Artigo – Com tanta riqueza por aí, cadê sua fração?
Por Oswaldo Bezerra
O Brasil se tornou o paraíso econômico do mundo em 2019. Os bancos tiveram um aumento de seus lucros em 15%. A meia dúzia de banqueiros, da Avenida Paulista, engordaram suas contas em quase 60 bilhões de reais. O Brasil ganhou 16 novos bilionários (são 58 no total). Para estas pessoas, o Brasil corre bem. A imprensa, que apoia as corporações, comemora este feito do novo Brasil, agora sob o comandando neoliberal.
A reforma da previdência vai ajudar ainda mais os bancos a engordarem as contas da meia dúzia de banqueiros. Mesmo que os pobres sejam a nova fonte de riquezas, a imprensa corporativa comemora. Para melhorar o cenário, o megapacote do ministro banqueiro Paulo Guedes, apesar de alguns pontos corrigirem atrocidades, como aumento de servidores sem previsão de caixa. Como, por exemplo, o aumento aos juízes dados por Temer, mesmo com queda na arrecadação. Ou, como o auxílio moradia pela liminar do ministro Fux dado a todos os juízes.
Também, estes pacotes miram pessoas isentas de impostos. Neste grupo de isentos estão pessoas com doenças graves como câncer, taxistas, autistas, deficientes físicos, deficientes visuais, entre outros. Pela PEC do pacto federativo, estas pessoas podem ter que pagar os impostos federais. Há uma ordem de congelamento de concursos públicos, gasto com saúde e educação, promoção de servidores e criação de verbas indenizatórias.
Das mais controversas medidas está a da possibilidade de Servidores Públicos perderem parte do salário. Outra medida controversa é a extinção de municípios com menos de 5 mil habitantes. Os municípios são os maiores empregadores do Brasil, com 6,3 milhões de funcionários. Quase a metade poderia ficar desempregada.
Para aonde vai o dinheiro com esta economia do governo? A PEC dos fundos públicos prevê o uso destas verbas para pagamento dos juros da dívida. Ou seja, vai lá para aqueles banqueiros que não param engordar suas contas. A preocupação do governo em facilitar o enriquecimento de banqueiros, e aumentar os lucros das corporações faz esquecer algo importante, a população.
Nenhuma PEC está sendo feita para melhorar nossa distribuição de renda ou, pelo menos, para diminuir a concentração de renda. A extrema pobreza engorda no Brasil, dia após dia. São pessoas que ganham até 145 reais por dia. O número de pessoas nestas condições, no Brasil, já soma 13,5 milhões de pessoas. A Maioria é da região norte e nordeste. Desde o início das sabotagens do governo, ao golpe de estado em 2016, o número de pessoas na extrema pobreza cresce a um ritmo de 1 milhão de pessoas por ano.
É uma população maior que países como Bélgica, Portugal e Suécia. Caso essas pessoas se revoltassem e criassem um exército, se tornaria um exército maior que os exércitos da Rússia, EUA, China, Índia, França, somados (os 5 maiores exércitos do mundo). Seria um exército capaz de tomar toda a América do Sul em poucos dias. A pouca consciência de classe e a mídia corporativa, que os manipulam, amortecem esta imensa força, capaz de fazer tremer a estrutura do governo e promover a distribuição de renda, nem que fosse à marra.
O IBGE sugere investimento de 1 bilhão de reais para mudar a realidade dessas pessoas. Ao invés disso, o banqueiro e ministro Paulo Guedes prometeu liberação de emenda parlamentar no valor de 7 bilhões de reais. Essa generosidade nada mais é que a moeda de troca para a aprovação do superpacote. Pacote este que vai cair, como sempre, na cabeça dos mais pobres.
Enquanto isso, o exército de miseráveis fica aguardando, de joelhos, a ajuda de Deus. A má distribuição que cresce continuamente teima em perguntar: com tanta riqueza por aí, onde é que está, cadê sua fração? Pergunta essa que ecoa desde os anos 80, quando o grupo “Plebe Rude” cantava estes versos, cuja beleza da música mostram que nada mudou, na verdade piorou. Ainda não aprendemos que a felicidade só é completa quando compartilhada.
RG 15 / O Impacto