon não é a única importante petroleira a expressar preocupação com o custo. Total SA, Repsol SA e BP Plc disseram que não planejam participar. Se os concorrentes prometerem mais do que os prazos mínimos, o retorno do investimento poderá ser reduzido, disse Wood Mackenzie. A empresa de pesquisa estima que a produção das quatro áreas a serem vendidas possa chegar a 1,4 milhão de barris por dia até 2030.

Trabalhei em um poço na bacia de campos (campo de Roncador) cuja produção era de impresionantes 20 mil barris por dia. Era quase o total de produção do estado da Bahia, por exemplo, estado líder na produção de petróleo de terra, com seus milhares de poços. Hoje existem poços em campos do pré-sal que produzem 70 mil barris por dia. Isso dá um lucro bruto de 18 milhões de reais por dia. Nada mal para um poço que custa 10 milhões de dólares.

A cautela dos executivos estrangeiros de petróleo contrasta com a Petrobras, cujo diretor executivo Castello Branco disse que tentaria adquirir Búzios. Greenlee descreveu Búzios como a maior e mais prolífica descoberta em águas profundas de todos os tempos. Ele destaca também que o Brasil é o país com um histórico comprovado de respeito a contratos, e que seria um grande negócio para qualquer empresa.

Estima-se que as reservas poderiam conter 15 bilhões de barris de petróleo, quase o dobro das reservas da Noruega. Os vencedores deverão pagar US$ 25 bilhões em taxas de licenciamento e compartilhar uma parte de sua produção com o governo. Além disso, eles precisarão negociar pagamentos à Petrobras, um ressarcimento pelos investimentos realizados, que poderia chegar a US$ 25 bilhões. Greenlee reclama que apesar de ser uma ótima oportunidade, mas muito cara, porque você precisa pagar o bônus e o pagamento da compensação à Petrobras. Esses discursos tentam baixar os preços dos campos. Na verdade, é uma barbada, mas eles querem de graça.

A Exxon está aumentando investimentos de forma mais agressiva do que seus concorrentes, já se comprometeu a investir mais de US$ 30 bilhões por ano em vasta gama de projetos, desde petróleo offshore na Guiana a petroquímicos em Cingapura. Porém suas ações caíram quase 25% desde 2017. Tentando dar a volta por cima, adquiriu 30 blocos de exploração no pré-sal e em outras regiões offshore do Brasil, que custam à Exxon, e seus parceiros, cerca de US$ 4 bilhões, no mundo do petróleo é uma pechincha.

A Exxon planeja começar a perfurar no pré-sal este ano. Eles sabem que além de um brek even point 50% menor que o óleo de xisto nos EUA, os poços do pré sal tem uma vida útil 10 vezes maior que os poluidores ambientais poços de petróleo de xisto.

A Petrobrás já chegou a comprar 95% no mercado nacional, gerando a criação de 1.600 empresas fornecedoras de equipamentos e 3.400 subfornecedoras. O decreto 3161/98 de FHC isentou empresas estrangeiras de imposto de importação, mas não isentou as nacionais, matou assim 5.000 empresas nacionais. Agora, o mercado nacional, a duras penas, estava se reestruturando mas as coisas mudaram.

O jornalista Glenn Greenwald disse que Temer, logo que assumiu, foi aos EUA negociar com a cúpula do governo americano a entrega do patrimônio nacional. Na volta, ele nomeou Parente para a Petrobrás e fez vários decretos contra a Petrobras e o País: permitiu a venda de ativos sem licitação, e a MP 795 (apelidada de MP da Shell) que dá uma isenção de R$ 1 trilhão de impostos em 20 anos, a cessão pela Petrobrás de campos já descobertos e em produção e nomeou conselheiros oriundos das concorrentes.

Paulo Guedes, quem é que manda no governo realmente, é um neoliberal e privatista. A esperança é que o Ministro das Minas e Energia, que é um homem que trabalhava com tecnologia nacional, sabe que não é só dinheiro que estamos perdendo com a entrega do pré-sal. Perdemos desenvolvimento tecnológico, perdemos desenvolvimento nacional, e perdemos empregos, a esperança é que o ministro paralise a posição antinacionalista.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – Não é só dinheiro que perdemos na entrega do pré-sal

  • 2 de novembro de 2019 em 08:57
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    Realmente os comunistas entendem muito de petróleo, basta ver que quase conseguiram falir a Petrobras, não obstante a empresa monopolizar a extração e refino no Brasil. Entendem mesmo é de explorar, muito profundamente, os cofres públicos até a sua exaustão ! Quem entregou seu petróleo foi a comunista Venezuela, que fechou um contrato de fornecimento com a China, a qual é que determinou o preço( ! ), num contrato leonino por 20 anos !!! Depois de falirem o Brasil, roubarem as estatais e os cofres públicos, além de doarem bilhões de dólares a países de ideologia marxista, ainda tem comunista dando pitaco de como administrar o Brasil, que cara de pau !!!

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